Somos Anjos e Mestres!
Todos nós sabemos alguma coisa que alguém, em algum lugar, precisa aprender e, por vezes, nós mesmos recordarmos.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

"Maturidade E Imaturidade... Rejeição"!!!

Qual é a diferença emocional entre estas duas "personalidades"?
A maior diferença entre uma pessoa verdadeiramente madura e outra imatura é o nível de orgulho de cada uma, entendendo-se aqui o "orgulho" como um defeito de caráter.
A pessoa madura não tem medo de se magoar, pois o seu ego já está exposto e não tem vergonha de mostrar quem é e do que é (e não é) capaz, não tem receios de que os outros vejam as suas limitações e dificuldades.
A pessoa imatura falha justamente ao tentar esconder os seus defeitos do mundo, tentando passar uma imagem de perfeição.
A pessoa rejeitada ainda não entendeu que o outro tem a liberdade de fazer suas próprias escolhas, e que estas escolhas são o oposto do que a pessoa que se sente rejeitada acha que o outro deveria ter em relação a ela.
A pessoa espera demais do outro...  Em outras palavras, o rejeitado assume que o outro está discordando dele porque acha que o outro deveria cumprir um papel em relação a ele. Não entende que é somente um opinião diferente. E toma isso como profundamente pessoal.
Como podemos superar esse medo da rejeição e amadurecermos mais rápido?
Existe uma técnica que podemos chamar de "escudo ou casca grossa"...
O segredo é expor-se em situações em que a rejeição é quase certa, sem se importar com isso. O truque é passar pela rejeição mesmo, diversas vezes!
Quanto mais rejeição "colecionar", menos se importará com seu próprio orgulho e mais aprenderá que o medo é maior do que a rejeição em si.

Cristina Longhi

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

"Convivência Entre Pais E Filhos"!!!


A convivência entre pais e filhos implica em uma série de questionamentos quando pensamos nos problemas a serem enfrentados na hora de educar, impor limites e ao mesmo tempo, transformar tudo isso em uma relação de confiança e cumplicidade com os pequenos.
A maioria dos conflitos tem origem na dificuldade de comunicação dentro de casa, muitas vezes, os filhos acham apenas que os pais querem proibir, enquanto que os pais acham que os filhos só querem permissão.
Na tentativa de demonstrar aos pais suas vontades, as crianças apresentam-se desatentas, inquietas e, muitas vezes, elas reagem à atitude dos pais com agressividade. Quando adolescentes reagem com rebeldia, na tentativa de comunicar aos pais e educadores a própria insatisfação em relação às necessidades não atendidas. Cada etapa tem suas dificuldades e conquistas, pois ocorrem em momentos diferentes.
Para manter, constantemente, uma boa relação com os filhos é preciso paciência, e às vezes, até mesmo um pouco de flexibilidade, uma atitude muito rígida pode não ser muito benéfica. O equilíbrio entre a amizade e a autoridade é um dos desafios que os pais devem buscar todos os dias. A relação deve basear-se no afeto emocional também, favorecendo o elogio e evitando críticas constantes.
Hoje em dia, também é muito comum ouvirmos que os pais e as mães precisam ser amigos de seus filhos. Aqui, igualmente, é preciso ter cuidado com a inversão de ordem. É muito importante que pais e mães possam ser amigos de seus filhos, mas, antes de qualquer outra coisa, os pais têm o dever de educá-los, de colocar limites e de estabelecer proibições. O que se espera de pais amigos de seus filhos? Do que os filhos precisam? São de pais e mães mais próximos, mais disponíveis, abertos a escutá-los, a discutir e orientá-los naquilo que eles lhes solicitarem, ou naquilo que os pais entenderem necessário fazê-lo. Mas, precisam igualmente de pais que saibam dizer não, estabelecer o que é certo e o que é errado, e quais os limites que precisam ser seriamente respeitados.
A rotina de trabalho cheia de compromissos é, muitas vezes, um fator decisivo na relação familiar. Essa distância não permite uma maior intimidade, e essa intimidade é necessária para que os pais conheçam seus filhos, participem de suas vidas e saibam como e o que falar com eles. Para sanar o problema, é importante que o tempo destinado aos filhos seja usado de forma satisfatória e eficiente, priorizando a qualidade dos momentos juntos.

Aline Bellino

domingo, 28 de setembro de 2014

"Como As Mulheres Dominaram O Mundo"!!!


Conversa entre pai e filho, por volta do ano de 2031 sobre como as mulheres dominaram o mundo.
- Foi assim que tudo aconteceu, meu filho...
Elas planejaram o negócio discretamente, para que não notássemos...
Primeiro elas pediram igualdade entre os sexos. Os homens, bobos, nem deram muita bola para isso na ocasião. Parecia brincadeira.
Pouco a pouco, elas conquistaram cargos estratégicos: Diretoras de Orçamento, Empresárias, Chefes de Gabinete, Gerentes disso ou daquilo.
- E aí, papai?
- Ah, os homens foram muito ingênuos. Enquanto elas conversavam ao telefone durante horas a fio, eles pensavam que o assunto fosse telenovela. Triste engano.
De fato, era a rebelião se expandindo nos inocentes intervalos comerciais...
 "Oi querida!", por exemplo, era a senha que identificava as líderes. "Celulite", eram as células que formavam a organização. Quando queriam se referir aos maridos, diziam "O regime".
- E vocês? Não perceberam nada?
- Ficávamos jogando futebol no clube, despreocupados. E o que é pior:
Continuávamos a ajudá-las quando pediam. Carregar malas no aeroporto, consertar torneiras, abrir potes de azeitona, ceder a vez nos naufrágios. Essas coisas de homem.
- Aí, veio o golpe mundial?!?
- Sim o golpe. O estopim foi o episódio Hillary-Mônica. Uma farsa... Tudo armado para desmoralizar o homem mais poderoso do mundo. Pegaram-no pelo ponto fraco, coitado. Já lhe contei, né? A esposa e a amante, que na TV posavam de rivais eram, no fundo, cúmplices de uma trama diabólica. Pobre Presidente...
- Como era mesmo o nome dele?
- William, acho. Tinha um apelido, mas esqueci... Desculpe, filho, já faz tanto tempo...
- Tudo bem, papai. Não tem importância. Continue...
- Naquela manhã a Casa Branca apareceu pintada de cor-de-rosa. Era o sinal que as mulheres do mundo inteiro aguardavam... A rebelião tinha sido vitoriosa!  Então elas assumiram o poder em todo o planeta. Aquela torre do relógio em Londres chamava-se Big-Ben, e não Big-Betty, como agora.
Só os homens disputavam a Copa do Mundo, sabia? Dia de desfile de moda não era feriado. Essa Secretária Geral da ONU era uma simples cantora. Depois trocou o nome, de Madonna para Mandona...
- Pai, conta mais...
- Bem filho... O resto você já sabe.
Instituíram o Robô "Troca-Pneu" como equipamento obrigatório de todos os carros. A Lei do Já-Prá-Casa, proibindo os homens de tomar cerveja depois do trabalho...
E, é claro, a famigerada semana da TPM, uma vez por mês...
- TPM???
- Sim, TPM... A Temporada Provável de Mísseis... E quando elas ficam irritadíssimas e o mundo corre perigo de confronto nuclear...
- Sinto um frio na barriga só de pensar, pai...
- Sssshhh! Escutei barulho de carro chegando. Disfarça e continua picando essas batatas.
..
Luis Fernando Veríssimo

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

"Você É"...!!!!

Você é os brinquedos que brincou, as gírias que usava...
Você é os nervos à flor da pele no vestibular, os segredos que guardou.
Você é sua praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema.
Você é o renascido depois do acidente que escapou, aquele amor atordoado que viveu, a conversa séria que teve um dia com seu pai... Você é o que você lembra.
Você é a saudade que sente da sua mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que você recorda, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora.
Você é aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que lhe arrancou lágrimas... Você é o que você chora.
Você é o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa.
Você é o pêlo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta.
Você é as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junta.
Você é o orgasmo, a gargalhada, o beijo... Você é o que você desnuda...
Você é a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar...
Você é o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá.
Você é aquele que rema, que cansado não desiste, você é a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta... Você é o que você queima.
Você é aquilo que reivindica, o que consegue gerar através da sua verdade e da sua luta...
Você é os direitos que tem, os deveres que se obriga.
Você é a estrada por onde corre atrás, serpenteia, atalha, busca...
Você é o que você pleiteia.
Você não é só o que come e o que veste... Você é o que você requer, recruta, rabisca, traga, goza e lê...
Você é o que ninguém vê!

Martha Medeiro


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

"Será Que A Gente Se Dá Um Valor"???


"Autoestimar = Autovalorizar."
Então, é simples, é o valor que você se dá.
Mas será que é a gente que se dá um valor?
Ouvimos aqueles chavões do tipo "Se você não se der o valor, quem dará?".
Isso é verdade, em parte. Mas é mais teoria. Se funcionasse realmente, os livros de autoajuda resolveriam cem por cento dos conflitos emocionais.
Na verdade, a autoestima é construída. O que forma a autoestima da pessoa são as situações que ela vivencia desde muito cedo.
Imaginem uma criança que ouviu muitos: "Eita menino burro, tá parecendo seu pai", "Você vai à escola pra que?", "Esse menino não faz nada que preste, só me dá trabalho".
E agora imagine outra criança, outra situação: "Muito bem, filho, é assim que se aprende, daqui a pouco você vai estar fera nisso!", "Esse é meu filhão, não desiste. Esse menino vale ouro!", "Você é tão caprichoso, vamos lá, vamos arrumar essa bagunça, eu te ajudo".
Acho que nem é preciso muita explicação para se previr qual criança construirá uma autoestima boa e qual poderá ter dificuldades no futuro. E repare que são coisas do dia a dia.
Quando a gente é criança, o que os pais falam é verdade absoluta. Não temos condições para questionar.
E aí, curiosamente, vemos por aí adultos que por mais que se graduem, montem seu negócio, planejem sua vida, não progridem. Por que será?
É mais uma vez a verdade aprendida que diz o contrário lá no inconsciente. Como um menino burro, que não presta para nada, vai ser bem-sucedido?
E existem inúmeras outras situações que poderão contribuir para uma baixa autoestima. O bullying, por exemplo, que em geral aponta para alguma característica física da vítima. E tem as situações condicionais, em algumas fases da vida. Estar fora do peso, estar sem dinheiro, sem emprego.
Outra situação marcante na infância é a falta de recursos financeiros explicada como inferioridade. Já vi crianças pobres vivendo muito felizes, num ambiente em que não se pregava a pobreza, nem a falta, nem a tristeza.
Já vi casos de pessoas que tiveram pais carinhosos, mas humildes o suficiente para não saberem que os filhos precisavam de apontamentos positivos, de elogios, de quem nomeasse os sentimentos para eles.
Toda a pessoa se desenvolve a partir do olhar dos pais, que vão apontar, por exemplo: "O João é caprichoso, adora desenhar", "A Maria é nervosa, mas é amorosa", "O Pedro é organizado, o quarto dele é todo arrumado", e assim por diante.
Algumas pessoas podem não viver isso adequadamente, e depois poderão ficar com a sensação de "Como eu sou?" ou "No que eu sou bom?". Fica faltando um pedaço na sua constituição interna.
Quem viveu situações assim desfavoráveis, poderá se tornar um adulto inseguro, angustiado, infeliz. E não necessariamente estará consciente das causas de sua insatisfação e infelicidade na vida. Poderá chamar de azar. Mas as atitudes responderão pelo inconsciente, é regra.
Você pode pensar: "Eu conheço gente que era pobre e conseguiu vencer na vida. O Silvio Santos era camelô e hoje é dono de emissora". Provavelmente a infância pobre não foi passada a ele na forma de inferioridade. Se progrediu, não deve carregar crenças de escassez em seu inconsciente. É só um exemplo!
Autoestima bem formada é uma das coisas mais importantes na vida. É o que dá segurança, confiança, felicidade, coragem.
Mas, felizmente, apesar dessa constituição interna negativa, existe a possibilidade da pessoa se tratar, rever o que viveu, e ressignificar as coisas, para poder se libertar das velhas crenças e ser fel.

Rosangela Tavares

terça-feira, 23 de setembro de 2014

"Gaiolas E Asas"!!!

Os pensamentos me chegam de forma inesperada, sob a forma de aforismos.
Fico feliz porque sei que Lichtenberg, William Blake e Nietzsche frequentemente eram também atacados por eles. Digo "atacados" porque eles surgem repentinamente, sem preparo, com a força de um raio. Aforismos são visões: fazem ver, sem explicar. Pois ontem, de repente, esse aforismo me atacou: "Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas".
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-las para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são os pássaros em vôo.
Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.
Esse simples aforismo nasceu de um sofrimento: sofri conversando com professoras de segundo grau, em escolas de periferia. O que elas contam são relatos de horror e medo. Balbúrdia, gritaria, desrespeito, ofensas, ameaças... E elas, timidamente, pedindo silêncio, tentando fazer as coisas que a burocracia determina que sejam feitas, como dar o programa, fazer avaliações... Ouvindo os seus relatos, vi uma jaula cheia de tigres famintos, dentes arreganhados, garras à mostra e a domadoras com seus chicotes, fazendo ameaças fracas demais para a força dos tigres.
Sentir alegria ao sair de casa para ir à escola? Ter prazer em ensinar? Amar os alunos? O sonho é livrar-se de tudo aquilo. Mas não podem. A porta de ferro que fecha os tigres é a mesma porta que as fecha com os tigres.
Nos tempos de minha infância, eu tinha um prazer cruel: pegar passarinhos. Fazia minhas próprias arapucas, punha fubá dentro e ficava escondido, esperando... O pobre passarinho vinha, atraído pelo fubá. Ia comendo, entrava na arapuca e pisava no poleiro. E era uma vez um passarinho voante.
Cuidadosamente eu enfiava a mão na arapuca, pegava o passarinho e o colocava dentro de uma gaiola. O pássaro se lançava furiosamente contra os arames, batia as asas, crispava as garras e enfiava o bico entre os vãos. Na inútil tentativa de ganhar de novo o espaço, ficava ensanguentado... Sempre me lembro com tristeza da minha crueldade infantil.
Violento, o pássaro que luta contra os arames da gaiola? Ou violenta será a imóvel gaiola que o prende?
Violentos, os adolescentes de periferia? Ou serão as escolas que são violentas? As escolas serão gaiolas? Vão me falar sobre a necessidade das escolas dizendo que os adolescentes de periferia precisam ser educados para melhorarem de vida. De acordo. É preciso que os adolescentes, que todos, tenham uma boa educação. Uma boa educação abre os caminhos de uma vida melhor. Mas eu pergunto: nossas escolas estão dando uma boa educação? O que é uma boa educação?
O que os burocratas pressupõe sem pensar é que os alunos ganham uma boa educação se aprendem os conteúdos dos programas oficiais. E, para testar a qualidade da educação, criam mecanismos, provas e avaliações, acrescidos dos novos exames elaborados pelo Ministério da Educação.
Mas será mesmo? Será que a aprendizagem dos programas oficiais se identifica com o ideal de uma boa educação? Você sabe o que é "dígrafo"? E os usos da partícula "se"? E o nome das enzimas que entram na digestão? E o sujeito da frase "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante"? Qual a utilidade da palavra "mesóclise"? Pobres professoras, também engaioladas... São obrigadas a ensinar o que os programas mandam, sabendo que é inútil. Isso é hábito velho das escolas. Bruno Bettelheim relata sua experiência com as escolas: "Fui forçado (!) a estudar o que os professores haviam decidido que eu deveria aprender. E aprender à sua maneira".
O sujeito da educação é o corpo, porque é nele que está a vida. É o corpo que quer aprender para poder viver. É ele que dá as ordens. A inteligência é um instrumento do corpo cuja função é ajudá-lo a viver. Nietzsche dizia que ela, a inteligência, era "ferramenta" e "brinquedo" do corpo. Nisso se resume o programa educacional do corpo: aprender "ferramentas", aprender "brinquedos". "Ferramentas" são conhecimentos que nos permitem resolver os problemas vitais do dia-a-dia. "Brinquedos" são todas aquelas coisas que, não tendo nenhuma utilidade como ferramentas, dão prazer e alegria à alma.
Nessas duas palavras, ferramentas e brinquedos, está o resumo da educação. Ferramentas e brinquedos não são gaiolas. São asas. Ferramentas me permitem voar pelos caminhos do mundo.
Brinquedos me permitem voar pelos caminhos da alma. Quem está aprendendo ferramentas e brinquedos está aprendendo liberdade, não fica violento. Fica alegre, vendo as asas crescer... Assim todo professor, ao ensinar, teria de se perguntar: "Isso que vou ensinar, é ferramenta? É brinquedo?" Se não for, é melhor deixar de lado.
As estatísticas oficiais anunciam o aumento das escolas e o aumento dos alunos matriculados. Esses dados não me dizem nada. Não me dizem se são gaiolas ou asas. Mas eu sei que há professores que amam o vôo dos seus alunos.
Há esperança...
Rubem Alves