Somos Anjos e Mestres!
Todos nós sabemos alguma coisa que alguém, em algum lugar, precisa aprender e, por vezes, nós mesmos recordarmos.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

"O Saudosismo... E O... Hoje Em Dia"!!!


Salve as histórias contadas, os causos, as memórias ainda vivas em mentes férteis, a disposição e competência para contá-las.
Mesmo profissionalmente, sempre digo que é impossível planejar o futuro, sem um histórico para se ter uma base de informações anteriores e com isso poder planejar e projetar o porvir.
Há quem diga que a contação de histórias, de casos e causos é puro e pobre saudosismo. Não é... É valorização da história vivida e importante para a formação de conceitos e busca de experiências para se fazer o melhor no futuro. Não fosse assim, a cultura com um todo, não estaria atrelada aos livros, ao estudo da história universal, aos museus e suas mostras e tudo que se estuda sobre o passado para se entender o presente e poder pressupor o futuro.
Da mesma forma que vivo ouvindo o falatório de que é falta de praticidade, falta de objetividade, quando alguém se alonga na exposição e nos detalhes do relato de fatos; vejo sim é falta de capacidade ou de habilidade das pessoas que fazem tais críticas, que não conseguem versar suas idéias, histórias e conceitos, de forma mais rica, de forma mais clara, por absoluta falta de conhecimento gramatical, por pobreza de vocabulário ou mesmo por cegueira de argumentos.
Pobreza é essa história do "hoje em dia". Para mim, não existe expressão mais chula, mais pobre, mais vazia, que essa história do "hoje em dia".
Como se todos os hábitos, se todas as vidas, se toda a vivência fosse apagada todo dia e somente o hoje valesse e como se o hoje fosse sempre diferente do ontem. Vejo nessa expressão, uma absurda pedância de modernidade vazia e besta, como se apagar o passado e tudo de bom que se fez e que reflete no presente e refletirá no futuro, fosse inútil e oco.
Se a tecnologia, se a comunicação realmente muda e evolui a cada dia, numa velocidade crescentemente galopante, nós homens, não mudamos assim, com essa dinâmica. Nossa memória genética sempre está muito bem fincada, enraizada e ditando nossos sentidos, nossa intuição e a mudança, a evolução humana, é muito lenta. Muito mais lenta que os hipócritas desejam.
Exatamente esse desprezo ao ontem, à história e às origens, das quais nossas ações instintivas não fogem, é que provocam tantos e tantos conflitos nas almas de tantos moderninhos chulos e que se apegam a coisas todas do “hoje em dia”, como droga, álcool e virtualidades, para tentar conciliar seus sentidos instintivos, com seus modernos desejos impostos pelo “hoje em dia”
Essa frustrada e pobre expressão "hoje em dia", usada em demasia e de forma abusada, soa para mim absolutamente azeda, vazia, inculta e hipócrita, num desrespeito idiota da própria evolução.
Da mesma forma que a cada dia ouço mais e mais em meio a exposição de respostas, a expressão "na verdade", "vou lhe falar a verdade" e outras tantas formas de invocar a verdade, que cada vez que alguém fala comigo usando tais expressões, não raras vezes já retruco: "Então tudo que dissestes até agora era mentira?" Então quando você não começar a frase com essa expressão "na verdade", é tudo mentira?
São, pois, quatro coisas que me “aporrinham”; a cultura sendo taxada de saudosismo, a riqueza de vocabulário e conhecimento apelidado de falta de praticidade, a ignorância somada a pedância do modernismo idiota sendo mascarada pelo “hoje em dia” e a verdade precisando ser afirmado como intróito, cada vez que ela, a verdade, estará sendo utilizada.
Assim, nessas poucas linhas finais, tentei sintetizar – não por falta de vocabulário nem verbos, nem adjetivos – a diferença entre a cultura e o bom senso, fundamentado no estudo e na história, comparada a intelectualidade virtual dos cartões postais, do “ouvi dizer”e do “hoje em dia”, bem do jeito que uma banda de rock (Kid Abelha), já ultramoderna e hoje já constando do saudosismo, dita em sua música mais conhecida, que mencionava:”conheço quase o mundo inteiro, por cartão postal. E sei de quase tudo um pouco, mas quase tudo mal.

E A Coelho


terça-feira, 27 de outubro de 2015

"Será Que Temos Fé?"!!!


Muitos de nós estamos no mesmo barco...
Acreditamos numa força superior que nos criou e que é Luz e Amor, nos acompanha em todos os momentos, principalmente se o permitirmos. A essa crença chamamos FÉ. Ocorreu-me fazer algumas perguntas bastante desafiadoras, a mim mesma, com referência a essa certeza que dizemos ter.
- Será que apesar de toda a tristeza que está presente em nosso viver atual, continuaremos firmes e sem entrar em depressão, em desânimo?
- Será que mesmo sentindo uma indignação tão grande diante dos acontecimentos estarrecedores que estamos sendo obrigados a conhecer, poderemos nos manter equilibrados?
- Será que na vida corrida de hoje em dia, quando nossos amigos não têm tempo de nos procurar, nossos familiares também, continuaremos seguros do amor de cada um deles, procurando compreender as suas razões para tal atitude?
- Será que, embora cercados de convites ao consumismo desenfreado, ao uso de drogas as mais diversas, lícitas ou ilícitas, seremos capazes de resistir e seguir adiante, apoiados em nossa essência?
- Será que num mundo onde falar de ternura, amor, compreensão, compaixão, romantismo, se tornou piegas e ultrapassado, ainda continuaremos a expressar os nossos sentimentos mais carinhosos, sempre que a oportunidade se apresentar?
Tudo isso e muito mais, poderia enumerar, mas me cansaria e a você também.
Enfim, se apesar de vivermos imersos neste mundo sombrio a maior parte do tempo, pudermos manter nossa luz acesa, nossa esperança viva, nossas alegria pronta a se expressar, nossa pureza intacta... sim, SOMOS PESSOAS QUE TÊM FÉ!
Penso que ter fé não é manifestar isto apenas através de idas a templos, recitação de preces prontas, novenas, mas sim, ter uma vida feliz - apesar da maré contra!
A Fé precisa ser vivida, mostrar pra que veio...
Ou eu acredito na Divina Ordem que mantém todo o Universo harmonioso, ou não.
Se acreditar, não posso desanimar por muito tempo...
Se cair, a Fé vai me levantar.
Ela dá a cada um de nós saúde e anticorpos contra todas as malevolências e tristezas dessa vida. Ela nos faz mais fortes e seguros a cada queda e nos impulsiona pra frente, mesmo que o cansaço esteja nos amolecendo...
Esta é a verdadeira Fé... Nasce no coração, se apóia nos estudos e sabedoria de todos os Mestres –festejados ou não– que já passaram por este nosso pequeno planeta azul e deixaram suas contribuições.
A Fé precisa ser validada pela razão, ou não terá força para se conservar viva nos infortúnios. O raciocínio, em cada um de nós, precisa dizer “sim” ao que a fé nos acena e hoje a ciência já consegue nos ajudar perfeitamente nisto.
Basta que a gente se interesse em estudar e o estudo atualmente pode ser gratuito e livre - pois a Internet contém um Universo de informação, para quem quiser se aprofundar; livros existem aos montes; enfim, não falta informação.
Se acreditar que sou energia num corpo, preciso usar bem o meu pensamento, ou estarei prejudicando a mim mesma e aos outros. Enfim, a verdade é que o momento mundial está exigindo coerência, integridade.
A idade das trevas já passou há alguns séculos. A ciência nos iniciou na idade da razão e o que precisamos é compreender melhor e com segurança o que estamos fazendo aqui, neste mundo material, mesmo sendo espíritos.
Se a nossa Fé não for segura, embasada em respostas confiáveis –para nós– talvez não suportemos os grandes desafios deste nosso tempo de grandes verdades, mas também de muitas mentiras...
Quem nos responde à pergunta se realmente somos pessoas de Fé é o nosso coração. Ele não nos mente jamais. É difícil falar sobre o sentir, pois eu sinceramente fico sem palavras pra explicá-lo. Mas penso que você sabe do que estou falando. Quando sentimos, não duvidamos. Não precisamos de teorias complicadas, de teoremas difíceis - apenas sentimos. A Fé é também assim.
O Amor que nos criou está nos esperando... Precisamos andar com Fé e não podemos nos atrasar muito, pois o momento é este. O trem está partindo da estação em direção a um novo momento de mais paz, mais harmonia e mais luz!

Maria Cristina Tanajura 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

"Estamos Desabituados do Trabalho de Verificar"!!!

Todos nós hoje nos desabituamos, ou antes nos desembaraçamos alegremente, do penoso trabalho de verificar.
É com impressões fluídas que formamos as nossas maciças conclusões.
Para julgar em Política o facto mais complexo, largamente nos contentamos com um boato, mal escutado a uma esquina, numa manhã de vento.
Para apreciar em Literatura o livro mais profundo, atulhado de ideias novas, que o amor de extensos anos fortemente encadeou, apenas nos basta folhear aqui e além uma página, através do fumo escurecedor do charuto. Principalmente para condenar, a nossa ligeireza é fulminante.
Com que soberana facilidade declaramos:-"Este é uma besta! Aquele é um maroto!"
Para proclamar:-"É um gênio" ou "É um santo", oferecemos uma resistência mais considerada.
Mas ainda assim, quando uma boa digestão ou a macia luz de um céu de Maio nos inclinam à benevolência, também concedemos bizarramente, e só com lançar um olhar distraído sobre o eleito, a coroa ou a auréola, e aí empurramos para a popularidade um maganão enfeitado de louros ou nimbado de raios.
Assim passamos o nosso bendito dia a estampar rótulos definitivos no dorso dos homens e das coisas. Não há ação individual ou colectiva, personalidade ou obra humana, sobre que não estejamos prontos a promulgar rotundamente uma opinião bojuda E a opinião tem sempre, e apenas, por base aquele pequenino lado do fato, do homem, da obra, que perpassou num relance ante os nossos olhos escorregadios e fortuitos.
Por um gesto julgamos um carácter: por um carácter avaliamos um povo.

Eça de Queirós

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

"Tuareg"! Você Tem O Relógio ... Eu Tenho O Tempo!!!

Não sei minha idade. Nasci no Deserto do Saara, sem documentos.
- Nasci em um acampamento dos nômades tuaregs entre Timbuctu e Gao, ao norte de Mali, Fui pastor de camelos, cabras, cordeiros e vacas de meu pai.
Hoje estudo gestão na Universidade de Montpellier. Estou solteiro. Defendo aos pastores tuaregs. Sou muçulmano, sem fanatismo.
- Que turbante tão formoso!
É uma fina tela de algodão: permite tapar o rosto no deserto, e continuar a ver e respirar através dele.
- É de um azul belíssimo…
Nós, os tuaregs, somos chamados de homens azuis por isso:
- O tecido solta alguma tinta e nossa pele adquire tons azulados
- Como conseguem esse tom de azul anil?
- Com uma planta chamada índigo, mesclada com outros pigmentos naturais.
Para os tuaregs o azul é a cor do mundo.
- Porque?
- É a cor dominante: é a cor do céu, do teto de nossa casa.
- Quem são os tuaregs?
Tuareg significa “abandonados”, porque somos um velho povo nômade do deserto, solitários e orgulhosos: “Senhores do Deserto, é como nos chamam. Nossa etnia é a amasigh (bereber), e o nosso alfabeto, o tifinagh.
- Quantos são?
- Uns três milhões, e a maioria permanece nômade.
Mas a população diminue. “É preciso que um povo desapareça, para que saibamos que ele existiu!” Apregoava um sábio. Eu luto para preservar esse povo.
- A que se dedicam?
- Pastoremos rebanhos de camelos, cabras, cordeiros, vacas e asnos num reino de imensidão e de silêncio
- O deserto é realmente tão silencioso?
- Quando se está sozinho naquele silêncio, ouve-se o batimento do próprio coração. Não há lugar melhor para se estar sozinho.
- Quais recordações de sua infância vc conserva com maior nitidez?
- Desperto com a luz do sol e ali estão as cabras de meu pai. Elas nos dão leite e carne, nós a levamos onde há água e pasto… Assim fizeram meu bizavô, meu avô e meu pai… e eu.
- Não havia outra coisa no mundo além disso. E eu era muito feliz com isso.
- Mas é muito! Aos sete anos já te deixam afastar-se do acampamento para que aprendas coisas importantes: farejar o ar, escutar, apurar a vista, orientar-se pelo sol e as estrelas… E a deixar-se levar pelo camelo, se vc se perder.
Ele te levará onde há água.
- Saber isso é valioso, sem dúvida…
-Ali tudo é simples e profundo.
Existem muito poucas coisas. E cada uma tem um enorme valor!
- Então esse mundo e aquele são muito diferentes, não?
-Ali cada pequena coisa te proporciona felicidade.
Cada toque é valorizado. Sentimos uma enorme alegria pelo simples fato de nos tocarmos e estarmos juntos. Ali ninguém sonha com chegar a ser, porque cada um já o é!
- O que mais o chocou em sua primeira viagem à Europa?
- Ver as pessoas correndo pelo aeroporto. No deserto só se corre quando vem uma tempestade de areia. Me assustei. É claro!
Eles apenas iam buscar suas malas…
- Sim! Era isso. Também vi cartazes de mulheres nuas. Me perguntei: porque essa falta de respeito para com a mulher?
Depois, no Íbis Hotel, vi a primeira torneira da minha vida, vi a água correndo e senti vontade de chorar…
- Que abundância! Que desperdício! Não?
- Todos os dias da minha vida consistiam-se em procurar água.
Quando vejo as fontes ornamentais aquí e acolá, continuo sentindo por dentro uma dor tão intensa…
-Tanto assim?
- Sim! No começo dos anos 90 houve uma grande seca. Morreram os animais e nós adoecemos. Eu tinha uns 12 anos e minha mãe morreu. Ela era tudo para mim! Me contava histórias e ensinou-me a contá-las muito bem. Ela me ensinou a ser eu mesmo.
- O que sucedeu com sua família?
- Convenci meu pai que me deixasse ir à escola. Quase todo dia caminhava 15km. Até que um dia o professor me arranjou um lugar para dormir e uma senhora me dava o que comer, quando eu passava em frente à sua casa.
Entendi que essa ajuda vinha de minha mãe.
- De onde surgiu esse desejo de estudar?
Uns dois anos antes, havia passado pelo nosso acampamento o rally Paris-Dakar, e uma jornalista deixou cair um livro de sua Mochila. Eu o apanhei e lhe entreguei. Ela me deu o mesmo de presente. Era um exemplar do Pequeno Príncipe e eu me prometi que um dia conseguiria lê-lo.
- E conseguiu.
- Sim! Foi assim que consegui uma bolsa de estudos na França.
- Um Tuareg na universidade!
- Ah, o que mais sinto falta aqui é o leite de camela... E o calor da
fogueira, e de andar com os pés descalços na areia quente.
Lá nós olhamos as estrelas todas as noites e cada estrela é diferente das outras como cada cabra é diferente. Aqui, à noite, você olha para TV.
- Sim! E o que vc acha pior aqui?
- Vocês tem tudo, mas não acham suficiente. Vocês se queixam.
Na França passam a vida reclamando! Aprisionam-se pelo resto da vida à uma dívida bancária, num desejo de possuir tudo rapidamente ...
No deserto não há congestionamentos. E você sabe por quê?
Porque lá ninguém quer ultrapassar ninguém!
- Conte-me um momento de extrema felicidade no seu deserto distante.
- Todo dia, duas horas antes do pôr do sol: a temperatura abaixa, mas ainda não chegou o frio, e os homens e os animais, lentamente voltam para o acampamento e seus perfis são recortados em um céu cor de rosa, azul, vermelho, amarelo, verde...
Fascinante, na verdade...
É um momento mágico ...
Entramos todos na cabana e colocamos o chá para ferver.
Sentamo-nos em silêncio, a ouvir a ebulição ...A calma invade todos nós, e o nosso coração bate ao ritmo do barulho da fervura...
-Que paz!
- Aquí vocês tem relógio…lá temos TEMPO.
VOCÊ TEM O RELÓGIO, EU TENHO O TEMPO!
NA NOSSA VIDA O TEMPO NÃO DEVE SER APENAS O MARCADO NO RELÓGIO.
QUANTAS VEZES NOS NOSSOS DIAS NOS FALTA “O TEMPO”?
O tempo é como um rio.Você não pode tocar a mesma água duas vezes, porque a água que passou, não passará de novo. Aproveite cada momento da vida...
ENCONTRE TEMPO PARA VIVER
Se você vive dizendo como você está ocupado, então você nunca estará livre.
Se você vive dizendo que você não tem tempo, então você nunca terá tempo.
Se você vive dizendo o que vai fazer amanhã, esse amanhã nunca chegará.
Valorize cada momento vivido, e esse tesouro terá muito mais valor se você compartilhá-lo com alguém especial, especial o suficiente para vc gastar com ele o seu tempo... e lembre-se que o tempo não espera por ninguém

Entrevista realizada por 
Victor M Amela

Moussa Ag
(Tuareg)


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

"Sem Limites"!!!

Passamos a viver em um mundo sem limites naturais. Ontem, tínhamos mais vontades que possibilidades; hoje, invertemos essa lógica, podemos mais do que conseguimos querer, ou absorver. E isso em todos os domínios.
Por exemplo, na indústria, novos produtos são lançados independentemente da necessidade do mercado, mas, sim, pela necessidade da própria produção, tais como os telefones celulares e as máquinas fotográficas. Novos medicamentos não buscam mais a cura, mas a melhoria do normal; é a medicina cosmética que vai do banal botox ao último tipo de respirador artificial, paradoxal promessa, muitas vezes, de um sofrimento prolongado.
Quem não podia ter filhos, agora pode; quem não andava, agora corre; o coração que não batia foi trocado e agora bate. Pela primeira vez na história da civilização o homem pode realmente acabar com a vida na Terra; não se trata mais de uma ameaça inconsequente.
Nesse mundo tecnológico, onde muitos enxergavam o final da subjetividade que seria deslocada pelo império das máquinas, o que ocorre é exatamente o contrário: um novo tipo de responsabilidade se impõe. Uma responsabilidade ainda mais baseada em critérios subjetivos que antes, uma vez que não pode se sustentar nos limites dos fatos, pois os fatos vão além dos limites. Não cabe mais a expressão constrita e aliviadora de um médico, à cabeceira de um doente, retirando o estetoscópio do ouvido e dizendo: “Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance”. Sabemos que, nesse novo tempo de impensado avanço tecnológico, há sempre mais a fazer, daí estar nas mãos de cada um a responsabilidade pelo limite.
O difícil é exatamente essa responsabilidade pessoal pelo limite, tanto mais que viemos de uma vivência recente onde tudo se explicava pelas estatísticas e pelos exames. Na medicina os exemplos são mais facilmente perceptíveis.
Você ia a um médico – ainda é assim –, ele lhe examinava, mas não dizia nada antes de ver os resultados de uma longa lista de exames laboratoriais e de imagens. Quando tudo estava pronto, ele lhe dizia: “Os seus exames mostram que...” O curioso, é que se você fosse ao médico da sala ao lado, os mesmos exames poderiam “mostrar” algo muito diferente, o que levava a muitos a terem ao menos três médicos, um terceiro para desempatar essa medicina de votação.
Ora, ora, ora, o que começa a ficar claro é que se não quisermos fabricar atletas com Alzheimer e outros sofrimentos, temos que saber que os exames não mostram por si nada, eles sempre são interpretados, e não cabe se irresponsabilizar nessa interpretação. Curiosamente, a tão valorizada medicina baseada em evidências só aumenta o comprometimento da pessoa do médico, mesmo quando ele não o queira.
É de uma nova ética que precisamos todos nessa época do homem desbussolado da globalização, uma ética não mais baseada no princípio divino das coisas, ou no princípio racional, que o substituiu, mas uma ética que poderíamos chamar, com Hans Jonas, de uma ética do Princípio Responsabilidade.

Jorge Forbes


quarta-feira, 21 de outubro de 2015

"As Mulheres São Mesmo Um Mistério"!!!

Tenho pensado cada vez mais acerca da condição feminina.
Trata-se de um dos poucos temas da psicologia das pessoas normais sobre o qual nunca escrevi um texto longo – e estou me preparando para fazê-lo. Tenho lido muito a respeito e tenho visto como é pobre a visão que, homens e mulheres, têm de si mesmos – principalmente as mulheres. A dificuldade de homens entenderem as mulheres e vice-versa é mais fácil de aceitar porque temos enorme dificuldade de lidar com diferenças.
As diferenças sempre provocam tendência a comparações. O curioso nas comparações entre homens e mulheres é que quase todos os homens se sentem por baixo, inferiores a elas. As mulheres variam mais quanto a este aspecto e pelo menos uma boa metade acha a condição feminina mais favorável. É claro que aquele que, ao se comparar, se sentir por baixo, desenvolverá a hostilidade agressiva própria da inveja. O papel da inveja na associação entre o sexo e a agressividade é muito relevante e isso é bem claro para mim já há uns 20 anos.
A nossa época é difícil de ser entendida e as generalizações são perigosíssimas.
Existem pessoas pertencentes a pelo menos 3 gerações distintas que se sucederam ao longo dos últimos 30 anos.
Existem, por exemplo, os homens que, tendo mais de 35-40 anos de idade, continuam a manifestar todos os comportamentos tradicionais de machismo agressivo ou de reverência intimidada diante das mulheres, especialmente as que lhes despertam o desejo sexual.
Existem os homens que hoje estão entre 20 e 35 anos que estão totalmente perplexos e perdidos e não sabem muito bem como se posicionar. Tendem a ver as mulheres de forma mais igualitária, respeitando-as profissionalmente; porém, ainda invejam o poder sensual delas e isso determina duas tendências: uma delas é a de continuar a agir, ainda que de forma disfarçada, da maneira mais tradicional que escrevi a respeito dos mais velhos; a outra maneira é tentar imitar o modo de ser delas, tentando despertar o desejo delas por meio do aprimoramento de suas aptidões físicas; são os que frequentam as academias, usam cremes, gastam bastante em roupas e outros adornos.
O terceiro grupo é o dos jovens de menos de 20 anos. Estes estão numa boa...
Vêem as mulheres reais apenas como parceiras românticas e se interessam sexualmente por elas apenas quando estão namorando. Quando estão sozinhos, se valem das facilidades derivadas do farto material pornográfico à disposição.
Não frequentam as prostitutas e não têm muito interesse no sexo casual.
Preferem o sexo virtual ou o sexo no contexto amoroso. Não são paqueradores e não se sentem por baixo pelo fato de não provocarem o desejo das mulheres, porque estão sempre muito satisfeitos sexualmente graças aos seus programas virtuais. Costumam ser moços serenos e até mesmo um pouco preguiçosos, pois não sentem que precisam fazer muita força ou ter muito sucesso para terem acesso às moças que, não sendo assediadas, passaram a assediá-los – ou a tentar trocar carícias com outras moças.
E as mulheres? Não tenho a impressão de que é possível agrupá-las em 3 tipos – e seus subgrupos – como fiz com os homens. Parecem portadoras de uma multiplicidade que nem elas entendem. Os homens as invejam porque consideram que elas teriam uma enorme facilidade para o sexo casual, já que estão sempre sendo paqueradas por alguém (o que não acontece com eles, que têm que ir atrás). A grande maioria delas não se interessa por isso, apesar de adorarem se exibir e atrair olhares. Parece que o prazer exibicionista é suficiente para elas, o que não faz o menor sentido para os homens.
Outras têm medo de sua exuberância sexual e tratam de se deformar: engordam demais justamente na mocidade, descuidam de outros elementos de sua aparência. Outras se queixam da falta de orgasmo e a grande maioria nem percebe que o orgasmo não lhes provoca a saciedade parecida com a que acontece com a ejaculação masculina. Buscam mesmo é o sexo associado ao amor e fazem, cada vez mais, o discurso pela igualdade que pede o sexo sem compromisso. Isso justamente quando os homens jovens estão se desinteressando disso.
Mulheres homossexuais, diferentemente dos homens, preferem relações estáveis e duradouras. Mulheres heterossexuais sozinhas buscam parceiros na noite e sempre se decepcionam quando não há continuidade.
Apesar disso, continuam dizendo que é legal este jogo de sedução e paquera. Muitas são sinceras e se declaram desinteressadas disso e claramente buscando um parceiro fixo. Outras mulheres se divertem de verdade com o sexo casual e as suas amigas as invejam e não sabem por que não são como elas. Umas gostam de tomar a iniciativa na paquera enquanto que outras acham isso terrível.
Bem, basta de confusão por ora. Gostaria de deixar claro que isso é apenas o início da conversa, porque as mulheres parecem ser portadoras de uma multiplicidade que surpreende a elas mesmas. A pergunta de Freud - "Afinal, o que querem as mulheres?" - parece que não será respondida facilmente; e talvez seja mais difícil para elas dar a resposta do que para um observador masculino.

Flávio Gikovate


terça-feira, 20 de outubro de 2015

"Como Definir Saudade?"!!!

Como se pode definir a saudade? Dor da ausência de quem atravessou o umbral da porta e não mais voltou?
De quem se foi, tomado de mágoa, e disse que jamais retornaria?
Dor pela ausência de quem foi abraçado pela morte, depois de uma despedida que nunca aconteceu, porque tudo foi repentino, brusco, inesperado?
O que é isso que dói tanto e quanto mais passa o tempo mais parece machucar?
Segundo o dicionário é a lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las.
É verdade. Sentimos saudades de pessoas e de coisas já vividas, de coisas que já possuímos.
Sentimos saudade da espetacular viagem realizada, em que conhecemos lugares tão pitorescos, em que respiramos ares tão diversos, em que nos deixamos envolver pela sua magia e encantamento.
E desejamos, ardentemente, reprisar. Por isso, sonhamos...
Sonhamos enquanto dormimos ou de olhos abertos, durante o dia mesmo.
Desejamos retornar àquelas localidades para tornar a sentir as mesmas emoções, que ficaram gravadas em nossa intimidade.
Temos saudades da casa da nossa infância, onde fomos felizes. A casa com o terreno tão grande, cheio de árvores, que nos conheceram muito bem.
Afinal, subíamos nelas todos os dias, fossem dias escolares ou de férias.
Quantas frutas saboreamos no pé de ameixa, de caqui, sem mesmo nos darmos ao luxo de lavá-las.
Eram nossas, do nosso quintal, portanto, no nosso entender de crianças peraltas, estavam limpas. E eram tão saborosas!
A saudade nos traz a vontade de tornar a encontrar aqueles sabores, tão peculiares, diferentes das frutas que adquirimos no mercado.
Saudade é algo estranho. Ela nos lembra de pessoas, de momentos, de fatos que desejamos se reprisem.
Nostalgia. A alma sente vontade de sentir de novo aquela mesma alegria, aquela emoção, aquele cheiro, aquele sabor.
Quando se trata de pessoas, dizem que saudade é a ausência do fluido, da energia delas, que ficou impregnado em nós, enquanto estávamos juntos.
É o residual dos tantos abraços e afetos trocados. E que, com o tempo, vai se diluindo, desaparecendo.
Aí a saudade estende laços e aperta.
Definir é difícil. O poeta a descreve de uma forma, o literato de outra, o psicólogo estabelece análise peculiar.
Enfim, não importa. O que importa mesmo é que ela nos envolve e nos machuca, desejando ser saciada.
Por isso, é muito importante que cada momento ao lado de quem amamos, seja vivido de forma intensa.
Que gravemos na memória as particularidades, que fotografemos com o coração o que desejamos rememorar, em dias de saudade.
Hoje é o dia em que devemos viver com toda intensidade, amar, abraçar com toda a intensidade, usufruir dos cheiros, dos sabores, das belezas com toda a intensidade.
Hoje, enquanto o dia é oportunidade...
Amanhã ou mais tarde, se precisarmos, acionaremos essas lembranças intensas, essas memórias profundas para alimentar a nossa infinita saudade...
Não nos permitamos perder o momento presente, rico, insuperável.

Momento Espírita

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

" A Decadência Da Moralidade"!!!

A violência excessiva é resultante da decadência da moralidade.
Entende-se por moralidade o conjunto de normas e princípios de conduta.
Na atualidade, a moral é o princípio de conduta que decai com o passar dos dias. Quem é que nunca se deparou com alguém ou até consigo mesmo menosprezando valores passados pela família ou pela religião para fazer o que lhe bem aprouver?
A sociedade tem se mostrado cada vez mais desprendida de condutas morais que em anos atrás se fazia valer.
Segundo Lázaro Curvêlo Chaves (bacharel e licenciado em ciências sociais pela UFF), nas décadas de 50 a 70 não havia a modernidade de hoje, mas em contrapartida as pessoas viviam com mais segurança e com mais dignidade, já que os salários eram compatíveis com a realidade social (apesar de existir a pobreza, era em menor número em comparação aos dias atuais).
Os meios de comunicação que antigamente eram utilizados com a finalidade de realmente fazer a comunicação de assuntos importantes entre pessoas hoje são utilizados como meios de alienação. Hoje, os meios de comunicação são utilizados para derrubar toda e qualquer moralidade partindo da defesa do individualismo e do direito de fazer o que tiver vontade.
A decadência da moralidade está estampada nas fraudes políticas, nas leis que defendem o individualismo, nas pessoas que não se preocupam com o próximo, nas propagandas que estimulam a sexualidade e ainda na sociedade que se deixa influenciar.
O desvirtuamento dos valores morais traz conseqüências graves às pessoas, pois estimula adolescentes a iniciarem a vida sexual de forma precoce, estimula as pessoas a se desligarem do coletivismo e o preconceito contra os menos favorecidos.
É necessário que a sociedade acorde para a real situação e revolucione o comportamento da nação e isso com responsabilidade e consciência.
Existem valores éticos que são fundamentais para que a sociedade viva em harmonia.

Gabriela Cabral

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

"Manufaturamos Realidades"!!!

Damos comummente às nossas ideias do desconhecido a cor das nossas noções do conhecido... Se chamamos à morte um sono é porque parece um sono por fora...
Se chamamos à morte uma nova vida é porque parece uma coisa diferente da vida.
Com pequenos mal-entendidos com a realidade construímos as crenças e as esperanças, e vivemos das côdeas a que chamamos bolos, como as crianças pobres que brincam a ser felizes.
Mas assim é toda a vida; assim, pelo menos, é aquele sistema de vida particular a que no geral se chama civilização. A civilização consiste em dar a qualquer coisa um nome que lhe não compete, e depois sonhar sobre o resultado.
E realmente o nome falso e o sonho verdadeiro criam uma nova realidade...
O objecto torna-se realmente outro, porque o tornamos outro.
Manufaturamos realidades!
A matéria-prima continua a ser a mesma, mas a forma, que a arte lhe deu, afasta-a efetivamente de continuar sendo a mesma. Uma mesa de pinho é pinho mas também é mesa. Sentamo-nos à mesa e não ao pinho.
Um amor é um instinto sexual, porém não amamos com o instinto sexual, mas com a pressuposição de outro sentimento. E essa pressuposição é, com efeito, já outro sentimento.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

"Há Algo De Grandioso Acontecendo No Mundo"!!!

Ainda não nos demos conta de algo extraordinário que está acontecendo.
Há alguns meses, me descolei da sociedade, me libertei das amarras e medos que me prendiam ao sistema. E desde então, passei a ver o mundo sob uma diferente perspectiva. A perspectiva de que tudo está se transformando e a maioria de nós sequer se deu conta disso.
Por que o mundo está se transformando? Nesse post vou listar os motivos pelo qual acredito nisso.
1- Ninguém aguenta mais o modelo de emprego...
Cada um está chegando no seu limite. Pessoas que trabalham em grandes corporações não aguentam mais seus empregos. A falta de propósito começa bater à porta de cada um como um grito de desespero do peito.
As pessoas querem sair. Querem largar tudo. Veja quantas pessoas tentando empreender, quantas pessoas tirando períodos sabáticos, quantas pessoas estão em depressão no trabalho, quantas pessoas em burnout.
2- O modelo do empreendedorismo também está mudando...
Há alguns anos, com a explosão das startups, milhares de empreendedores correram para suas garagens para criar suas ideias bilionárias. A glória dos empreendedores era conseguir um investidor. Grana do investidor na mão era praticamente a taça da copa do mundo.
Mas o que acontece quando você recebe um aporte de investidor?
Você volta a ser um funcionário. Você tem pessoas que não estão alinhadas com seu sonho, que não estão nem aí para seu propósito e tudo passa a girar em função do dinheiro. O retorno financeiro passa a ser o principal driver.
Muita gente está sofrendo com isso. Excelentes startups começaram a patinar porque o modelo de buscar dinheiro nunca tem fim.
É preciso uma nova forma de empreender. E tem muita gente boa já fazendo isso.
3- O surgimento da colaboração...
Muita gente já se ligou que não faz sentido ir sozinho. Muita gente já acordou para essa loucura que é a mentalidade do “cada um por si”.
Pare e pense friamente. Não é um absurdo, nós que somos 7 bilhões de pessoas vivendo no mesmo planeta, nos separarmos tanto? Que sentido faz, você e as milhares (ou milhões) de pessoas que vivem na mesma cidade virarem as costas umas para as outras? Cada vez que começo e pensar nisso, fico até desanimado.
Mas felizmente as coisas estão mudando. Todos os movimentos de economia colaborativa estão apontando nessa direção. A direção da colaboração, do compartilhamento, da ajuda, de dar as mão, da união.
E isso é lindo de se ver. Até emociona.
4- Estamos começando finalmente a entender o que é a internet...
A internet é uma coisa incrivelmente espetacular e somente agora, depois de tantos anos, estamos conseguindo entender o seu poder. Com a internet, o mundo se abre, as barreiras caem, as separação acaba, a união começa, a colaboração explode, a ajuda surge.
Alguns povos fizeram revoluções com a internet, como a Primavera Árabe. Aqui no Brasil estamos começando a usar melhor essa ferramenta magnífica.
A internet está derrubando o controle de massa. Não tem mais televisão, não tem mais uns poucos jornais dando as notícias que querem que a gente leia. Cada um vai atrás daquilo que quer. Cada um se une com quem quiser. Cada um explora o que quiser explorar.
Com a internet, o pequeno passa a ter voz. O anônimo passa a ser conhecido. O mundo se une. E o sistema pode quebrar
5- A queda do consumismo desenfreado...
Por muitos anos fomos manipulados, estimulados a consumir como loucos. A comprar tudo que era lançado, a ter o carro mais novo, o primeiro iphone, as melhores marcas, muita roupa, muito sapato, muito muito, muito tudo.
Mas as pessoas já começaram a sacar que isso tudo não faz sentido. Movimentos como o lowsumerism, slow life, slow food, começam a aparecer pra mostrar que nos organizamos da forma mais absurda possível.
Cada vez menos gente usando carro, cada vez menos pessoas comprando muito, cada vez mais gente trocando roupas, doando, comprando usado, dividindo bens, compartilhando carros, apartamentos, escritórios.
A gente não precisa de nada disso que falaram que a gente precisava.
E essa consciência quebra qualquer empresa que vive do consumo desenfreado.
6- Alimentação saudável e orgânica...
A gente era tão louco que aceitou comer qualquer lixo. Era só ter um sabor gostoso na língua que beleza.
A gente era tão desconectado, que os caras começaram a colocar veneno na nossa comida e a gente não falou nada.
Mas aí um pessoal começou a acordar e começaram a dar força pro movimento de alimentação saudável, de consumo de orgânicos.
E isso vai ganhar força.
Mas o que que isso tem a ver com economia e trabalho? Tem tudo a ver!
A produção de alimentos é a base da nossa sociedade. A indústria alimentícia é uma das principais do mundo. Se a consciência muda, se nossa alimentação muda, a forma de consumo muda, e as grandes corporações precisam acompanhar essas mudanças.
O pequeno produtor está voltando a ter força. As pessoas começando a plantar sua própria comida também.
E isso muda toda a economia.
7- Despertar da espiritualidade...
Quantos amigos você tem hoje que fazem yoga? E meditação?
Quantas pessoas faziam isso 10 anos atrás?
A espiritualidade por muitos anos era coisa do pessoal do esoterismo. Era coisa de gente esquisita do misticismo.
Mas felizmente isso está mudando. Chegamos no limite da nossa racionalidade. Pudemos perceber que só com a mente racional não conseguimos entender tudo que se passa aqui. Tem mais coisa acontecendo e eu sei que você quer entender.
Você quer entender como essas coisas que acontecem aqui funcionam. Como a vida opera, o que rola depois da morte, o que é essa parada de energia que tanto falam, que que é física quântica, como é que os pensamentos podem se materializar e criar nossa realidade, o que são as coincidências e sincronicidades, por que quem medita é mais tranquilo, como é possível curar com as mãos, e essas terapias alternativas que a medicina não aprova, mas funcionam?
Empresas promovendo meditação aos funcionários. Escolas ensinando meditação para crianças.
8- Movimentos de desescolarização...
Quem criou esse modelo de ensino? Quem escolheu as matérias que você precisa estudar? Quem escolheu os tema que são estudados nas aulas de história? Por que não nos ensinaram sobre outras civilizações antigas?
Por que uma criança deve aprender a obedecer regras? Por que ela deve assistir a tudo em silêncio? Por que ela deve vestir uniforme?
Prestar uma prova para provar que você aprendeu?
Criamos um modelo que forma seguidores do sistema. Que prepara pessoas para serem seres humanos ordinários e medianos.
Mas felizmente também, tem muita gente trabalhando para mudar isso. Movimentos de desescolarização, hackschooling, homeschooling.
Talvez você nunca tenha pensado nisso e esteja em choque com o que estou colocando aqui.
Mas tudo isso está acontecendo.
Silenciosamente, as pessoas estão acordando, se dando conta da loucura que é viver nessa sociedade.
Olhe para todos esses movimentos e tente pensar que tudo está normal.
Eu acho que não está...
Há algo de muito extraordinário acontecendo no mundo.


Gustavo Tanaka

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

"Apenas Conhecemos Fragmentos Dos Outros"!!!


Quando te encontras na base de um importante maciço montanhoso, estás longe de conhecer toda a sua diversidade, não tens nenhuma ideia das alturas que se ergueram por trás do seu cimo ou por trás daquele que te parece ser o cimo, não suspeitas nem o perigo dos abismos nem os confortáveis assentos ocultos entre os rochedos.
É apenas se sobes e se persegues o teu caminho que se revelam pouco a pouco a teus olhos os segredos da montanha, alguns que esperavas, outros que te surpreendem, uns essenciais, outros insignificantes, tudo isso sempre e unicamente em função da direção que tomares; e nunca te revelarão todas.
O mesmo acontece quando te encontras diante de uma alma humana.
Aquilo que se te oferece ao primeiro olhar, por mais perto que estejas, está longe de ser a verdade e certamente nunca é toda a verdade.
É apenas no decurso do caminho, quando os teus olhos se tornam mais penetrantes e nenhuma bruma perturba o teu olhar, que a natureza íntima dessa alma se revela pouco a pouco e sempre por fragmentos.
Aqui é a mesma coisa: à medida que te afastas da zona explorada, toda a diversidade que encontraste no caminho se esbate como um sonho, e quando te voltas uma última vez antes de te afastares, vês apenas de novo esse maciço que te surgia falsamente como muito simples, e esse cimo que não era o único que existia.
Apenas a direção é realidade...  O objectivo é sempre ficção, mesmo quando alcançado, sobretudo neste caso.

Arthur Schnitzler

terça-feira, 13 de outubro de 2015

"Igualdade Não É Liberdade"!!!


Todos os homens são iguais em sociedade. Nenhuma sociedade se pode fundamentar noutra coisa que não seja a noção de igualdade.
Acima de tudo não pode fundamentar-se no conceito de liberdade.
A igualdade é qualquer coisa que quero encontrar na sociedade, ao passo que a liberdade, nomeadamente a liberdade moral de me dispor à subordinação, transporto-a comigo.
A sociedade que me acolhe tem portanto que me dizer...
"É teu dever ser igual a todos nós".
 E não pode acrescentar mais que isto:..
 "Desejamos que tu, com toda a convicção, de tua livre e racional vontade, renuncies aos teus privilégios".
O nosso único passe de mágica consiste no fato de prescindirmos da nossa existência para podermos existir.
A mais elevada finalidade da sociedade é consequência das vantagens que assegura a cada um. Cada um sacrifica racionalmente a essa consequência uma grande quantidade de coisas. A sociedade, portanto, muito mais.
Por causa da dita consequência, a vantagem pontual de cada membro da sociedade anda perto de se reduzir a nada.

Johann Wolfgang von Goethe

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

"Gerações... Só Desencontros"!!!


Faz semanas que temos falado do Dia da Criança, comemorado em 12 de outubro. Escolas realizam eventos para seus alunos, a mídia faz reportagens sobre o assunto, famílias agendam idas a lojas para comprar brinquedos para os filhos, que ficam ansiosos com o que vão ganhar.
Todo esse barulho em torno da data está relacionado a uma valorização da infância e das crianças em nossa sociedade?... Não!!!
Valorizamos o consumo, que nessa época explode porque ninguém quer ver o filho com carinha triste por não ter ganhado o que esperava... O único que ganha com essa data é o mercado que trabalha com produtos destinados às crianças.
No dia 1º de outubro, foi comemorado o Dia do Idoso. Alguém leu ou viu reportagens sobre os nossos velhos, observou campanhas, mesmo publicitárias, incentivando a compra de presentes para esse público?
Nesse caso, o silêncio foi quase absoluto. Por mais que eu tenha procurado, só consegui ler uma ou outra notícia ou lembrança da data... Nem mesmo o mercado de consumo valoriza os velhos.
Crianças, jovens e velhos teriam muito a ganhar uns com os outros se convivessem. Mas, em nossa sociedade segregacionista geracional, dificilmente eles se encontram.
Temos festas para crianças em que os adultos e os velhos ficam de fora.
É que achamos que as crianças não precisam de nada além de doces, refrigerantes e animadores de plantão para entretê-los, não é? O que fariam os velhos em festas de criança? E os jovens?
Temos bailinhos para os velhos dançarem também. Jovens e adultos que ainda não se consideram velhos jamais -JAMAIS- frequentam esses locais, a não ser para levar ou buscar algum parente.
Em restaurantes, só há crianças e idosos na mesma mesa se a refeição é em família. Mesmo assim, não é tão comum. Observe, caro leitor, como as mesas desses locais são ocupadas: grupos de pessoas da mesma idade são a maioria. Claro! Pensamos que velhos, crianças e jovens não têm nada em comum, então, por que haveriam de conviver?
Estava me esquecendo das casas noturnas. É nesses locais que melhor podemos constatar como evitamos conviver e nos relacionar com pessoas de idades distantes.
Hoje, há casas noturnas para pessoas entre 20 e 30 anos, outras para os que têm mais de 30 e outras para os que têm mais de 40. E os que têm mais de 60?
Ora, o lugar deles é nos bailinhos para esse grupo chamado de terceira idade -expressão que eu desprezo, por ser mais um recurso social para esconder a velhice... Nem sempre foi assim.
Atualmente, por exemplo, está sendo reprisada uma novela exibida no final da década de 1970 cujo título é o nome da uma casa noturna frequentada por jovens, adultos e velhos. É lá que todos, juntos, se encontram, se relacionam e se divertem.
O resultado dessa separação das gerações é que crianças não sabem conviver com velhos, jovens pensam que não têm assunto a conversar com os velhos e estes se espantam com a vitalidade das crianças e com o estilo de vida dos jovens...
Só desencontros.
As crianças serão jovens, adultos e velhos um dia...
Os velhos já foram crianças e jovens.
Por que evitamos o relacionamento entre eles?
Teriam tanto a aprender uns com os outros, a ensinar, a compartilhar.
Podemos mudar isso, não podemos?... Mas queremos???

Autor Desconhecido

domingo, 11 de outubro de 2015

"É Preciso Restaurar O Homem"!!!

A minha civilização repousa sobre o culto do Homem através dos indivíduos.
Teve o desígnio, durante séculos, de mostrar o Homem, assim como ensinou a distinguir uma catedral através das pedras. Pregou esse Homem que dominava o indivíduo...
Porque o Homem da minha civilização não se define através dos homens.
São os homens que se definem através dele. Há nele, como em todo o Ser, qualquer coisa que os materiais que o compõem não explicam.
Uma catedral é uma coisa muito diferente de uma soma de pedras...
É geometria e arquitectura. Não são as pedras que a definem, é ela que enriquece as pedras com o seu próprio significado. Essas pedras ficam enobrecidas por serem pedras de uma catedral. As pedras mais diversas servem a sua unidade...
A catedral as absorve, até às gárgulas mais horrendas, no seu cântico.
Mas, pouco a pouco, esqueci a minha verdade. Julguei que o Homem resumia os homens, tal como a Pedra resume as pedras.
Confundi catedral e soma de pedras, e, pouco a pouco, a herança desvaneceu-se.
É preciso restaurar o Homem!
Ele é a essência da minha cultura...
Ele é a chave da minha Comunidade...
Ele é o princípio da minha vitória.

Antoine de Saint-Exupéry


sábado, 10 de outubro de 2015

"O Amor Não Tem Nada Que Ver Com A Idade"!!!

Penso saber que o amor não tem nada que ver com a idade, como acontece com qualquer outro sentimento.
Quando se fala de uma época a que se chamaria de descoberta do amor, eu penso que essa é uma maneira redutora de ver as relações entre as pessoas vivas.
O que acontece é que há toda uma história nem sempre feliz do amor que faz que seja entendido que o amor numa certa idade seja natural, e que noutra idade extrema poderia ser ridículo.
Isso é uma ideia que ofende a disponibilidade de entrega de uma pessoa a outra, que é em que consiste o amor.
Eu não digo isto por ter a minha idade e a relação de amor que vivo.
Aprendi que o sentimento do amor não é mais nem menos forte conforme as idades, o amor é uma possibilidade de uma vida inteira, e se acontece, há que recebê-lo.
Normalmente, quem tem ideias que não vão neste sentido, e que tendem a menosprezar o amor como fator de realização total e pessoal, são aqueles que não tiveram o privilégio de vivê-lo, aqueles a quem não aconteceu esse mistério.

José Saramago

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

"Que As Lágrimas Não Nos Impeçam"!!!

Que as lágrimas não nos impeçam de nos lembrar que uma pessoa que chega na nossa vida é um presente que nos foi oferto.
Há presentes assim valiosos que não duram muito, quando nossos corações desejariam que durassem eternamente e ignoramos por que eles se vão quando a vida parece apenas começar.
Mas se nos perdemos nesse mundo de questões sem respostas, a dor será muito maior que as lembranças de tudo o que a vida nos permitiu juntos enquanto durou a caminhada na terra.
Se tivéssemos que voltar atrás, teríamos preferido não ter encontrado, não ter conhecido, somente por que não pudemos guardá-lo no nosso seio mais tempo?
Não...
O vento passa, mas nos refresca; a chuva vem e vai, mas sacia a terra.
O importante mesmo não é a quantidade de tempo que as coisas ou pessoas duram, mas a riqueza que elas trazem à nossa alma, o amor que nos permitimos dar e o que aceitamos receber.
As dores das partidas definifivas são indizíveis, indefiníveis, mas que elas nunca nos impeçam de nos lembrar da vida compartilhada.
Que as lágrimas não nos impeçam de sorrir novamente um dia quando a dor for mais amena e as lembranças felizes começarem a voltar, como as flores no jardim a cada primavera.
A eternidade existe para que esperemos por ela, para que tenhamos o consolo de saber que um dia, se o Deus-Pai permitir, Ele que nos ama de amor infinito, poderemos novamente nos encontrar.

Letícia Thompson

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

"Impossível É Não Viver"!!!

Se te quiserem convencer de que é impossível, diz-lhes que impossível é ficares calado, impossível é não teres voz... Temos direito a viver.
Acreditamos nessa certeza com todas as forças do nosso corpo e, mais ainda, com todas as forças da nossa vontade. Viver é um verbo enorme, longo.
Acreditamos em todo o seu tamanho, não prescindimos de um único passo do nosso caminho. Sabemos bem que é inútil resmungar contra o ecrã do telejornal...
O vidro não responde.
Por isso, temos outros planos... Temos voz, tantas vozes; temos rosto, tantos rostos. As ruas hão-de receber-nos, serão pequenas para nós. Sabemos formar marés, correntes. Sabemos também que nunca nos foi oferecido nada.
Cada conquista foi ganha milímetro a milímetro. Antes de estar à vista de toda a gente, prática e concreta, era sempre impossível, mas viver é acreditar.
Temos direito à esperança... Esta vida pertence-nos.
Além disso, é magnífico estragar a festa aos poderosos. É divertido, saudável, faz bem à pele. Quando eles pensam que já nos distribuíram um lugar, que já está tudo decidido, que nos compraram com falinhas mansas e autocolantes, mostramos-lhes que sabemos gritar.
Envergonhamo-los como as crianças de cinco anos envergonham os pais na fila do supermercado. Com a diferença grande de não sermos crianças de cinco anos e com a diferença imensa de eles não serem nossos pais porque os nossos pais, há quase quatro décadas atrás, tiveram de livrar-se dos pais deles...
Ou, pelo menos, tentaram.
O único impossível é o que julgarmos que não somos capazes de construir.
Temos mãos e um número sem fim de habilidades que podemos fazer com elas.
Nenhum desses truques é deixá-las cair ao longo do corpo, guardá-las nos bolsos, estendê-las à caridade. Por isso, não vamos pedir, vamos exigir.
Havemos de repetir as vezes que forem necessárias... Temos direito a viver.
Nunca duvidámos de que somos muito maiores do que o nosso currículo, o nosso tempo não é um contrato a prazo, não há recibos verdes capazes de contabilizar aquilo que valemos.
Vida, se nos estás a ouvir, sabe que caminhamos na tua direção.
A nossa liberdade cresce ao acreditarmos e nós crescemos com ela e tu, vida, cresces também. Se te quiserem convencer, vida, de que é impossível, diz-lhe que vamos todos em teu resgate, faremos o que for preciso e diz-lhes que impossível é negarem-te, camuflarem-te com números, diz-lhes que impossível é não teres voz.

José Luis Peixoto

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

"A Ponte Para O Sempre"!!!

Pensamos que, às vezes, não restou um só dragão.
Não há mais qualquer bravo cavaleiro, nem uma única princesa passear por florestas encantadas.
Pensamos, às vezes, que a nossa era está além das fronteiras, além das aventuras.
Que o destino já passou do horizonte e se foi para sempre.
É um prazer estar enganado.
Princesas e cavaleiros, encantamentos e dragões, mistério e aventura...
Não existem apenas aqui e agora, mas também continuam a ser tudo o que já existiu nesse mundo.
Em nosso século, só mudaram de roupagem.
As aparências se tornaram tão insidiosas que as princesas e cavaleiros podem se esconder uns dos outros, podem se esconder até de si mesmos.
Contudo, os mestres da realidade ainda nos encontram, em sonhos, para nos dizerem que nunca perdemos o escudo de que precisamos contra os dragões; que uma descarga de fogo azul nos envolve agora, a fim de que possamos mudar o mundo como desejarmos.
A intuição sussurra a verdade!
Não somos poeira, somos magia!
Feche os olhos e siga sua intuição.


Richard Bach

terça-feira, 6 de outubro de 2015

"A Sociedade É Um Sistema De Egoísmo Maleáveis"!!!

A sociedade é um sistema de egoísmos maleáveis, de concorrências intermitentes.
Como homem é, ao mesmo tempo, um ente individual e um ente social.
Como indivíduo, distingue-se de todos os outros homens; e, porque se distingue, opõe-se-lhes.
Como sociável, parece-se com todos os outros homens; e, porque se parece, agrega-se-lhes.
A vida social do homem divide-se, pois, em duas partes: uma parte individual, em que é concorrente dos outros, e tem que estar na defensiva e na ofensiva perante eles; e uma parte social, em que é semelhante dos outros, e tem tão somente que ser-lhes útil e agradável.
Para estar na defensiva ou na ofensiva, tem ele que ver claramente o que os outros realmente são e o que realmente fazem, e não o que deveriam ser ou o que seria bom que fizessem.
Para lhes ser útil ou agradável, tem que consultar simplesmente a sua mera natureza de homens.
A exacerbação, em qualquer homem, de um ou o outro destes elementos leva à ruína integral desse homem, e, portanto, à própria frustração do intuito do elemento predominante, que, como é parte do homem, cai com a queda dele.
Um indivíduo que conduza a sua vida em linhas de uma moral altíssima e pura acabará por ser ultrajado por toda a gente - até pelos indivíduos que, sendo também morais, o são com menos altura e pureza. E o despeito, a amargura, a desilusão, que corroem a natureza moral, serão os resultados da sua experiência.
Mas também um indivíduo, que conduza a sua vida em linhas de um embuste constante, acabará, ou na cadeia, onde há pouco que intrujar, ou por se tornar suspeito a todos e por isso já não poder intrujar ninguém.

Fernando Pessoa

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

"Quando Começamos A Envelhecer..."!!!


Sou fisioterapeuta e uma vez estava no trabalho atendendo um adolescente e fiz uma pergunta rotineira acerca de traumas anteriores, indagando se ele já havia fraturado alguma parte do corpo ou feito algum tipo de cirurgia.O adolescente me respondeu que sim, mas tinha “muuuuuuuito tempo! Uns oito meses, doutora...”
A partir daquela resposta percebi que aos 25 anos já estava envelhecendo!
Isto, pois o tempo não passava para mim como passava para aquela criança-adolescente, para mim oito meses era um tempo recente, assim como um ou dois anos passados. E a partir daí modifiquei a pergunta na consulta para:
 - “Tem muito ou pouco tempo que já realizou cirurgias ou teve alguma fratura?” Com as respostas que obtive percebi que a forma de sentir o tempo é um marco referencial, pois quanto mais idade a pessoa tem mais longo é  o tempo chamado presente e vice-versa!
Assim, envelhecer é um estado natural de qualquer ser, mas para nós seres humanos, seres racionais e emocionais, o processo fisiológico de envelhecimento só é percebido quando nos damos conta do tempo!
Começamos a envelhecer quando percebemos que o tempo não espera, que os anos passam depressa e os dias passam como passavam as horas quando éramos crianças!
Começamos a envelhecer quando pelos dias passarem tão depressa não conseguimos fazer tudo o que queremos no mês, no ano, muitas vezes numa década ou por toda a vida...
Começamos a envelhecer quando percebemos que existe um tempo para trás, e que nele ficam coisas, e pessoas, importantes e que não vêm com a gente para o tempo presente e futuro.
Começamos a envelhecer quando percebemos que o tempo passou tão depressa que não sentimos as estações mudarem, as crianças crescerem, os amigos amadurecerem e até irem embora...
Começamos a envelhecer na primeira perda de um ente querido e ao sentirmos saudades do que nunca vivemos.
Crianças e jovens não têm sentimento de perda, de saudosismo, de frustração. São plenas.
E a certeza do envelhecimento acontece quando o tempo do pensamento se torna diferente do tempo dos comandos do corpo. Queremos caminhar mais pelas ruas ou numa viagem, dançar mais rápido ou por mais tempo, mas o corpo não permite... Envelhecemos então.
Hoje, quase dez anos depois de minha constatação, luto para prolongar o começar a envelhecer: me movimento mais, me alimento melhor, respiro melhor e, principalmente, não perco o meu valioso "Tempo" com o que não vale a pena.
O tempo é o meu bem mais precioso que nenhum dinheiro pode comprar.
Valorizo o tempo com minha família, meus amigos, meu trabalho, meu lazer, meu descanso. Busco distribuí-los de maneira sábia, pois temos que ser tudo ao mesmo tempo.
Como já disse um grande poeta: “O tempo não pára!”. E o tempo não vai esperar eu ser este mês esposa, mês que vem profissional e ano que vem mãe, ou daqui a dois anos amiga. Somos tudo ao mesmo t-e-m-p-o!
Como já disse, o envelhecer é um estado natural do ser humano, mas como administramos o nosso tempo na nossa trajetória de vida nos torna mais cedo ou um pouco mais tarde, velhos.
Já existem velhos de 30 anos como existem jovens de 70 anos! Ser velho com 30 ou jovem com 70 é escolha de vida. E, tudo bem se alguém questionar que o de 70 também é velho, principalmente fisicamente, mas a vital diferença é que este é um velho pleno. Aprendeu, assim como uma criança, a não brigar com o tempo, e sim a vivê-lo!

Ada Pedreira Silva

                                                   

domingo, 4 de outubro de 2015

"Não Sabemos Ler O Mundo"!!!

Falamos em ler e pensamos apenas nos livros, nos textos escritos.
O senso comum diz que lemos apenas palavras. Mas a ideia de leitura aplica-se a um vasto universo.
Nós lemos emoções nos rostos... Lemos os sinais climáticos nas nuvens...
Lemos o chão... Lemos o Mundo... Lemos a Vida... Tudo pode ser página.
Depende apenas da intenção de descoberta do nosso olhar.
Queixamo-nos de que as pessoas não lêem livros. Mas o déficit de leitura é muito mais geral... Não sabemos ler o mundo, não lemos os outros.
Vale a pena ler livros ou ler a Vida quando o ato de ler nos converte num sujeito de uma narrativa, isto é, quando nos tornamos personagens.
Mais do que saber ler, será que sabemos, ainda hoje, contar histórias? Ou sabemos simplesmente escutar histórias onde nos parece reinar apenas silêncio?

Os verdadeiros analfabetos são
 os que aprenderam a ler e não lêem.
Mario Quintana


Mia Couto


sábado, 3 de outubro de 2015

"A Falta De Cultura Ética Da Nossa Civilização"!!!

Creio que o exagero da atitude puramente intelectual, orientando, muitas vezes, a nossa educação, em ordem exclusiva ao real e à prática, contribuiu para pôr em perigo os valores éticos.
Não penso propriamente nos perigos que o progresso técnico trouxe diretamente aos homens, mas antes no excesso e confusão de considerações humanas recíprocas, assentes num pensamento essencialmente orientado pelos interesses práticos que vem embotando as relações humanas.
O aperfeiçoamento moral e estético é um objectivo a que a arte, mais do que a ciência, deve dedicar os seus esforços. É certo que a compreensão do próximo é de grande importância.
Essa compreensão, porém, só pode ser fecunda quando acompanhada do sentimento de que é preciso saber compartilhar a alegria e a dor. Cultivar estes importantes motores de ação é o que compete à religião, depois de libertada da superstição. Nesse sentido, a religião toma um papel importante na educação, papel este que só em casos raros e pouco sistematicamente se tem tomado em consideração.
O terrível problema magno da situação política mundial é devido em grande parte àquela falta da nossa civilização. Sem «cultura ética» , não há salvação para os homens.

Albert Einstein


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

"Os Amigos Nunca São Para As Ocasiões"!!!

Os amigos nunca são para as ocasiões. São para sempre!!!
A ideia utilitária da amizade, como entre-ajuda, pronto-socorro mútuo, troca de favores, depósito de confiança, sociedade de desabafos, mete nojo.
A amizade é puro prazer... Não se pode contaminar com favores e ajudas, leia-se dívidas.
Pede-se, dá-se, recebe-se, esquece-se e não se fala mais nisso.
A decadência da amizade entre nós deve-se à instrumentalização que tem vindo a sofrer. Transformou-se numa espécie de maçonaria, uma central de cunhas, palavrinhas, cumplicidades e compadrios.
É por isso que as amizades se fazem e desfazem como se fossem laços políticos ou comerciais. Se alguém «falta» ou «não corresponde», se não cumpre as obrigações contratuais, é logo condenado como «mau» amigo e sumariamente proscrito.
Está tudo doido. Só uma miséria destas obriga a dizer o óbvio: os amigos são as pessoas de que nós gostamos e com quem estamos de vez em quando.
Podemos nem sequer nos darmos muito, ou bem, com elas...
Ou gostar mais delas do que elas de nós. Não interessa...
A amizade é um gosto egoísta, ou inevitabilidade, o caminho de um coração em roda-livre. Os amigos têm de ser inúteis... Isto é, bastarem só por existir e, maravilhosamente, sobrarem-nos na alma só por quem são, e como são.
O porquê, o onde e o quando não interessam.
A amizade não tem ponto de partida, nem percurso, nem objectivo. É impossível lembrarmo-nos de como é que nos tornamos amigos de alguém ou pensarmos no futuro que vamos ter.
"A glória da amizade é ser apenas presente!" É por isso que dura para sempre...
Porque não contém expectativas nem planos nem ansiedade.

Miguel Esteves Cardoso

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

"Fragmento Do Homem"!!!

Que tempo é o nosso? Há quem diga que é um tempo a que falta amor.
Convenhamos que é, pelo menos, um tempo em que tudo o que era nobre foi degradado, convertido em mercadoria. A obsessão do lucro foi transformando o homem num objecto com preço marcado. Estrangeiro a si próprio, surdo ao apelo do sangue, asfixiando a alma por todos os meios ao seu alcance, o que vem à tona é o mais abominável dos simulacros.
Toda a arte moderna nos dá conta dessa catástrofe: o desencontro do homem com o homem. A sua grandeza reside nessa denúncia; a sua dignidade, em não pactuar com a mentira; a sua coragem, em arrancar máscaras e máscaras.
E poderia ser de outro modo?
Num tempo em que todo o pensamento dogmático é mais do que suspeito, em que todas as morais se esbarrondam por alheias à «sabedoria» do corpo, em que o privilégio de uns poucos é utilizado implacavelmente para transformar o indivíduo em «cadáver adiado que procria», como poderia a arte deixar de refletir uma tal situação, se cada palavra, cada ritmo, cada cor, onde espírito e sangue ardem no mesmo fogo, estão arraigados no próprio cerne da vida?
Desamparado até à medula, afogado nas águas difíceis da sua contradição, morrendo à míngua de autenticidade - eis o homem! Eis a triste, mutilada face humana, mais nostálgica de qualquer doutrina teológica que preocupada com uma problemática moral, que não sabe como fundar e instituir, pois nenhuma fará autoridade se não tiver em conta a totalidade do ser; nenhuma, em que espírito e vida sejam concebidos como irreconciliáveis; nenhuma, enquanto reduzir o homem a um fragmento do homem. Nós aprendemos com Pascal que o erro vem da exclusão.

Eugênio de Andrade