Somos Anjos e Mestres!
Todos nós sabemos alguma coisa que alguém, em algum lugar, precisa aprender e, por vezes, nós mesmos recordarmos.

terça-feira, 30 de abril de 2013

"Educação Sem Limites"!!!

A coisa mais difícil que existe nesta vida é educar um ser humano, pois que demanda a nossa atenção por um tempo, que deixamos de perceber porque até o último momento podemos receber educação.
Alguns fatores apontam as causas da falta de limites na educação das crianças de um modo geral, destacando os valores morais que sumiram do nosso cenário, haja vista o enorme número de casos de corrupção ininterrupta; na política, empresas, igrejas, etc, apresentados na mídia, onde, dificilmente a lei consegue ser cumprida, ademais, instaurou-se na cultura a idéia de que ser esperto é a grande jogada, o contrário; uma tremenda burrice, então, por qual razão seguir regras?
Outro ponto importante vem a ser a ausência dos pais na vida da criança, em virtude da carga horária dedicada ao trabalho, deixando a convivência educacional aos cuidados da escola, desde os primeiros momentos, nas creches e nas instituições educacionais, do governo ou particulares.
Esta necessidade familiar gerou um sentimento de culpa nos pais, que, para compensar tais circunstâncias, acabam sendo permissivos em demasia com os seus filhos, impedindo, por conseguinte, momentos de se educar e proporcionar os valores que devem ser seguidos; derivados dos próprios valores existentes nos pais e na constituição da personalidade da criança.
Contudo, abre-se nova polêmica neste rastro de educação sem limites, ao lembrarmos que muitos pais com filhos hoje adolescentes e outros adultos vêm de uma geração na qual pregou por muitos anos a idéia de que a liberdade total era a melhor saída, contrapondo à idéia de repressão sócio-histórica vivida por eles em sua juventude, o que acarretou em juízo de valores distorcido, vindo de um radicalismo social para outro, sem fazer "escola" desta forma de se educar.
Não houve ponderação e conseqüentemente faltou um plano mediano que fosse sendo ajustado à medida que as demandas surgissem. Simplesmente foi-se estabelecendo este modelo de educação até o momento em que se evidenciaram os desastrosos resultados.
Outra condição a ser pensada é o exagero que os pais têm com relação aos traumas que poderão causar, caso venham a ser mais enérgicos na educação dos seus filhos. Usar o bom senso e algumas regras para estabelecer limites na educação infantil não arranca pedaço de ninguém. Faz-se necessária a consciência de que para educar é preciso esforço, dedicação, perseverança e paciência; muita paciência.
Nas escolas a relação entre o aluno e o professor chegou a uma condição muito favorável, quando entendemos que a participação do aluno está maior, diferentemente de outras épocas onde o papel se restringia apenas a ouvir e guardar as informações que chegavam.
A criança de hoje está mais bem estimulada e responde com maior agilidade ao meio, o que lhe confere a boa posição de ser participante nos grupos sociais; casa e escola especialmente. Todavia, dada a falta de condução por conta da educação sem limites, a criança acaba se tornando um canhão sem direção, que atira para vários lados ao acaso a acerta em quem estiver na trajetória, e a si mesma invariavelmente.
O exercício do viver só é realizável vivendo, na prática, e o mesmo ocorre com a educação, portando, é preciso arregaçar as mangas e assumir o papel de orientador, de guia, de educador. Começar, antes tarde do que nunca a se envolver neste processo importante e determinador da vida do ser humano, cavando tempo e espaço para esta empreitada. Sempre que desejamos muito alguma coisa damos um jeito no tempo e espaço para alcançá-la. O que nos impede de lutar por esta causa mais do que nobre? Qual medo existe em tentar educar os próprios filhos?
Como em qualquer situação da vida, haverá tropeços, que darão lugar ao adequado proceder conforme a prática e a persistência desta convivência. Os rumos poderão ser diferentes, e certamente o serão. Outros benefícios virão naturalmente, como um maior sentimento de amor próprio, e em muitos casos, a unidade familiar.
Mas é preciso começar, tentar, fazendo acontecer.
Confie em si mesmo e mude o cenário, assumindo as responsabilidades e transmitindo muitos valores aos seus filhos, por via de uma educação que dá segurança e conforto, pois todos nós sempre desejamos isto.

Armando Correa de Siqueira Neto


segunda-feira, 29 de abril de 2013

"Você... Mulher Especial"!


Você pode ter defeitos, viver ansiosa e ficar irritada algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. Só você pode evitar que ela vá à falência.
Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você.
Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestades, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem decepções.
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.
Ser feliz... Não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza... Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos... Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, apesar de todos os desafios. Ser feliz não é uma obra do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu próprio ser.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da Própria história.
Ser feliz... É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis norecôndito da sua alma e agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. É não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesma. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. É beijar o marido, os filhos, curtir os pais e ter momentos poéticos com os amigos... Mesmo que eles nos magoem...
Ser feliz .. .É deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós.
É ter maturidade para falar "eu errei"... É ter ousadia para dizer "me perdoe”!
É ter sensibilidade para expressar "eu preciso de você"... É ter capacidade de dizer "eu te amo".
Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz...
Que nas suas primaveras você seja amante da alegria...
Que nos seus invernos você seja amigo da sabedoria...
E, quando você errar o caminho, recomece tudo de novo, pois assim você será cada vez mais apaixonada pela vida. E descobrirá que...
Ser feliz... Não é ter uma vida perfeita, mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância,usar as perdas para refinar a paciência, usar as falhas para esculpir a serenidade.
Usar a dor para lapidar o prazer, usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
Jamais desista de si mesma!!!
Jamais desista das pessoas que você ama.Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo imperdível... E você é uma mulher especial !!!!!

Fernando Pessoa 

domingo, 28 de abril de 2013

"Quero"...



" Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto...
 Mesmo quando a situação não for muito alegre...
 E que esse meu sorriso consiga transmitir paz  para os que estiverem ao meu redor.
 Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém...
 E poder ter a absoluta certeza de que esse alguém  também pensa em mim quando fecha os olhos,
 que faço falta quando não estou por perto.
 Queria ter a certeza de que apesar de minhas  renúncias e loucuras, alguém me valoriza  pelo que sou, não pelo que tenho...
 Que me veja como um ser humano completo,  que abusa demais dos bons sentimentos  que a vida proporciona,  que dê valor ao que realmente importa,  que é meu sentimento...e não brinque com ele."


 Mario Quintana

sábado, 27 de abril de 2013

"Crítica, Espírito Crítico e outras Obviedades"...

Apesar de ser  tema tão comum nas ciências e nas artes, causa surpresa a constatação de que boa parte da população não tem clareza sobre o conceito, e entende a crítica como sendo a “arte de apontar defeitos” ou mesmo algo como um direito insofismável de achincalhar o outro.
Observa-se, também, muitas escolas onde alunos e pais de alunos concorrem em “criticar” o trabalho do professor, principalmente quando chamados à coordenação em virtude do péssimo rendimento escolar, seja pelo mau comportamento em sala de aula, seja pelos resultados desalentadores nos exames.
E nesse caso a “crítica” tem sabor de desforra e produz a ilusão de isenção.
Ao apontar os defeitos do professor, quando não da escola, alguns alunos e pais de alunos acreditam que podem, a partir daí, se eximir do cumprimento de seu papel como protagonistas do processo de ensino-aprendizagem.
Na crença popular essa ideia fica patente com o bordão:
Se meu filho tirou dez – é um gênio! Agora, se tirou zero é porque o professor e/ou a escola não presta!
Esse “criticar” mal executado presta um desserviço à comunidade, pois esvazia seu potencial de aprimoramento, tanto do professor quanto do aluno. Ao mesmo tempo, que, ao banalizar um dos principais direitos e atributos que tem o ser humano, que é o de criticar – expõe o que há de pior no ser humano:
- O egocentrismo.
E isso é manifestado, e de forma eloquente, na sua incapacidade de aplicar em si mesmo o rigor da severa crítica que prodigaliza aos demais.
E em muitas outras áreas isso é observado.
A pseudo-crítica das falhas estruturais como desculpa para não se cumprir com o seu papel!
Percebe-se, em muitos fóruns na internet, onde o anonimato obtido pelo uso de um nickname e o trato impessoal usado em e-mails ou posts , a transformação do direito de criticar em pretexto para atacar, para achincalhar ou menosprezar a pessoa do outro lado.
Alguns pela simples diversão de discordar por discordar.
Outros pela necessidade de propagandear sua ideologia, sua crença, etc. e por essa razão atacar decididamente, não o artigo, mas o articulista.
Ou, ainda, esse ataques se darão por simples vaidade:
– “Afinal com que direito o articulista desse site ousa ser mais inteligente e/ou mais informado que eu”?
Ora, o termo “crítica” deriva etimologicamente do grego Kritikè e significa “discernir”.
Assim, criticar é em seu conceito político-filosófico, a faculdade de discernir o valor das coisas, dos eventos, dos feitos e das pessoas.
Está intimamente ligado ao juízo de valor e ao exercício da razão.
Segundo Kant, a crítica é uma avaliação ou um julgamento de mérito.
E tal julgamento pode ser:
• Estético, se contempla uma obra de arte;
• Lógico, se contempla um raciocínio;
• Intelectual, se contempla um conceito, uma teoria ou um experimento e
• Moral, quando contempla uma conduta.
Ao julgar, busca-se a equanimidade e a justiça.
O julgamento para ser equânime, deve ser isento da intencionalidade de provocar dano e pleno de recursos da razão, fundamentado evidentemente no conhecimento e no anseio pelo bem.
Na crítica, busca-se apontar não só os defeitos, mas também as qualidades e valores e com isso avaliar a extensão dessa mesma qualidade seja da obra de arte, do trabalho científico, do conceito, do argumento ou da conduta objetivando o seu reconhecimento, aprimoramento e/ou superação;
A crítica propriamente dita nunca é dirigida à pessoa. Sempre à suas ideias, obras, argumentos ou comportamentos.
Mais que um exercício de sintaxe, esse fato diferencia a crítica verdadeira do achincalhe. Pois ideias, obras, comportamentos e argumentos não são a identidade.
A pessoa é categoria moral e é infinitamente maior que seu simples comportamento episódico ou somatório de algumas de suas ideias e argumentos ou o somatório de todas as suas obras.
O achincalhe, que significa humilhar, ridicularizar e debochar não é considerado em termos jurídicos ou filosóficos como “crítica” e sim uma perversão de seu significado. Em caso público pode ter consequências sérias, tais como processos por perdas e danos, derivando o achincalhe para a injúria, calúnia e difamação – todos previstos pelo código penal.
De acordo com Dr. Ricardo Antônio L. Camargo, “também se configura o achincalhe quando se imputa a alguém fato depreciativo e inverídico ou quando se lhe diz algo gratuitamente ofensivo à dignidade e ao decoro”.
“O achincalhe é sempre corrosivo, é sempre destrutivo, é sempre a base de todos os conflitos que extrapolem motivos puramente materiais. Estereótipos, preconceitos e mesmo ódios passam a ser considerados como o metro pelo qual se medirá a bondade ou a maldade das condutas.”
“Quando o fato imputado constitui crime, estamos diante do tipo calúnia...
Quando o fato é ofensivo à reputação, estamos diante da difamação. E quando se ofende a dignidade e o decoro de alguém, sem lhe imputar fato, o que se faz é injuriá-lo”.
Em resumo, a verdadeira crítica vale-se de argumentos consistentes, fundamentados no conhecimento e que objetivam julgamentos e avaliações sobre o valor (ou a falta dele) de uma obra, conceito, argumentos, experimentos ou conduta e nada tem a ver com ataques pessoais e achincalhes. Isso se denomina agressão.
A crítica, juntamente com o ceticismo e o princípio da falseabilidade, tem um papel preponderante na evolução da ciência.
Nesse contexto, sem a crítica muitos erros científicos seriam perpetuados.
Daí propugnar-se, na sociedade, o desenvolvimento do espírito crítico e a defesa da liberdade para exercê-lo.
E ter espírito crítico é preconizar a capacidade humana de julgamento visando o bem comum. Criticar é julgar para escolher, para selecionar, para promover a melhora e a superação e exaltar o útil, o criativo, o ético e o estético, para o bem e evolução da humanidade.
Dessa forma, a crítica propriamente dita, corretamente praticada é sempre construtiva.
Mas, para tal necessita-se:
• Humildade;
• Senso de humanidade;
• Tato e polidez;
• Adequação;
E acima de tudo:
• Conhecimento.
Não há como criticar algo que não se conhece:
• Um crítico literário deve ter conhecimento sobre literatura.
• Um crítico de trabalhos científicos deve ter conhecimento pelo menos sobre a área científica objeto de sua crítica.
E assim por diante.
Ora, isso é óbvio!
No entanto, parece que no mundo de hoje as obviedades não são percebidas assim tão obviamente.


Mustafá Ali Kanso

sexta-feira, 26 de abril de 2013

"Uma Mente Sã"!!!

Se quisermos construir uma vida de paz e felicidade, é essencial desativar nosso hábito de colecionarmemórias negativas.
Quando nos conectamos a elas, a emoção que sentimos no momento em que se formaram, é imediatamente desperta. Então, lembrar é reviver os acontecimentos ruins, inúmeras vezes.
Como, então, conseguir fazer com que a mente pare de acessar incessantemente esta memória?
O primeiro passo é tornar-se um observador, pois somente este exercício pode nos permitir perceber o padrão de negatividade mental em que vivemos na maior parte do tempo.
A partir do momento em que nos tornamos conscientes disso, podemos escolher se desejamos prosseguir desse modo, ou tentar construir uma nova forma de viver.
Se a resposta a esta pergunta for um não, ou seja, se estivermos cansados de repetir sempre o mesmo padrão miserável na forma de lidar com a vida, torna-se possível, então, dar o segundo passo.
Em que consiste este passo?
Em manter o foco no pólo oposto, ou seja, nos acontecimentos prazerosos e benéficos que nos acontecem. Ah, dirão alguns, mas nada de bom ocorre em minha vida.
Se isto ainda é a sua realidade é porque, certamente, não encontraram o foco, não ajustaram sua visão para perceber as bênçãos que a existência lhes oferece todos os dias.
Para isto, basta se perguntar, a cada manhã, se você está feliz com a sua vida. Caso a resposta seja um não, assuma a responsabilidade por fazer com que ela se transforme. Ninguém mais poderá fazer isso por você.
A mente não está interessada em tomar nota das flores, está interessada em tomar nota dos espinhos. Qualquer coisa que dói, ela imediatamente toma nota.
Quem se importa com uma flor? Você se lembra de seus inimigos melhor do que de seus amigos. Basta ver a sua mente e você vai se surpreender que você se lembre do seu inimigo mais do que você se lembra de seus amigos. Você pode esquecer seus amigos, mas você não pode esquecer seus inimigos.
Esta é a sua mente insana.
Uma mente sã só vai olhar as coisas na direção oposta: ela vai contar as bênçãos, ela vai contar tudo o que é belo, ela tomar nota de tudo pelo qual tem que ser grata. E então, naturalmente, a vida da pessoa vai se tornar uma vida de bênçãos, cercada por todas as experiências bonitas.
É apenas uma questão de mudar uma pequena estrutura em sua mente. Apenas uma mudança pequena, mas faz muita diferença. Comece a recolher tudo o que está acontecendo de belo com você. E isso está acontecendo com todos. E qualquer coisa que não seja bonita, não é demais lembrar, não vale coletar. Por que tornar-se sobrecarregado com o lixo quando você pode ser cheio de flores e perfumes?
Você tem que fazer uma pequena mudança em sua mente biológica natural.
A meditação pode fazê-lo muito facilmente. Uma das partes essenciais da meditação é olhar para o lado bom das coisas, olhar para o lado bom das pessoas, olhar para o lado bom dos incidentes, de modo que você esteja cercado com tudo de bom... Cercado com todas as coisas bonitas, o seu crescimento é mais fácil.
Você pode até dizer... Mas as pessoas são estranhas...
Você pode fazer mil favores para uma pessoa e apenas uma coisa desfavorável, ela vai esquecer os mil favores e vai se lembrar de uma coisa desfavorável que você fez. Ela vai levar para a vida toda. Esta é a forma como as pessoas estão vivendo: em vingança, raiva, desespero, sentindo-se rejeitadas pela vida, sentindo-se como párias da existência.
Mas a coisa toda é que você está coletando as coisas erradas. A vida é cheia de ambos. Você pode ver que um dia é imprensado entre duas noites, e você também pode ver dois belos dias imprensando uma noite pequena.
Escolha como você quer se sentir... Estar no céu ou no inferno...
A escolha é sua!


Elisabeth Cavalcante 

quinta-feira, 25 de abril de 2013

"A Sopa de Pedras"



Quando terminou a guerra dos farrapos de Canudos, uma guerra dessas aí!, Serapião Pintumba perambulou por muito tempo no sertão.
Á proporção que perambulava, penetrava, e, penetrando, sua miséria aumentava – pois o interior fazia as cidades empobrecerem com ele. Até que um dia chegou a uma aldeia de casas de taipa, distante de tudo, isto é, próxima de nada.
Serapião bateu numa porta e pediu um pedaço de pão. Foi escorraçado.
Bateu noutra porta, pediu um pedaço de queijo de cabra. Foi chutado. Bateu em outra porta e pediu um pedaço de rapadura. Foi cuspido. Bateu em outra porta e pediu uma lata velha. Foi atendido. Aí, Serapião se acocorou no meio da praça, fez uma trempe, botou a lata em cima e ficou esperando o destino.
O destino, como sempre, juntou uns curiosos:
“Que qui tu ta fazendo aí, Serapião Maluco?” perguntaram.
“Uma sopa”, disse Serapião.
“Tô veno nada”, criticou um velho crítico de sopas local.
"Tão marranja água que cê vai vê”, disse Serapião.
Arranjaram água pro Serapião, e fogo, e ele, assim que a água pegou uma fervura, jogou duas pedras dentro da lata e ficou lá mexe que mexe com um pau.
“Que sopa é essa?”, veio a próxima pergunta.
“Sopa de pedra”, disse Serapião.
“De peeeeeedra?”, espantaram-se os habitantes da aldeia, em uníssono. “E pode sopa de pedra?
Nóis num cômi sopa aqui tem mais di méis. Si dava para fazê sopa di pedra, a gente toda tava toda limentada.
Um demagogo presente aproveitou a dúvida no ar e vociferou:
 “É como os eternos leguleios, eternos prometedores de miragens, embaindo o povo do sertão com falácias infantis, acenando para o povo com soluções miríficas enquanto palacianos governosos se locupletam com suas gordas mordomias.
Mas mesmo esses profissionais do engodo jamais pensaram em proposta de solução alimentar tão estapafúrdia!”
Tomou ar e perguntou noutro tom:
 “Que é que você pretende exprimir, dialeticamente, com sopa de pedra?”
 “Bem, respondeu Serapião, um tanto intimidado, a sopa pode sê só di pedra, né...? E inté qui sai boa. Mas se ocês mi arranja um picadinho de tocinho, um pezinho di cove, um naquinho di rapadura, aí dava muito in mió, né memo?”
 “Qué qui há, Maneco, sem essa!”, disse então um pau-de-arara que tinha trabalhado em Ipanema durante seis meses, pendurado num edifício da Vieira Souto, e por isso era considerado o grã-fino da aldeia.
“Sopa de pedra é sopa de pedra! Não vem com subsídios que aqui não tem disso não. Você falou em sopa de pedra; vai ser sopa de pedra! Pessoal, todo mundo fazendo sopa de pedra aí na praça!”
Em poucos minutos, a praça estava cheia de panelas, caldeirões, chaleiras, terrinas e latas fervendo com pedras. E cada um já procurava fazer sua sopa melhor que a do vizinho, com um sabor diferente: rocha, granito, sílex, calcário, pedra-pomes, basalto, pedra-sabão, pedra-ume, pedregulho.
Mas terminou tudo numa grande decepção. Nenhuma das sopas de pedra tinha o menor gosto de sopa. Pior ainda – não tinha nem gosto de pedra.
Foi aí que um caboclo mais imaginoso descobriu a única utilidade da pedra capaz de, naquele momento, satisfazer a todos os habitantes da aldeia. Tacou um paralelepípedo na cabeça de Serapião, que caiu ali mesmo e logo foi apedrejado por todo mundo, morrendo dilapidado.

 Como na Bíblia.
Moral:
"Não se deve abusar da miséria do povo; ele acaba ficando empedernido".

Millor Fernandes


quarta-feira, 24 de abril de 2013

"Um Rato que Ruge"!


Um dos fundadores da sociologia, o economista alemão Max Weber, conceitua o poder como sendo toda a probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, não obstante qualquer resistência e independentemente do fundamento dessa probabilidade.
Um dos exemplos mais simplórios e também um dos mais anacrônicos do exercício do poder está manifestado no membro administrativo de algumas corporações, com grau hierárquico executivo identificado simplesmente como “o chefe”.
“O chefe” é o personagem muitas vezes caricato que, encarnando o detentor de alguma forma de poder, tem muitas vezes seu grau de hierarquia oficializado por títulos sugestivos, tais como coordenador, gerente, diretor, supervisor, etc.
Independentemente do título, ser chefe é ter acesso privilegiado às informações e às decisões, e também a outros instrumentos administrativos que viabilizam o exercício desse poder, tais como a promoção e a demissão de seus subordinados, por exemplo.
No Brasil das corporações anacrônicas é comum se ouvir nos bastidores:
- O chefe tem sempre razão!
- Manda quem pode – e obedece quem tem juízo!
E por aí vai.
A infelicidade de tal prática, onde chefe é chefe e subordinado é subordinado (sendo a diferença muito nítida também no montante dos salários) geralmente está acompanhada pelo autoritarismo de uma parte e a subserviência da outra.
Talvez uma herança atávica do feudalismo, o exercício do micro poder diário das chefias nos convida a um questionamento filosófico também sobre o exercício diário da ética, que se traduz, na interpretação de muitos filósofos modernos, como sendo simplesmente o exercício da moral.
Muitos chefes possuem um poder circunstancial. Mandam mas não lideram.
E talvez por falta dessa mesma liderança ameacem, intimidem e se transmigrem amiúde na versão tragicômica de pequenos tiranos.
Em síntese: um rato que ruge.
E o que é pior, é que muitos desses chefes tiranos brotaram do plano comum de seus subordinados.
Quando então promovidos simplesmente “mudam de lado”.
Talvez porque na maioria das corporações onde exista um chefe tirano, também existam subordinados que trabalhem direito apenas quando contam com uma “severa” supervisão.
Flagra-se, portanto, a carência de moral, tanto de uma parte como de outra.
Qual é a solução?
Melhorando-se o subordinado, transformando-o em colaborador se melhoraria também a chefia?
Ou trocando-se um chefe por um verdadeiro líder, a coisa toda mudaria de figura?
Será?
Ou é do indivíduo que temos de falar – antes de mais nada?
Para concluir este artigo e suscitar essa fabulosa reflexão – quero apresentar aqui minha releitura recorrente de uma das “Fábulas Fabulosas” de Millôr Fernandes:

“O rato que tem medo”
A história é bem simples. Um rato que depois de muito sofrer pede para um grande mágico transformá-lo em um gato. Não suportava mais ser perseguido e intimidado.
Nem bem foi transformado, ironicamente, passou a perseguir todos os ratos que encontrou. Porém, com inédita crueldade e efetiva precisão. Afinal conhecia com propriedade o modus operandi destrutivo dos ratos.
Viveu satisfeito até encontrar um cão – que então o persegue.
Implora mais uma vez para que mágico o transforme, dessa vez em um cão, e assim, por efeito da magia vai subindo sucessivamente a escala zoológica até chegar na iminência de ser transformado em ser humano.
Nessa passagem, o mágico, numa peripécia o transforma novamente num rato.
- Mas por que voltei a ser rato?  – pergunta o animal, transbordando frustração.
É com a sabedoria típica das fábulas que o Grande Mágico responde:
- De que adiantaria para o mundo mais um Homem com “coração de rato”!

Mustafá Ali Kanso
  


terça-feira, 23 de abril de 2013

"A Voz de quem... Não se Cala e Não Consente"!!!



A professora Martha de Freitas Azevedo Pannunzio, de 74 anos, é de Uberlância. Ela escreveu uma carta para a presidente Dilma que foi entregue em mãos.
Vale a pena ler...
"É a voz de quem não se cala e não consente".

BRASIL CARINHOSO
Bom dia, dona Dilma!
Eu também assisti ao seu pronunciamento risonho e maternal na véspera do Dia das Mães. Como cidadã da classe média, mãe, avó e bisavó, pagadora de impostos escorchantes descontados na fonte no meu contracheque de professora aposentada da rede pública mineira e em cada Nota Fiscal Avulsa de Produtora Rural, fiquei preocupada com o anúncio do BRASIL CARINHOSO.
Brincando de mamãe Noel, dona Dilma? Em ano de eleição municipalista? Faça-me o favor, senhora presidentA! É preciso que o Brasil crie um  mecanismo bastante severo de controle dos impulsos eleitoreiros dos seus executivos (presidente da república, governador e prefeito) para que as matracas de fazer voto sejam banidas da História do Brasil.
Setenta reais per capita para as famílias miseráveis que têm filhos entre 0 a 06 anos foi um gesto bastante generoso que vai estimular o convívio familiar destas pessoas, porque elas irão, com certeza, reunir sob o mesmo teto o maior número de dependentes para engordar sua renda. Por outro lado mulheres e homens miseráveis irão correndo para a cama produzir filhos de cinco em cinco anos.
Este é, sem dúvida, um plano quinquenal engenhoso de estímulo à vagabundagem, claramente expresso nas diversas bolsas-esmola do governo do PT. É muito fácil dar bom dia com chapéu alheio. É muito fácil fazer gracinha, jogar para a plateia. É fácil e é um sintoma evidente de que se trabalha (que se governa, no seu caso) irresponsavelmente.
Não falo pelos outros, dona Dilma. Falo por mim. Não votei na senhora.
Sou bastante madura, bastante politizada, sobrevivente da ditadura militar e radicalmente nacionalista. Eu jamais votei nem votarei num petista, simplesmente porque a cartilha doutrinária do PT é raivosa e burra. E o governo é paternalista, provedor, pragmático no mau sentido, e delirante. Vocês são adeptos do quanto pior, melhor. São discricionários, praticantes do bullying mais indecente da História do Brasil.
Em 1988 a Assembleia Nacional Constituinte, numa queda-de-braço espetacular, legou ao Brasil uma Carta Magna bastante democrática e moderna. No seu Art. 5º está escrito que todos são iguais perante a lei*. Aí, quando o PT foi ao paraíso, ele completou esta disposição, enfiando goela abaixo das camadas sociais pagadoras de imposto seu modus governandi a partir do qual todos são iguais perante a lei, menos os que são diferentes: os beneficiários das cotas e das bolsas-esmola.
A partir de vocês. Sr. Luís Inácio e dona Dilma, negro é negro, pobre é pobre e miserável é miserável. E a Constituição que vá para a pqp. Vocês selecionaram estes brasileiros e brasileiras, colocaram-nos no tronco, como eu faço com o meu gado, e os marcaram com ferro quente, para não deixar dúvida de que são mal-nascidos.
Não fizeram propriamente uma exclusão, mas fizeram, com certeza, publicamente, uma apartação étnica e social. E o PROUNI se transformou num balcão de empréstimo pró escolas superiores particulares de qualidade bem duvidosa, convalidadas pelo Ministério de Educação.
Faculdades capengas, que estavam na UTI financeira e deveriam ter sido fechadas a bem da moralidade, da ética e da saúde intelectual, empresarial, cultural e política do País. A Câmara Federal endoidou? O Senado endoidou? O STJ endoidou? O ex-presidente e a atual presidente endoidaram? Na década de 60 e 70 a gente lutou por uma escola de qualidade, laica, gratuita e democrática.
A senhora disse que estava lá, nesta trincheira, se esqueceu disto, dona Dilma?
Oi, por favor, alguém pare o trem que eu quero descer!
Uma escola pública decente, realista, sintonizada com um País empreendedor, com uma grade curricular objetiva, com professores bem remunerados, bem preparados, orgulhosos da carreira, felizes, é disto que o Brasil precisa. De ensino técnico, profissionalizante...Para ontem.
Nossa grade curricular é tão superficial e supérflua, que o aluno chega ao final do ensino médio incapaz de conjugar um verbo, incapaz de localizar a oração principal de um período composto por coordenação. Não sabe tabuada. Não sabe regra de três. Não sabe calcular juros. Não sabe o nome dos Estados nem de suas capitais.
Em casa não sabe consertar o ferro de passar roupa. Não é capaz de fritar um ovo. O estudante e a estudante brasileiros só servem para prestar vestibular, para mais nada. E tomar bomba, o que é mais triste.
Nossos meninos e jovens leem (quando leem), mas não compreendem o que leram. Estamos na rabeira do mundo, dona Dilma. Acorde! Digo isto com conhecimento de causa porque domino o assunto. Fui a vida toda professora regente da escola pública mineira, por opção política e ideológica, apesar da humilhação a que Minas submete seus professores. A educação de Minas é uma vergonha, a senhora é mineira (é?), sabe disto tanto quanto eu. Meu contra cheque confirma o que estou informando.
Seu presente para as mães miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas decisões: um programa nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo, como mãe de uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel Brizola. Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo,mesmo que a Casa Civil torça o nariz. Ele tem o mapa da mina. A senhora se lembra dos CIEPs? É disto que o Brasil precisa...
De escola em tempo integral, igual para as crianças e adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas, evidentemente. Com biblioteca, auditório e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da cantina. Escola adequada para os de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental e para os de ensino médio, em instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa. De zero a dezessete anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e resultado. Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam.
Lá eles permanecem... Aqui a evasão é exorbitante.
Educação custa caro? Depende do ponto de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa.
É investimento. E tem que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente.
Povo educado ganha mais, consome mais, come mais corretamente, adoece menos e recolhe mais imposto para as burras dos governos.
Vale à pena investir mais em educação do que em caridade, pelo menos assim penso eu, materialista convicta.
Antes que eu me esqueça e para ser bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver com controle de natalidade. Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle de natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem recorrer a ela. Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em novembro de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à época, fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade, apenas para a senhora saber com quem está falando.
Senhora PresidentA, mesmo não tendo votado na senhora, torço pelo sucesso do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a maior torcida é para que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para empunhar o chicote e bater forte, se for preciso.
A primeira chibatada é o seu veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito amadurecimento e aprendizado.
O planeta terra é muito mais importante do que o lucro do agronegócio e a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão promovendo.
Sou fazendeira e ao mesmo tempo educadora ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez. Deixe o Congresso pensar um pouco mais, afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados, para isto mesmo. E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima. Pega mal quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua base aliada.
Outros usaram? E daí? A senhora não é os outros. A senhora á a senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil, e não a presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer.
Se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir desculpas às outras mães excluídas do seu presente: as mães da classe média baixa, da classe média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os homens produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos, sustentamos a carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo tendencioso, refém do PT e da base aliada oportunista e voraz.
A senhora, confinada no seu palácio, conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o benefício.
Estou firmemente convencida de que este novo programa, BRASIL CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem o condão de produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional, que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso de propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na última década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro, a maioria qualificada, que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os empregos disponíveis, se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os brasileiros e brasileira vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na ociosidade que os levará à delinquência e às drogas.
Quem cala, consente. Eu não me calo. Aos setenta e quatro anos, o que eu mais queria era poder envelhecer despreocupada, apesar da pancadaria de 1964. Isto não está sendo possível. Apesar de ter lutado a vida toda para criar meus cinco filhos, de ter educado milhares de alunos na rede pública, o País que eu vou legar aos meus descendentes ainda está na estaca zero, com uma legislação que deu a todos a obrigação de votar e o direito de votar e ser votado, mas gostou da sacanagem de manter a maioria silenciosa no ostracismo social, alienada e desinteressada de enfrentar o desafio de lutar por um lugar ao sol, de ganhar o pão com o suor do seu rosto. Sem dignidade, mas com um título de eleitor na mão, pronto para depositar um voto na urna, a favor do político paizão/mãezona que lhe dá alguma coisa. Dar o peixe, ao invés de ensinar a pescar, está foi a escolha de vocês.
A senhora não pediu minha opinião, mas vai mandar a fatura para eu pagar. Vai. Tomou esta decisão sem me consultar. Num país com taxa de crescimento industrial abaixo de zero, eu, agropecuarista, burro-de-carga brasileiro, me dou o direito de pensar em voz alta e o dever de me colocar publicamente contra este cafuné na cabeça dos miseráveis. Vocês não chegaram ao poder agora. Já faz nove anos, pense bem! Torraram uma grana preta com o FOME ZERO, o bolsa-escola, o bolsa-família, o vale-gás, as ONGs fajutas e outras esmolas que tais.
Esta sangria nos cofres públicos não salvou ninguém? Não refrescou niente? Gostaria que a senhora me mandasse o mapeamento do Brasil miserável e uma cópia dos estudos feitos para avaliar o quantitativo de miseráveis apurado pelo Palácio do Planalto antes do anúncio do BRASIL CARINHOSO. Quero fazer uma continha de multiplicar e outra de dividir, só para saber qual a parte que me toca nesta chamada de capital. Democracia é isto, minha cara...
Transparência... Não ofende... Não dói.
Ah, antes que eu me esqueça, a palavra certa é PRESIDENTE.
Não sou impertinente nem desrespeitosa, sou apenas professora de latim, francês e português. Por favor, corrija esta informação.
Se eu mandar esta correspondência pelo correio, talvez ela pare na Casa Civil ou nas mãos de algum assessor censor e a senhora nunca saberá que desagradou alguém em algum lugar. Então vai pela internet. Com pessoas públicas a gente fala publicamente para que alguém, ciente, discorde ou concorde. O contraditório é muito saudável.
Não gostei e desaprovo o BRASIL CARINHOSO. Até o nome me incomoda. R$2,00 (dois reais) por dia para cada familiar de quem tem em casa uma criança de zero a seis anos, é uma esmolinha bem insignificante, bem insultuosa, não é não, dona Dilma?
Carinho de presidentA da república do Brasil neste momento, no meu conceito, é uma campanha institucional a favor da vasectomia e da laqueadura em quem já produziu dois filhos. É mais creche institucional e laica. Mais escola pública e laica em tempo integral com quatro refeições diárias.
É professor dentro da sala de aula, do laboratório, competente e bem remunerado. É ensino profissionalizante e gente capacitada para o mercado de trabalho.
Eu podia vociferar contra os descalabros do poder público, fazer da corrupção escandalosa o meu assunto para esta catilinária. Mas não. Prefiro me ocupar de algo mais grave, muitíssimo mais grave, que é um desvio de conduta de líderes políticos desonestos, chamado populismo, utilizado para destruir a dignidade da massa ignara. Aliciar as classes sociais menos favorecidas é indecente e profundamente desonesto. Eles são ingênuos, pobres de espírito, analfabetos, excluídos?
Os miseráveis são. Mas votam, como qualquer cidadão produtivo, pagador de impostos.
Esta é a jogada. Suja... A televisão mostra ininterruptamente imagens de desespero social.
Neste momento em todos os países, pobres, emergentes ou ricos, a população luta, grita, protesta, mata, morre, reivindicando oportunidade de trabalho. Enquanto isto, aqui no País das Maravilhas, a presidente risonha e ricamente produzida anuncia um programa de estímulo à vagabundagem. Estamos na contramão da História, dona Dilma!
Pode ter certeza de que a senhora conseguiu agredir a inteligência da minoria de brasileiros e brasileiras que mourejam dia após dia para sustentar a máquina extraviada do governo petista.
Último lembrete: a pobreza é uma consequência da esmola... Corta a esmola que a pobreza acaba, como dois mais dois são quatro.
Não me leve a mal por este protesto público. Tenho obrigação de protestar, sabe por quê?
Porque, de cada delírio seu, quem paga a conta sou eu.


Atenciosamente,
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio
Fazenda Água Limpa, Uberlândia, em 16-05-2012


segunda-feira, 22 de abril de 2013

"A Força da Solidariedade"!


Conta-se que um poeta estava, um dia, passeando ao crepúsculo em uma floresta, quando, de repente, surgiu diante dele uma aparição do maior dos poetas.
O grande poeta disse ao apavorado poeta que o destino estava sorrindo para ele e que ele tinha sido escolhido para conhecer os segredos do Céu e do Inferno.
O grande poeta transportou-se então, junto ao poeta, ainda apavorado com experiência tão súbita, ao velho e místico rio que circundava aquela região. Entraram em uma canoa e o grande poeta instruiu o poeta para remar até o Inferno.
Quando chegaram, o poeta estava algo surpreso por encontrar um lugar semelhante à floresta onde estavam antes, e não feito de fogo e enxofre nem infestado de demônios alados e criaturas exalando fogo, como ele pensava.
O grande poeta pegou o poeta pela mão e levou-o por uma trilha. Logo o poeta sentiu, à medida que se aproximava de uma barreira de rochas e arbustos, o cheiro de um delicioso ensopado. Junto com o cheiro, entretanto, vinham misteriosos sons de lamentações e ranger de dentes. Ao contornar as rochas, deparou com uma cena incomum.
Havia uma grande clareira com muitas mesas grandes e redondas. No meio de cada mesa, havia uma enorme panela contendo um ensopado, cujo cheiro o poeta havia sentido, e cada mesa estava cercada de pessoas definhadas e famintas.
Cada pessoa segurava uma colher com a qual tentava comer o ensopado. Devido ao tamanho da mesa, entretanto, e por serem as colheres compridas de forma a alcançar a panela no centro, o cabo das colheres era duas vezes maior que os braços das pessoas.
Isso tornava impossível para qualquer daquelas pessoas colocarem a comida na boca. Havia muita luta e imprecações enquanto cada uma tentava desesperadamente pegar pelo menos uma gota do ensopado.
O poeta ficou muito abalado com aquela cena, fechou os olhos e suplicou ao grande poeta que o tirasse dali. Em um momento, eles estavam de volta à canoa e o grande poeta mostrou  como chegar até o Céu. Quando chegaram, o poeta surpreendeu-se novamente ao ver uma cena que não correspondia às suas expectativas.
Aquele lugar era quase exatamente igual ao que eles tinham acabado de sair. Não havia grandes portões de pérolas nem bandos de anjos a cantar. Novamente o grande poeta conduziu-o por uma trilha aonde o cheiro de comida vinha de trás de uma barreira de rochas e arbustos. Desta vez, entretanto, eles ouviram cantos e risadas quando se aproximaram.
Ao contornarem a barreira, o poeta ficou muito surpreso de encontrar um quadro idêntico ao que eles tinham acabado de ver no inferno; grandes mesas cercadas por pessoas com colheres de cabos, grandes também, e uma grande panela de ensopado no centro de cada mesa.
A única e essencial diferença, entre aquele grupo de pessoas e o que eles tinham visto no inferno, era que as pessoas neste grupo estavam usando sua colheres para alimentar uns aos outros.

Autor Desconhecido

domingo, 21 de abril de 2013

"Quando o Pai esquece o Filho"!

Um homem que se finge de burro é mais burro do que um burro honesto.
O que me dói é ver um pai casar de novo e esquecer o filho do primeiro casamento. Esquecer. Nenhum cartão de Natal ou presente debaixo da lareira.
É que ganhou um herdeiro do segundo casamento, está envolvido na escolha do enxoval, no anúncio do jornal, em fumar charuto com o sogro e com aquela vaidade suprema de ostentar para sua esposa que é experiente e sabe segurar a criança.
Ele apaga a casa anterior — com o que havia dentro dela — e se apega à casa recente. Entende que sua criança ou adolescente cresceu o suficiente para não depender mais dele. Nenhum filho cresce o suficiente para ser órfão de repente, não importa a idade.
Aquele filho a quem amava e criava com zelo, a quem aconselhava e trocava as fraldas passa a existir somente como uma pensão, uma linha do seu contracheque. Não pergunta. Não telefona. Não se encontra fora de hora. Está muito ocupado criando um bebê. O que dá para entender é que ele não ama o filho, mas a mulher com quem se encontra no momento. Faz qualquer coisa para agradá-la, inclusive negar a paternidade do primeiro casamento.
É do tipo ou tudo ou nada, ligado à figura masculina patriarcal, que oferece e tira conforme suas vantagens. Não é bem um pai, mas um latifundiário emocional, desconfiado, sob permanente ameaça de invasão de suas terras.
Mãe é diferente, sempre se elogia quando menciona seu filho. Mareja os olhos ao mexer na gaveta das camisas, coleciona bilhetes e desenhos, inventa uma porção de neologismos no abraço. Não se guarda para depois, para um melhor momento, está disposta a conversar pressentimentos e costurar recordações.
Pai costuma se omitir no momento do desabafo. É comedido demais para estar vivo. Troca de personalidade, de residência, de amor, o que precisar, no sentido de prevenir a sobrecarga de problemas. Para namorar, ele some por meses (exatamente o contrário da mãe, que administra o final de semana com o apoio da babá e da avó).
Homem ainda não conseguiu conciliar sua vida profissional com a afetiva. Não é capaz de unir nem a vida afetiva pregressa com a vida afetiva atual. Cuida de um afeto por vez. Pai não forma sindicato, não cria associação. Continua defendendo que ninguém tem o direito de se meter na vida dele e converte em inimigos os amigos que insinuam sua indisposição filial.
Ele se separou de uma mulher, não do seu filho, mas culpa o filho porque não consegue completar uma frase com a ex. Parte do princípio de que ajudando o filho está ajudando a ex. Gostaria de matá-la, mas então se mata para o filho.
Ou entende que seu filho deve procurá-lo, cria paranoias e neuroses para aliviar sua culpa. Age como um ressentido, fala mal do filho do primeiro casamento para a mulher do segundo casamento, alegando ingratidão. E a mulher do segundo casamento concorda com o absurdo porque está preocupada com o nenê e deseja a exclusividade do marido. E não entende que um irmão depende do outro irmão, que uma família não cresce por empréstimos.
Homem tem que aprender a sofrer em público, sofrer por um filho o que sofre por uma dor de cotovelo, apanhar das cólicas e da coriza, desabar numa mesa de bar, beber interurbanos, fechar a rua e o sobrenome para encurtar distâncias, chorar nas apresentações escolares, fingir abandono a cada despedida, para só assim mostrar que pai, pai mesmo, nunca será dispensável.

Fabrício Carpinejar

sábado, 20 de abril de 2013

"Pressões Sociais e Liberdade Individual"!


Acredito que possa ser de enorme valia dissecar certas peculiaridades das relações interpessoais e suas correlações com a questão da liberdade do ser humano. Apesar de já ter sido enfático na afirmação de que o prazer derivado da coerência entre os conceitos e a conduta, (é assim que defino a liberdade) está na dependência da maturidade individual, não se pode subestimar o caráter pernicioso das pressões do meio. É preciso uma grande força interior para ter condições de não ceder às repressões externas; se o meio social fosse menos homogeneizador, sem dúvida alguma mais pessoas teriam mais força para buscar um modo de ser coerente com suas convicções.
Fica claro também que os esquemas econômicos e políticos repressivos, e que sempre estão a serviço de trazer benefícios materiais exagerados a um pequeno grupo, têm um maior interesse na imaturidade e consequente fraqueza emocional das pessoas; é evidente que, nessas condições, elas ficam totalmente submetidas às ordens do meio, por não terem forças para suportar qualquer tipo de dor derivada das críticas e maledicências. E estas pessoas mais inseguras também atuam de um modo repressor em relação às outras pessoas.
Um exemplo, bem característico do que costuma acontecer no seio da família, poderá nos esclarecer bem. Um pai ou uma mãe inseguros se comportam exatamente conforme as normas de uma dada sociedade; se sentem profundamente infelizes e frustrados com suas vidas, sendo capazes de se perceber como covardes - ao menos consigo mesmos - por não terem dado às suas vidas uma direção diferente.
Temem o julgamento dos vizinhos, dos parentes e amigos e acham isto abominável.
Porém, se tiverem um filho que, na adolescência, tende para condutas extravagantes e pouco convencionais, imediatamente se transformam nos repressores dele. Temem, por ele, represálias que eles, pais, seriam incapazes de suportar; temem também as críticas diretas relativas ao seu modo de educar os filhos; e, principalmente, agem de modo repressivo por causa da inveja, que é um impulso agressivo derivado da admiração.
Os esquemas repressivos podem ser diretos, autoritários, ou mais sutis...
Os esquemas autoritários são de natureza primitiva, tanto através do exercício do poder efetivo que uma pessoa tenha sobre a outra (o pai pode impedir um filho de sair de casa, suprimir sua mesada etc.), como através da subtração das manifestações de afeto (ficar sem falar com um filho, mostrar-se indiferente e decepcionado etc.).
Os esquemas sutis são de natureza mais intelectualizada, tendo, por isso mesmo, uma aparência racional e lógica. O mais em voga tem a ver com o uso que muitas pessoas fazem das interpretações psicológicas. O modo como o conhecimento da subjetividade humana foi difundido pelos meios de comunicação em massa guarda apenas uma pálida semelhança com a grandeza do pensamento, sério e refinado, do grande nome e iniciador da psicologia como ciência, que foi Freud. Estabelecem-se rápidas e fáceis correlações entre os comportamentos atuais e eventuais experiências "traumáticas" do passado, todas elas com a finalidade de desqualificar a racionalidade da conduta afetiva. Assim, se os jovens se opõem aos padrões convencionais de sua família, isso será porque teve uma forte carência afetiva na infância e está agora apenas querendo chamar a atenção e atenuar suas frustrações afetivas. Será que as coisas são mesmo assim?
Será que se opor a padrões oficiais, mesmo quando seus seguidores não estão satisfeitos e se percebem como frustrados e covardes, é apenas uma manifestação de inadequação psicológica?
Não será um esforço sincero no sentido de buscar uma solução individual mais satisfatória, ao menos como ingrediente fundamental?


Flávio Gikovate

sexta-feira, 19 de abril de 2013

"Mito da Criação"!!!

Na eternidade existia o Ser, aquele que simplesmente é.
Percebendo o Ser que nada mais poderia haver ali além dele próprio, o Ser pensou: “que se faça a luz!”
E irradiou-se da eternidade para a ante-sala de seu Reino.
E, tendo preenchido todo o Reino, o Ser soube que era bom.
Movimentando-se em sua ante-sala, o Ser refletia sobre si mesmo.
E, a cada reflexão, um universo brotava de sua mente.
E assim, nesse movimento, universos iam e vinham de sua fronte, como num piscar de olhos.
E, tendo percebido que cada universo continha uma nova história, o Ser soube que era bom.
Seu plano para cada universo era cuidadosamente elaborado em sua mente, entre os momentos em que apenas refletia sobre si mesmo...
Cada universo tinha uma substância, e essa substância os preenchia por completo...
Cada estrela, planeta e partícula.
E para que houvesse movimento, o Ser permitiu que a substância fosse maleável.
E para que os seres conscientes que brotassem pudessem renascer quantas vezes fossem necessárias, o Ser permitiu que a maleabilidade da substância construísse uma sequência de eventos na consciência dos seres.
E para que tudo não fosse determinado, o Ser permitiu que um átimo dessa maleabilidade ficasse a cargo dos pensamentos e da vontade dos próprios seres conscientes.
Tendo erigido o infinito em seu próprio Reino, o Ser decidiu aventurar-se em seus próprios pensamentos.
E desde então tem sido testemunha do nascer e morrer dos sóis, do raro alvorecer de vidas em algumas de suas pedras, e até do surgimento de seres conscientes.
E tem observado todas as conquistas e desgraças, todas as juras de amor e todos os olhares indiferentes, e mesmo o início e o fim dos grandes impérios...
E tendo visto tudo isso, jubilou-se mesmo foi com o conhecimento que os seres elaboraram sobre o próprio Ser, pois que lembravam seus momentos de auto-reflexão.
Dizem os iniciados que vez por outra o viram, escondido no tronco oco de uma árvore ou atrás de uma nuvem... As vezes mesmo mais distante, navegando entre as estrelas...
E dizem eles ainda que alguns perguntaram seu nome, e ele simplesmente disse:

“Eu sou”.


Autor Desconhecido

quinta-feira, 18 de abril de 2013

" O Resultado de tuas Escolhas...Tua Vida"!!!


Talvez você pense que está deixando de viver muitas coisas, mas talvez você não esteja.
Você pode nem acreditar, mas neste momento existe alguém que gostaria de estar exatamente no teu lugar.
Tudo bem, talvez você não tenha a família perfeita ou o emprego dos seus sonhos. O lugar em que você vive pode não ser o melhor lugar do mundo, talvez você nunca tenha feito algo que você realmente quis ou que fosse significante, mas lembre-se: você sempre pode mudar isso.
É uma questão de escolha... E toda escolha demanda sabedoria.
Muitos dos problemas familiares não são, necessariamente, um problema familiar, mas um problema de sabedoria. Às vezes falta tato e maturidade para lidar com determinadas situações.
Muito do sentimento de vazio que porventura te assalta também é um problema de sabedoria... Falta discernimento para compreender e reconhecer o bem que há em teu estado e, acredite, você ama o lugar em que você vive, por mais que isto não pareça verdade.
Aquele desejo enorme de voar ante tanto céu, tanto ar, também é apenas mais um problema de discernimento: você pode voar, não há correntes amarrando teus pés.
Mas toda escolha tem suas desvantagens e você precisa ter preparo para elas.
Se você decide não voar por qualquer coisa que você supõe que te prenda, lembre-se, isto também é escolha sua, e se não te faz feliz inicialmente, te esforce para ser feliz durante e finalmente.
Entretanto, repare que muitas pessoas angustiam-se desejando que sua vida seja significante para si próprias, mas eu te digo, tanto melhor é que tua vida seja significante para as outras pessoas.
Neste momento alguém precisa de você, mais do que você precisa de alguém.

 Augusto Branco

quarta-feira, 17 de abril de 2013

"O Passado e o Futuro"...


O passado e o futuro estão dentro de vós, e não fora de vós.
O passado é como uma trilha de migalhas de pão que delimita o caminho que percorremos na floresta, e os degraus que subimos na montanha.
Ele também nos aponta as armadilhas e os trechos sem saída. Ele nos traz a história de todos os nossos irmãos, que seguiram por este mesmo caminho, em eras de outrora.
Porém, não se admirem demasiadamente com o passado.
Não queiram viver uma vida que já não existe mais; não queiram seguir a trilha reversa, atrás de migalhas que não estão mais lá.
Que a natureza não se detém em tempo algum. Os rios fluem sem cessar, e toda represa um dia encontra um caminho para vencer o concreto e seguir em frente... Não sejam represas, sejam rios!
Que a vida segue apenas em uma única direção: adiante...E todos aqueles que ignoram tal verdade, se tornam mortos enquanto vivos, cheios de lágrimas represadas.
E o futuro, este é o hóspede que ainda não chegou. Portanto, não se preocupem em arrumar a casa para ele, pois que ele tampouco avisou quando irá chegar.
Talvez, sejamos nós que tenhamos de chegar a sua casa. Talvez ele more no cume da montanha, e seu convite seja como um chamamento, para que prossigamos a subir, sem mourejar.
E quando chegarmos lá no alto, veremos que de nada adiantou toda essa preocupação com sua visita... Todos os jantares e todas as mesas postas, tudo em vão.
Foi no café da manhã que chegamos em sua morada, e lá do alto víamos o vale ensolarado e toda a extensão de nossas vidas na floresta.
E soubemos que a mesa estava posta para nós, e não para o hóspede.
Que o hóspede era na verdade o anfitrião.
Que a vida não atende aos nossos compromissos: ela tem os seus próprios.
E da sua agenda, a vida mesmo cuida... Que nada foi gravado em pedra.
E todas as coisas fluem, como as estações do ano. E todas as histórias se encerram em um único momento. Este é o momento que realmente nos importa...
A vida se vive neste farfalhar de grama, nesta brisa incessante, neste aroma eterno de primavera.

 Gibran Kahlil Gibran

terça-feira, 16 de abril de 2013

"Cego é aquele que não quer Ver"!

Pode ter certeza... Nada acontece da noite para o dia, ou seja, sem que nenhum evento explícito ou mesmo algum sinal anterior tenha indicado o rumo dos acontecimentos. Isto é, no amor e na vida em geral, vale ficar atento ao dito popular "cego é aquele que não quer ver!".
Gente cega, ou melhor, não querendo ver existe aos montes. E é até compreensível se considerarmos que ninguém, em sã consciência, fica esperando ansiosamente para que tudo dê errado em sua própria vida. Então, preferimos não acreditar, nem pensar, talvez disfarçar ou até tentar driblar o destino tal qual ele anda se mostrando.
Mas o fato é que a vida avisa, sim... Sempre manda sinais. E quanto mais a gente finge que não vê, quanto mais a gente insiste em agir como se estivesse tudo certo, ignorando dores, incômodos e irritações, mais desastrosas serão as consequências. Mais difícil vai se tornar o conserto. Mais distantes ficaremos do que é essencial.
A questão é: o que fazer diante da constatação de que algo precisa ser mudado? Como lidar com a percepção, intuição ou sensação de que seu relacionamento anda mal, estranho, desequilibrado, fragilizado ou adoecido?
Bem, reconhecer esse quadro emocional já é um bom começo, mas nada de pânico ou ansiedade descontrolada, porque isso só serve para levá-lo a conclusões e ações precipitadas e, muito provavelmente, equivocadas.
Sendo assim, respire fundo e, neste exato momento, apenas relaxe os músculos e se dê um tempinho para refletir sobre qual a melhor atitude a tomar.
Tome consciência do que é seu neste cenário. Quais são os seus sentimentos?
O que você realmente quer? Quanto está disposto a tentar curar e salvar esse amor, de verdade? Não se deixe enganar pelo orgulho ou pelo medo. Encha-se de bom senso e de sua inteligência afetiva.
Lembre-se de que toda história, inclusive esta história que você está vivendo agora, tem dois lados... O seu e o da outra pessoa. Cada um enxerga o que está acontecendo a partir de suas crenças, de seus valores e do modo como aprendeu a validar cada um deles. Portanto, saiba que você terá de ouvir e considerar o que o outro está sentindo e pensando sobre o que estão vivendo. Sem isso, não há nem como começar qualquer boa intenção...
Depois, com os pensamentos e os sentimentos mais claros para si mesmo, tente ser o mais coerente possível. Não porque qualquer parte disso tudo tenha a ver com um estar certo e o outro estar errado ou quem tem mais razão ou mais certezas. Mas porque a felicidade só é possível no encontro íntegro e honesto entre o que você deseja, pensa, sente e faz.
Adoraria poder dizer que, ao se dispor a ouvir a versão do outro e ao se dispor também a falar sinceramente sobre o modo com que você enxerga esta situação, o que vai mal passaria a ir bem. Mas não é exatamente assim que os problemas se resolvem. Aliás, nem me atreveria a dizer que as questões do amor se tratam de problemas a serem resolvidos.
Amar é um exercício diário que tem muito mais a ver com flexibilidade, ajustes, crescimento e amadurecimento do que com posturas enrijecidas e inflexíveis ou decisões absolutas. Nada é absoluto no amor porque ele é vivo, pulsa, vibra e transforma - a si, ao outro e ao mundo!
Quanto mais você olhar de frente, quanto mais você se ver e reconhecer o que é seu, diferenciando-se do outro e admitindo que os dois estão implicados no rumo que esta relação tomou para que chegasse onde está, mais preparado para lidar com o que vier você estará.
Pode ser dor, aprendizado, culpa, raiva, medo, insegurança e tristeza. E tudo isso faz parte de um encontro verdadeiro. Mas pode ser também, e certamente será, uma humanidade linda, mais amor, perdão, alegria e compreensão.
E, sobretudo, a percepção de que não existe nada mais incrível e mágico do que encarar o próprio coração e o coração do outro como a maior oportunidade de se descobrir fazendo tudo isso valer muito a pena!


Rosana Braga

segunda-feira, 15 de abril de 2013

"Sobre... Humilhação"!

Durante uma vida a gente é capaz de sentir de tudo, são inúmeras as sensações que nos invadem, e delas a arte igualmente já se serviu com fartura. Paixão, saudades, culpa, dor-de-cotovelo, remorso, excitação, otimismo, desejo... Sabemos reconhecer cada uma destas alegrias e tristezas, não há muita novidade, já vivenciamos um pouco de cada coisa, e o que não foi vivenciado foi ao menos testemunhado através de filmes, novelas, letras de música.
Há um sentimento, no entanto, que não aparece muito, não protagoniza cenas de cinema nem vira versos com freqüência, e quando a gente sente na própria pele, é como se fosse uma visita incômoda. De humilhação que falo.
Há muitas maneiras de uma pessoa se sentir humilhada. A mais comum é aquela em que alguém nos menospreza diretamente, nos reduz, nos coloca no nosso devido lugar... Que lugar é este que não permite movimento, travessia?. Geralmente são opressões hierárquicas: patrão-empregado, professor-aluno, adulto-criança. Respeitamos a hierarquia, mas não engolimos a soberba alheia, e este tipo de humilhação só não causa maior estrago porque sabemos que ele é fruto da arrogância, e os arrogantes nada mais são do que pessoas com complexo de inferioridade. Humilham para não se sentirem humilhados.
Mas e quando a humilhação não é fruto da hierarquia, mas de algo muito maior e mais massacrante: o desconhecimento sobre nós mesmos? Tentamos superar uma dor antiga e não conseguimos. Procuramos ficar amigos de quem já amamos e caímos em velhas ciladas armadas pelo coração. Oferecemos nosso corpo e nosso carinho para quem já não precisa nem de um nem de outro. Motivos nobres, mas os resultados são vexatórios.
Nesses casos, não houve maldade, ninguém pretendeu nos desdenhar...
Estivemos apenas enfrentando o desconhecido: nós mesmos, nossas fraquezas, nossas emoções mais escondidas, aquelas que julgávamos superadas, para sempre adormecidas, mas que de vez em quando acordam para, impiedosas, nos colocar em nosso devido lugar.


 Martha Medeiros

domingo, 14 de abril de 2013

"A Impunidade no Brasil"!

Não é novidade que no Brasil a impunidade é uma questão muito debatida em protestos, porém nunca resolvida. Muitos fazem crítica a este erro inaceitável do poder público, mas parece que estamos longe de alcançarmos o direito de vermos punidos aqueles que assolam a sociedade.
A Human Rights Watch, uma organização de defesa dos direitos humanos, criticou duramente os atos impunes na justiça brasileira. Segundo a ONG, os abusos aos direitos humanos no Brasil são significativos, pois no país há muita impunidade e há ainda a falta de acesso à Justiça. Afirmou ainda que os policiais são muito corruptos e que as condições das prisões brasileiras são muito ruins.
O caso é que a Justiça brasileira é cega até demais, cega e surda! Parece que ninguém é punido. As prisões vivem lotadas e quem comanda dentro das cadeias são os bandidos.
Isso é resultado de uma política aberta a atos viciosos que contemplam a fidalguia e aflige aos pobres. Todavia o problema vai além disso, porque concerne a corrupção e a ameaça aos homens dotados da lei, concerne vícios e interesses econômicos (entendendo-lhe como uma associação direta entre dinheiro e corrupção).
A maioridade deveria, em força da lei, se alinhar à idade em que o indivíduo é considerado cidadão, 16 anos, para que houvesse menos atos impunes.
Enfim, há diversas medidas que podem ser tomadas; porém o problema é muito maior do que imaginamos, uma vez que o Supremo Tribunal Federal olvida estas conversações e dialogam entre si (os membros do STF) como se tivessem os mais altos títulos nobiliárquicos e, assim sendo, decidem sozinhos o que é certo e errado se tratando da inconsistente justiça brasileira.


Ronyvaldo Barros dos Santos

sábado, 13 de abril de 2013

"Lenda Chinesa"!

Era uma vez, uma jovem chamada Lin,  casou e foi viver com o marido para a casa da sogra. Passados uns anos começou a perceber que era árduo viver com a sua sogra. O temperamento de ambas eram incompatíveis e Lin irritava-se com os hábitos, rotinas e criticava-a cada vez com mais afinco. Com o passar dos tempos, as coisas foram piorando, chegando a um ponto tal de se tornar insuportável. No entanto, e para infelicidade de Lin, segundo as antigas tradições chinesas, a nora tem que estar sempre ao serviço da sogra e obedecer-lhe em tudo.
Mas Lin, não conseguindo suportar mas aquela situação tão dolorosa, tomou uma decisão séria e foi consultar um Mestre, velho amigo do seu pai.
Depois de ouvir a jovem, o Mestre Huang pegou numas ervas medicinais e disse-lhe:
“Para te livrares da tua sogra, não as deves usar todas as ervas de uma só vez, pois isso poderá causar suspeitas.
Vais misturando as ervas com a comida, pouco a pouco, dia após dia, e assim ela irá ser envenenada lentamente.
Mas para teres a certeza de não existir suspeitas quando ela morrer, deves trata-la com muito carinho e amizade. Não discutas, e ajuda-a a resolver os seus problemas.”
Lin respondeu:
"Obrigada, Mestre Huang, irei fazer ao pormenor tudo aquilo que me disse.”
Lin ficou contente e voltou para casa entusiasmada com o seu plano de assassinar a sogra. Durante varias semanas, Lin serviu, dia sim dia não, uma refeição preparada especialmente para a sogra. Tendo sempre presente a recomendação do Mestre Huang para evitar quaisquer suspeitas sobre si e o seu plano; controlava as suas atitudes e comportamentos irracionais e difíceis, obedecia à sogra em tudo e acima de tudo tratava-a como se fosse a sua própria mãe.
Passados seis meses, toda a família estava diferente. Lin controlava bem o seu temperamento e para seu espanto quase nunca se aborrecia. Durante este meses, não chegou a ter uma única discussão com a sua sogra, esta por sua vez também se mostrava mais amável e atenciosa.
As atitudes da sogra também sofreram mudanças e ambas passaram-se a tratar como mãe e filha.
Certo dia, Lin correu a procurar o Mestre Huang para mais uma vez lhe pedir ajuda.
“Mestre, Mestre, por favor...ajude-me a evitar que o veneno acabe com a vida da minha sogra. Ela transformou-se numa mulher agradável e gosto tanto dela como se fosse a minha própria mãe.”
O Mestre Huang sorriu e abanou a cabeça:
“Lin, não te preocupes...a tua sogra não mudou. Quem mudou foste tu e as ervas que te dei são vitaminas. O veneno estava nas tuas próprias atitudes, mas com o tempo foi substituído pelo amor e carinho que lhe foste dedicando."

 Os árabes têm um provérbio que diz:
 “O nosso inimigo, não é aquele que nos odeia, mas aquele que nós odiamos.”
Na China, existe outro provérbio:
 “A pessoa que ama os outros também será amada”


Autor Desconhecido

sexta-feira, 12 de abril de 2013

"Polaridades Masculina e Feminina"...

Nas gerações passadas, e mesmo hoje, homens e mulheres, desde criancinhas eram programados para serem Masculinos e Femininas e isto significava dois mundos separados, apartados e totalmente distintos.
Aos homens, era vedado e proibido tudo que representasse o feminino e, de modo correspondente e oposto, às meninas era vedado como tabu tudo que representasse o mundo masculino. Para meninos havia um horizonte prescrito de competição, vida fora do lar, ambição de poder e a perspectiva de se tornar um guerreiro heróico, um "caçador" competitivo, que iria trazer comida para dentro de casa.
Para as meninas, o horizonte prescrito era o de ser mãe, professora, saber cozinhar, limpar, desenvolver-se em "prendas domésticas" e se tornar administradora de um lar e de uma família.
Cada qual era treinado para cumprir seu "destino" como homem ou como mulher. Repetir os papéis tradicionais desempenhados pelos ancestrais era a única perspectiva reinante.
Estes padrões quebraram-se nos tempos modernos, não somente por motivos sócio-culturais, financeiros/econômicos ou mercadológicos. O maior motivo é a necessária evolução psicológica.
A evolução psicológica está levando homens e mulheres não mais à procura de suas "caras metades" (cada qual em sua especialidade) e, sim, impulsionando um e outro na direção de uma integração de polaridades no universo íntimo de cada um, integração esta a ser exercida e desenvolvida nos relacionamentos interpessoais. Esse passa a ser o desejo dos que estão evolução: o de uma complementação íntima que solucione os inúmeros defeitos e conflitos de uma aproximação do companheiro motivada por carência, medo de ficar só ou outro motivo menos honroso. Buscar o parceiro para sentir-se mais completo já mostrou que é um objetivo falido e sem saída.
Por outro lado, na vida prática, já não basta que o homem vá para o mundo externo e a mulher permaneça circunscrita ao mundo interno do lar, cada qual fazendo "Sempre" o que o outro "Nunca" faz. Esta fase esgotou-se de seu sentido de mútua assistência e compensação entre Polaridades.
Agora o desafio psicológico é o de desenvolver e assimilar à personalidade, ambas as polaridades, oscilar ocasionalmente entre os pares de opostos e esta fluência entre os pares de opostos nos fez enfrentar desafios e a procurar respostas para conflitos inimagináveis para as gerações mais antigas.
Para os homens surgiu a tarefa-desafio de assimilar à personalidade a sua polaridade feminina. Correspondentemente, às mulheres coube o desafio-tarefa de assimilar aspectos e qualidades antes restritas aos homens em geral.
Tanto para uns quanto para os outros, isto implicou em quebras de tabus e de proibições ancestrais e a incorporação de aspectos femininos pelos homens e dos masculinos pelas mulheres se tornou imperiosa. Para os homens, nunca pareceu interessante fazer isto, em especial por representar para eles uma quase insuportável perda de poder e de autonomia. Já para as mulheres, a assimilação de componentes da polaridade masculina sempre pareceu atraente e desejável, justamente por significar ter mais autonomia, liberdade, poder e autoestima crescentes.
Hoje temos que falar em Polaridades Psíquicas se quisermos entender o que se passa entre os homens, entre as mulheres e na vida conjugal em geral.
O fato de alguém nascer como um exemplar de Macho não depende das polaridades existentes, pois podemos encontrar entre os homens o Macho/Masculino e o Macho/Feminino.
Do mesmo modo entre as fêmeas de nossa espécie podemos encontrar a Fêmea/Feminina e a Fêmea/Masculina. Então, acabaram-se os papéis prescritos...
A necessidade de integração psicológica das polaridades criou variantes e alternativas que foram, em outras épocas, inimagináveis. Tanto para as mulheres quanto para os homens a mudança foi brutal.
Um quadro muito simplificado (apenas para o nosso entendimento) dos pares de opostos que concorrem em nosso íntimo pode ser o seguinte:
Pólo Masculino... Pólo Feminino - Separação... União - Autonomia... Cooperação - Agressão... Timidez - Ativo... Passivo - Elétrico... Magnético - Diurno... Noturno - Potência... Impotência - Ação... Inércia - Mestre.. Discípulo - Comando... Obediência - Provedor... Dependente.
Enquanto que o cérebro egóico, intelectual, analista, explicativo, linear e absolutamente preso ao mundo dos sentidos funcionava no Princípio de Separação do Um-Ou, seu cérebro pode passar a funcionar no Princípio da Unidade do Ambos-Sempre.
Descrever esse fenômeno como sendo relacionado aos hemisférios cerebrais é apenas uma analogia que ajuda a entender como somos atingidos e sofremos impactos pela divisão em pares de opostos.
Na prática, estou dizendo que você sempre funcionou mentalmente na base do "Um ou Outro" dos pares de opostos, Alguém que é sempre Passivo não é nunca Ativo e vice-versa. A vida que se baseie em um lado da moeda ou a que se baseie no outro lado dela obriga que exista o desequilíbrio íntimo. Mudamos todos paulatinamente da experiência desintegradora e separativa do "Ou" para o mundo integrativo do "E". O ego-pensante é separativo e lida com as partes melhor do que com o todo. O Eu Superior à Consciência é capaz de integrar em uma compreensão o choque entre os opostos.
Quem se identifica com "Um" lado de um Par de Oposto aplica a esta pseudo-escolha a regra do "Sempre" e só dá aceitação e valor positivo às polaridades com as quais se identifica. Então, você chama de Bom este lado do par de opostos com o qual se identificou. Vice-versa, a polaridade oposta, o outro lado do par, acaba qualificado como Mau e recebe a marca do "Nunca".
Se você "Sempre" funciona como Independência, então, o correspondente "Nunca" se aplica à sua porção Dependência , no par de opostos descrito no quadro acima.
Na verdade, e na medida de sua conscientização do fenômeno em curso, os hemisférios masculino e feminino, estão agora, não somente se unificando, eles estão se integrando no momento mesmo em que você usa seu cérebro.
Uma transformação psicológica e fisiológica está acontecendo e a conscientização de "Ambos" os pares de Opostos e sua integração psicológica em cada indivíduo está se tornando vital para o desenvolvimento do ser humano.


Luis Vasconcellos