Somos Anjos e Mestres!
Todos nós sabemos alguma coisa que alguém, em algum lugar, precisa aprender e, por vezes, nós mesmos recordarmos.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

"A Racionalidade Irracional"!!!

Eu digo muitas vezes que o instinto serve melhor os animais do que a razão a nossa espécie. E o instinto serve melhor os animais porque é conservador, defende a vida.
Se um animal come outro, come-o porque tem de comer, porque tem de viver; mas quando assistimos a cenas de lutas terríveis entre animais, o leão que persegue a gazela e que a morde e que a mata e que a devora, parece que o nosso coração sensível dirá «que coisa tão cruel». Não!... Quem se comporta com crueldade é o homem, não é o animal, aquilo não é crueldade; o animal não tortura, é o homem que tortura.
Então o que eu critico é o comportamento do ser humano, um ser dotado de razão, razão disciplinadora, organizadora, mantenedora da vida, que deveria sê-lo e que não o é; o que eu critico é a facilidade com que o ser humano se corrompe, com que se torna maligno.
Aquela ideia que temos da esperança nas crianças, nos meninos e nas meninas pequenas, a ideia de que são seres aparentemente maravilhosos, de olhares puros, relativamente a essa ideia eu digo: pois sim, é tudo muito bonito, são de fato muito simpáticos, são adoráveis, mas deixemos que cresçam para sabermos quem realmente são. E quando crescem, sabemos que infelizmente muitas dessas inocentes crianças vão modificar-se.
E por culpa de quê? É a sociedade a única responsável? Há questões de ordem hereditária? O que é que se passa dentro da cabeça das pessoas para serem uma coisa e passarem a ser outra?
Uma sociedade que instituiu, como valores a perseguir, esses que nós sabemos, o lucro, o êxito, o triunfo sobre o outro e todas estas coisas, essa sociedade coloca as pessoas numa situação em que acabam por pensar (se é que o dizem e não se limitam a agir) que todos os meios são bons para se alcançar aquilo que se quer.
Falamos muito ao longo destes últimos anos (e felizmente continuamos a falar) dos direitos humanos; simplesmente deixamos de falar de uma coisa muito simples, que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao outro, essa espécie de desprezo do outro, que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência de uma espécie que se diz racional. Isso, de fato, não posso entender, é uma das minhas grandes angústias.

José Saramago




terça-feira, 29 de setembro de 2015

"Como É Que Se Esquece Alguém Que Se Ama?"

Como é que se esquece alguém que se ama? Como é que se esquece alguém que nos faz falta e que nos custa mais lembrar que viver? Quando alguém se vai embora de repente como é que se faz para ficar? Quando alguém morre, quando alguém se separa, como é que se faz quando a pessoa de quem se precisa já lá não está?
As pessoas têm de morrer; os amores de acabar. As pessoas têm de partir, os sítios têm de ficar longe uns dos outros, os tempos têm de mudar
Sim, mas como se faz? Como se esquece?
Devagar... É preciso esquecer devagar. Se uma pessoa tenta esquecer-se de repente, a outra pode ficar-lhe para sempre. Podem pôr-se processos e ações de despejo a quem se tem no coração, fazer os maiores escarcéus, entrar nas maiores peixeiradas, mas não se podem despejar de repente. Elas não saem de lá. Estúpidas! É preciso aguentar. Já ninguém está para isso, mas é preciso aguentar. A primeira parte de qualquer cura é aceitar-se que se está doente.
É preciso paciência. O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor de cabeça ou do coração... Ninguém aguenta estar triste... Ninguém aguenta estar sozinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo.
Quem procura evitar o luto, prolonga-o no tempo e desonra-o na alma.
A saudade é uma dor que pode passar depois de devidamente doída, devidamente honrada... É uma dor que é preciso aceitar, primeiro, aceitar.
É preciso aceitar esta mágoa esta moinha, que nos despedaça o coração e que nos mói mesmo e que nos dá cabo do juízo. É preciso aceitar o amor e a morte, a separação e a tristeza, a falta de lógica, a falta de justiça, a falta de solução.
Quantos problemas do mundo seriam menos pesados se tivessem apenas o peso que têm em si, isto é, se os livrássemos da carga que lhes damos, aceitando que não têm solução. Não adianta fugir com o rabo à seringa. Muitas vezes nem há seringa...
Nem injeção... Nem remédio... Nem conhecimento certo da doença de que se padece... Muitas vezes só existe a agulha.
Dizem-nos, para esquecer, para ocupar a cabeça, para trabalhar mais, para distrair a vista, para nos divertirmos mais, mas quanto mais conseguimos fugir, mais temos mais tarde de enfrentar. Fica tudo à nossa espera. Acumula-se-nos tudo na alma, fica tudo desarrumado.
O esquecimento não tem arte. Os momentos de esquecimento, conseguidos com grande custo, com comprimidos e amigos e livros e copos, pagam-se depois em condoídas lembranças a dobrar. Para esquecer é preciso deixar correr o coração, de lembrança em lembrança, na esperança de ele se cansar.

Miguel Esteves Cardoso


segunda-feira, 28 de setembro de 2015

"O Carro Dos Seus Dias"!!!

Um Homem grosseiro é facilmente reconhecido...
Não raciocina, portanto não duvida de nada...
Não nega, portanto não crê.
Cultiva hábitos há muito nele arraigados e nada aceita, medroso, além daquilo que sejam as conveniências do que vai até a porta da frente da sua casa.
Não testemunha o seu tempo...
Vive no tempo do que um dia conquistou; não deixa que ninguém o conheça, posto precisar defender-se com frequência e, dessa forma, fica livre para ofender os outros.
Um Homem rude é aquele que aprende com o que lê, mas prefere não aplicar o que a teoria lhe ensinou, medroso, nada aceita do mundo presente, porque julga que já traçara seu destino e o inesperado não lhe interessa memsmo que seja a sua própria felicidade.
Mas um homem infeliz é aquele que desconhecendo os caminhos da existência e as possibilidades que neles se escondem, julga que nada precisa mudar e que tudo está certo como está.
Feliz é o homem, certamente, que apesar de todas as adversidades, cruza sem medo a via do destino, toma na mão as rédias de sua própria vida, conduz o carro dos seus dias para onde seu coração e a sua inteligência lhe indicar.

Voltaire


domingo, 27 de setembro de 2015

"Consensos Invisíveis E Sem Sentido"!!!

Há uma dicotomia evidente que diz respeito à auto realização das pessoas na sociedade contemporânea e a realidade do mundo em que vivemos.
Trata-se da cobrança social ‘que diz sem dizer’ - aqueles tipos de consensos invisíveis - que todos têm que alcançar o sucesso ou, pelo menos, que todos têm que ser muito competentes no que fazem. E nessa busca de sucesso e competência, na maioria das vezes sem sentido, pois ela ocorre de acordo com padrões que nos são alheios, cada pessoa se volta cada vez mais para si mesma – muito mais do que deveria ou normalmente faria.
Correndo e lutando para alcançar esse alvo, centrada em si, a pessoa não investe no outro, nos relacionamentos, nas pessoas: não há atenção, não há ajuda desinteressada e muito menos compromisso...  Há no máximo, um envolvimento casual. Logo, o esvaziamento das relações é completo.
A vida passa a ser uma representação patológica de papeis, onde os sorrisos e posições de neutralidade escondem as mazelas, as imperfeições e incoerências presentes em cada ser humano. Entretanto, quatro consequências desse comportamento são inevitáveis e bizarras.
A primeira é que quanto mais investe em si mesmo, mais carente a pessoa fica da atenção dos outros, pois o maior retorno deste tipo de investimento (em si mesmo) só tem sentido na vida em sociedade. Assim, para ‘evidenciar’ que se alcançou o sucesso, ou que se é competente, é necessária a presença e a atenção dos outros.
A segunda é a crítica generalizada ao ‘outro’, pois todos que não lhe dão atenção, que o criticam, que não lhe oferecem ajuda, ou que pensam diferente dele, são insensíveis, desagradáveis, egoístas ou ignorantes.
A terceira é que volta e meia o ego dele se irrita com toda essa representação, e a pessoa explode em arroubos de agressividade gratuita ou queixas infindáveis.
A quarta e última é a superficialidade nas relações, uma tradução do nosso comportamento para com as coisas transportado para o nosso relacionamento com as pessoas – pois é, com as coisas nosso relacionamento é na modernidade profundamente marcado pelo instantâneo – afinal, no mundo moderno, tudo é para já, tudo é para o ‘agora’ -, e pelo descartável, tudo é usado e descartado prontamente. Pois esse mesmo instantâneo e descartável já é utilizado nas relações entre as pessoas, fazendo com que usem umas às outras, sem nenhuma consideração, afetividade ou compromisso. Há saída para isso? Há soluções? Podemos viver de uma forma melhor que essa?

Frank Viana Carvalho

sábado, 26 de setembro de 2015

"Mídia E Consumismo... Que Infância Estamos Construindo???"

Mídia e consumo...  Que infância estamos construindo?
"Não Esqueça a minha Caloi". "Compre Batom". "Danoninho vale mais do que um bifinho"... Não é de hoje que os apelos publicitários interferem na formação de nossos filhos.
No Dia das Crianças nos sentimos compelidos a refletir. Que infância estamos construindo? As crianças sumiram das ruas, das praças e dos colos e se refugiaram nos shoppings ou nas telas.
"Filho, você comeu direito?". "Não esquece o casaco!". "Só mais uma história". "Já sei andar de bicicleta sem rodinhas!". Onde estão essas palavras?
Está cada vez mais difícil escutarmos o riso das crianças, assim como suas verdadeiras necessidades. Vivemos imersos em imagens e sons que nos atravessam sem nos pedir permissão. A palavra foi substituída pela imagem. A coleção, pela aquisição. A atenção, pelo presente. O medo do lobo mau, pelo medo da realidade. O abraço, pelo objeto.
O desejo, pela necessidade, e a criança, pelo consumidor -antes mesmo de se tornar cidadã. O ter prevalece sobre o ser. Esse é o tempo do consumo e da descartabilidade.
No Brasil, 12 de outubro convencionou-se como o Dia das Crianças, mas a que preço? O que de fato celebramos nessa data: a criança ou o consumo? Parece-nos que esse hábito é vivido pela maioria das famílias como um simples dever ao consumo.
O 12 de outubro foi proposto pelo deputado federal Galdino do Valle Filho em 1920 e oficializado como Dia das Crianças pelo presidente Arthur Bernardes em 1924. Porém, o dia passou a ser comemorado só em 1960, depois que a fábrica de brinquedos Estrela e a Johnson & Johnson criaram a Semana do Bebê Robusto. Um convite ao consumismo precoce. Se fôssemos comemorar realmente a criança, por que não fazer em 20 de novembro, data da aprovação da Declaração dos Direitos das Crianças?
No mês das crianças, a publicidade surge com força total. Quando vemos que o valor gasto no Brasil em publicidade dirigida ao público infantil, é absurdamente alto em relação ao valor do investimento no Programa Federal de Desenvolvimento da Educação Infantil, ficamos pasmos.
A publicidade participa da formação de nossas crianças tanto quanto a escola. O que é mais importante, esses objetos que prometem a felicidade ou a educação?
As crianças são desde cedo incitadas a participar da lógica de mercado.
A forma como são olhadas e investidas pelos outros passa pela cultura do consumo. As expectativas em torno do nascimento, a escolha do nome e dos objetos e a reorganização da casa circunscrevem o lugar social no qual se constituirão a identidade e os valores do bebê.
As imagens publicitárias dirigem-se às crianças, o que é extremamente abusivo, pois até os 12 anos não têm capacidade crítica de entender o caráter persuasivo das mensagens. Até os quatro anos as crianças não conseguem diferenciar publicidade de programas. Conforme pesquisa norte-americana, bastam apenas 30 segundos para uma marca influenciá-las. Se pensarmos que a criança brasileira passa em média cinco horas por dia em frente à TV, quanta influência da mídia ela sofre?
Esse problema se soma ao afastamento das brincadeiras. Quem precisa de dez sapatos, três bolsas ou saber usar batom? Os pais foram desautorizados do poder, ou melhor, do seu saber, e a mídia se ocupou do papel de transmitir os caminhos da infância. Porém, o mercado -mídia ou anunciantes- assumiu isso pensando no lucro imediato, e não nas crianças ou no futuro da nação. A infância não pode ser aprisionada pela falsa felicidade que a sociedade de consumo nos vende.
"Criança precisa de olhar, de palavras e de escuta. Precisa ter infância para ser criança"...  E os pais sabem o que é melhor para os filhos.
Nesse Dia das Crianças, troquemos o shopping pelo parque. Façamos brinquedos, em vez de comprá-los prontos. Troquemos as guloseimas pelo bolo feito no calor da cozinha.
Paremos para refletir. Olhemos para a infância que nos circunda e rememoremos nossa experiência infantil. Assim, talvez possamos subverter a ordem estabelecida do consumismo desenfreado e encontrar uma forma mais sincera de homenagearmos nossas crianças.

Lais Fontenelle Pereira

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

"Todo Homem... Mata Aquilo Que Adora"!!!

No entanto, todo homem mata aquilo que adora...
Que cada um deles seja ouvido.
Alguns procedem com dureza no olhar...
Outros com uma palavra lisonjeira.
O covarde fá-lo com um beijo, enquanto o bravo o faz com a espada!
Uns matam o próprio amor quando ainda jovens...
Outros o fazem na velhice.
Uns estrangulam com as mãos da luxúria...
Outros com a mão de Ouro.
O que é bondoso faz uso do punhal, porque a morte assim vem mais depressa.
Uns amam pouco tempo, outros demais...
Uns vendem, outros compram.
Alguns praticam a ação com muitas lágrimas e outros sem um suspiro,sequer.
Pois todo o homem mata o objeto do seu amor...
E, no entanto, nem todo homem é condenado à morte.

Oscar Wilde

terça-feira, 22 de setembro de 2015

"Tá Doendo?!? Então... Solta"!!!

Sabe quando você vive uma situação difícil, angustiante e que te incomoda?
Quando você não sabe o que dizer, o que fazer ou como agir para que a dor passe ou ao menos diminua?
Pois vou te contar o que tenho descoberto, por experiência própria!
Em primeiro lugar, observe a situação toda e, sobretudo, observe a si mesmo e os seus comportamentos.
Errou? Tente consertar e, de qualquer modo, peça desculpas!
Fez ou falou o que não devia? Explique-se, seja sincero, não tente esconder seu engano ou fingir que nada aconteceu... Valide a dor do outro, sempre.
Ta difícil conseguir uma nova chance? Dê um tempo. Espere...
Às vezes, algumas noites bem dormidas e alguns dias sem a imposição de sua presença ou a insistência de suas tentativas são preponderantes para que os sentimentos bons sejam resgatados e para que um coração possa ser reconquistado.
Por fim, fez tudo isso e não deu certo? Não rolou?
A pessoa até te perdoou, mas a massa desandou, a história se perdeu, os desejos esfriaram?!?
Você se sente inconformado, esmagado pelo arrependimento, atordoado pela tristeza do que poderia ter sido e não foi? Tem a sensação de que estragou tudo?
Não sabe mais o que fazer para parar de doer? Acredite, só tem um jeito: solta!
A dor é conseqüência de um apego inútil! Deixa ir... Deixa rolar...
Se você já fez o que podia fazer, tentou e não deu, confie na vida, confie no Universo e siga em frente. Pare de se lamentar, pare de se debater e de se perder cada vez mais, e tenha a certeza absoluta de que o que tiver de ser, será!
Quando essa certeza chega, é impressionante: a gente simplesmente relaxa e solta! E quando solta, a dor começa a diminuir, e a gente começa a compreender que está tudo certo, mesmo quando não temos a menor idéia de que “certo” é esse.
Mas quando menos esperamos, tudo fica absolutamente claro!
Não se trata de desistir, mas de confiar! Isso é o que se chama “FÉ”!
Isso é o que desejo a mim e a você, quando estivermos doendo...

Rosana Braga

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

"Amor É Fogo Que Arde"!!!


Amor é fogo que arde sem se ver...
 É ferida que dói, e não se sente...
É um contentamento descontente...
 É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer... 
É um andar solitário entre a gente...
É nunca contentar-se de contente... 
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade... 
É servir a quem vence, o vencedor...
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor... 
 Nos corações humanos a amizade...
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luis de Camões


domingo, 20 de setembro de 2015

"Filtro Triplo"!!!

Na Grécia Antiga, Sócrates detinha uma alta reputação e era muito estimado pelo seu elevado conhecimento. Um dia, um conhecido do grande filósofo aproximou-se dele e disse:
- Sócrates, sabe o que eu acabei de ouvir acerca daquele teu amigo?
- Espera um minuto - respondeu Sócrates - Antes que me digas alguma coisa, gostaria de te fazer um teste. Chama-se o "Teste do Filtro Triplo".
- Filtro Triplo?
- Sim - continuou Sócrates - Antes que me fales do meu amigo talvez fosse uma boa idéia parar um momento e filtrar aquilo que vais dizer. Por isso é que eu lhe chamei o Filtro Triplo.
E continuou:
- O primeiro filtro é VERDADE. Tens a certeza absoluta de que aquilo que me vais dizer é perfeitamente verdadeiro?
- Não - disse o homem - o que acontece é que eu ouvi dizer que...
- Então - diz Sócrates - não sabes se é verdade.
- Passemos ao segundo filtro, que é BONDADE... O que me vais dizer sobre o meu amigo é BOM?
- Não, muito pelo contrário...
- Então - continuou Sócrates - Queres dizer-me algo mau sobre ele e ainda por cima nem sabes se é ou não verdadeiro. Mas, bem, pode ser que ainda passes o terceiro filtro.
- O último filtro é UTILIDADE...
- O que me vais dizer sobre o meu amigo será útil para mim?
- Não, acho que não...
- Bem - concluiu Sócrates - se o que me dirás não é nem bom, nem útil e muito menos verdadeiro, para quê dizer-me?
Usemos o Triplo Filtro na nossa vida diária, cada vez que formos falar sobre alguém.

Sócrates

sábado, 19 de setembro de 2015

"Trem Da Vida"!!!

Há algum tempo atrás, li um livro que comparava a vida a uma viagem de trem.
Uma leitura extremamente interessante, quando bem interpretada.
Isso mesmo, a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros.
Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco : nossos pais. Infelizmente, isso não é verdade; em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível... mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser super especiais para nós, embarquem.
Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos.
Muitas pessoas tomam esse trem apenas a passeio. Outros encontrarão nessa viagem somente tristezas. Ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa. Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que, quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.
Curioso é constatar que alguns passageiros que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante o trajeto, atravessemos com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles... só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar.
Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas... porém, jamais, retornos. Façamos essa viagem, então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor, lembrando, sempre, que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, com certeza, haverá alguém que nos entenderá.
O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado.
Eu fico pensando se quando descer desse trem sentirei saudades ... acredito que sim. Me separar de alguns amigos que fiz nele será, no mínimo dolorido.
Deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos, com certeza será muito triste, mas me agarro na esperança que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram... e o que vai me deixar feliz, será pensar que eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.
Amigos, façamos com que a nossa estada, nesse trem, seja tranqüila, que tenha valido a pena e que, quando chegar a hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem a viagem.

Silvana Duboc


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

"Eu Sei Tudo De Você"!!!

Eu sei tudo de você. Assim resume-se a nova febre que acomete casais desconfiados, craques nas novas tecnologias.
Eu sei tudo de você: olho seu whatsapp, baixo seus e-mails, fuxico seu instagram, bisbilhoto seu facebook. E se der, gravo suas conversas e filmo os seus momentos. Aliás, não controlo só você, mas também seus parceiros, seus filhos, seus pais e seus amigos mais próximos.
Eu sei tudo de você e só sabendo tudo de você é que eu posso confiar e declarar meu amor. Chamo isto de transparência, posso aceitar descompassos, mas quero uma relação transparente, na qual tudo que você souber de você mesmo, eu também sei.
Eu sei tudo de você. Oh, quimera pós-moderna, ilusão dos inseguros.
Nada disto pessoinhas antenadas, nada de pensar que sua bisbilhotice vai lhes trazer maior conhecimento a respeito de quem quer que seja. Bons tempos aqueles nos quais as pessoas se envergonhavam de abrir uma gaveta alheia e quando bolsa de mulher e paletó de homem eram intocáveis. Agora, com a desculpa rala de ver uma foto ou de que seu celular estava tocando, os sherloquinhos conectados se permitem a incursões invasivas e indecentes.
Pensam que se a tecnologia está aí então é para ser usada, quando a ética reza o contrário: a existência da possibilidade não autoriza o seu uso.
Ademais, há um erro básico em imaginar que se conhece uma pessoa por colher informações supostamente secretas. Nenhum ser humano é traduzível em palavras, o mais essencial de nós mesmos não tem palavras, nem nunca terá.  Nem mesmo a própria pessoa sabe de si, é o que todos os dias verifico nos analisandos.
A psicanálise melhora esse conhecimento, mas não tem intenção de extenuá-lo. Aliás, se uma parte do tratamento visa o se conhecer melhor, outra, talvez a mais importante, visa dar condições à pessoa decidir sobre o que não conhece e que nunca conhecerá de si e dos outros.
Espera uma revisão, em nossos tempos, o conceito de traição e de fidelidade.
Não nos basta mais nos aferrarmos à velha divisão simplista e maniqueísta, do branco e do preto, do fiel e do infiel. O amor, especialmente na pós-modernidade, não se expressa em nenhuma moral de costumes. Amar é bem mais complexo do que o claro ou escuro. São as nuances que melhor rimam com os romances.
Alguém poderia perguntar por que nestes tempos pós-modernos, continuamos a presenciar crises de ciúmes apaixonadas. Embora pareça contraditório, não é. Exatamente porque vivemos uma época múltipla e flexível é que os ciúmes se acerbam como uma tentativa - falsa, sem dúvida - de acalmar a angústia da escolha.
Voltando, pesquisa recente afirma que 40% dos casos de traição na Itália foram provocados pelo whatsapp. Conclusão: jogar o celular pela janela? É claro que não. Só beneficiaria os fabricantes dos ditos cujos. Melhor jogar pela janela aquela pequeneza humana que não sabe diferenciar o que é da cena, com o que é da obscenidade. Explico: as pessoas acham que além da cena está escondida uma verdade maior, A Verdade maiúscula.
Ledo engano, um dos sentidos da palavra “obsceno” é exatamente “além da cena”. Assim, ir além da cena, do que está ali, visível, querer escarafunchar além, para ter mais segurança – como dizem – não trás nenhuma nova verdade...
É simplesmente obsceno.

Jorge Forbes

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

"O Lado Obscuro De Cada Um De Nós"!!!

Passou no seu casamento por aquilo que é quase um facto universal - os indivíduos são diferentes uns dos outros. Basicamente, constituem um para o outro um enigma indecifrável. Nunca existe acordo total.
Se cometeu algum erro, esse erro consistiu em ter-se esforçado demasiadamente por compreender totalmente a sua mulher e por não ter contado com o facto de, no fundo, as pessoas não quererem saber que segredos estão adormecidos na sua alma.
Quando nos esforçamos demasiado por penetrar noutra pessoa, descobrimos que a impelimos para uma posição defensiva e que ela cria resistências porque, nos nossos esforços para penetrar e compreender, ela sente-se forçada a examinar aquelas coisas em si mesma que não desejava examinar.
Toda a gente tem o seu lado obscuro que - desde que tudo corra bem - é preferível não conhecer.
Mas isto não é erro seu. É uma verdade humana universal que é indubitavelmente verdadeira, mesmo que haja imensas pessoas que lhe garantam desejar saber tudo delas próprias. É muito provável que a sua mulher tivesse muitos pensamentos e sentimentos que a tornassem desconfortável e que ela desejava ocultar de si mesma. Isto é simplesmente humano.
É também por este motivo que tantas pessoas idosas se refugiam na própria solidão, onde não serão incomodadas. E é sempre sobre coisas de que elas não desejariam estar muito cientes.
O senhor não é, obviamente, responsável pela existência destes conteúdos psíquicos. Se, apesar disto, ainda for atormentado por sentimentos de culpa, reflicta então sobre os pecados que não cometeu e que gostaria de ter cometido. Isto poderá eventualmente curá-lo dos seus sentimentos de culpa relativamente à sua mulher.

Carl Jung

terça-feira, 15 de setembro de 2015

"Saudades"!!!


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades...
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser...
Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro...
Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!
Daqueles que não tiveram como me dizer adeus; de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre!
Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter!
Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram.
Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências...
Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!
Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar.
Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade.
Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que... não sei onde... para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades, em japonês, em russo, em italiano, em inglês...
Mas que minha saudade, por eu ter nascido no Brasil, só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.
Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria, espontaneamente quando estamos desesperados... para contar dinheiro... fazer amor... declarar sentimentos fortes...seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples "I miss you" ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua, nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima corretamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas.
E é por isso que eu tenho mais saudades... Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida
e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis!
De que amamos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência...

Clarice Lispector

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

"Múltiplas Inteligências"!!!

Uma frente avançada das ciências, hoje, é constituída pelo estudo do cérebro e de suas múltiplas inteligências. Alcançaram-se resultados relevantes, também para a religião e a espiritualidade. Enfatizam-se três tipos de inteligência.
A primeira é a inteligência intelectual, o famoso QI (Quociente de Inteligência), ao qual se deu tanta importância em todo o século XX. É a inteligência analítica pela qual elaboramos conceitos e fazemos ciência. Com ela organizamos o mundo e solucionamos problemas objetivos.
A segunda é a inteligência emocional, popularizada especialmente pelo psicólogo e neurocientista de Harvard David Goleman, com seu conhecido livro A Inteligência emocional (QE = Quociente Emocional). Empiricamente mostrou o que era convicção de toda uma tradição de pensadores, desde Platão, passando por Santo Agostinho e culminando em Freud: a estrutura de base do ser humano não é razão (logos) mas é emoção (pathos). Somos, primariamente, seres de paixão, empatia e compaixão, e só em seguida, de razão. Quando combinamos QI com QE conseguimos nos mobilizar a nós e a outros.
A terceira é a inteligência espiritual. A prova empírica de sua existência deriva de pesquisas muito recentes, dos últimos 10 anos, feitas por neurólogos, neuropsicólogos, neurolingüistas e técnicos em magnetoencefalografia (que estudam os campos magnéticos e elétricos do cérebro). Segundo esses cientistas, existe em nós, cientificamente verificável, um outro tipo de inteligência, pela qual não só captamos fatos, idéias e emoções, mas percebemos os contextos maiores de nossa vida, totalidades significativas, e nos faz sentir inseridos no Todo.
Ela nos torna sensíveis a valores, a questões ligadas a Deus e à transcendência. É chamada de inteligência espiritual (QEs = Quociente espiritual), porque é próprio da espiritualidade captar totalidades e se orientar por visões transcendentais.
Sua base empírica reside na biologia dos neurônios. Verificou-se cientificamente que a experiência unificadora se origina de oscilações neurais a 40 herz, especialmente localizada nos lobos temporais. Desencadeia-se, então, uma experiência de exaltação e de intensa alegria como se estivéssemos diante de uma Presença viva.
Ou inversamente, sempre que se abordam temas religiosos, Deus ou valores que concernem o sentido profundo das coisas, não superficialmente mas num envolvimento sincero, produz-se igual excitação de 40 herz.
Por essa razão, neurobiólogos como Persinger, Ramachandran e a física quântica Danah Zohar batizaram essa região dos lobos temporais de ''o ponto Deus''.
Se assim é, podemos dizer em termos do processo evolucionário: o universo evoluiu, em bilhões de anos, até produzir no cérebro o instrumento que capacita o ser humano perceber a Presença de Deus, que sempre esteve lá embora não perceptível conscientemente. A existência desse ''ponto Deus'' representa uma vantagem evolutiva de nossa espécie humana. Ela constitui uma referência de sentido para a nossa vida.
A espiritualidade pertence ao humano e não é monopólio das religiões.
Antes, as religiões são uma das expressões desse ''ponto Deus''.

Leonardo Boff

sábado, 12 de setembro de 2015

"Correr Riscos"!!!

Rir é correr risco de parecer tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Estender a mão é correr o risco de se envolver.
Expor seus sentimentos é correr o risco de mostrar seu verdadeiro eu.
Defender seus sonhos e idéias diante da multidão é correr o risco de perder as pessoas.
Amar é correr o risco de não ser correspondido.
Viver é correr o risco de morrer.
Confiar é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de fracassar.
Mas os riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arriscar nada.
Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada.
Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não amam, não vivem.
Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade.
Somente a pessoa que corre riscos é livre!

Sêneca

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

"A Razão Da Tua Vida"!!!

Ninguém é dono da sua felicidade, por isso não entregues a tua alegria,  a tua paz, a tua vida, nas mãos de ninguém, absolutamente de ninguém. 
Somos livres, não pertencemos a ninguém e não podemos querer ser donos dos desejos, da vontade ou dos sonhos de quem quer que seja.
A razão da tua vida és tu mesmo... A tua paz interior é a tua meta de vida.
Quando sentires um vazio na alma, quando acreditares que ainda está faltando algo, mesmo tendo tudo, remete o teu pensamento para os teus  desejos mais íntimos e busca a divindade que existe em ti.
Para de colocar a tua felicidade, cada dia, mais distante de ti.
A razão da tua vida és tu mesmo... A tua paz interior é a tua meta de vida.
Não coloques objetivos longe demais de tuas mãos, abraça os que estão ao teu alcance, hoje.
Se andas desesperado por problemas financeiros, amorosos  ou de relacionamentos familiares, busca no teu interior a resposta para te acalmares, tu és o reflexo do que pensas diariamente.
Para de pensar mal de ti mesmo  e seja teu melhor amigo sempre.
Sorrir significa aprovar, aceitar, felicitar.
Então, abre um sorriso para aprovar o mundo que te quer oferecer o melhor.
Com um sorriso no rosto, as pessoas terão as melhores impressões de ti  e tu estarás afirmando para ti mesmo, que estás “pronto“ para seres feliz.
Trabalha, trabalha muito a teu favor.
Para de esperar a felicidade sem esforços.
Para de exigir das pessoas, aquilo que nem tu conquistaste, ainda.
Critica menos, trabalha mais.
E não te esqueças, nunca, de agradecer.
Agradece tudo que está na tua vida neste momento, inclusive a dor.
A nossa compreensão do universo, ainda é muito pequena para julgar o que quer que seja na nossa vida.

Aristóteles


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

"Ser Aquele Que Nascemos Para Ser"!!!

O privilégio de toda uma vida é ser aquele que nascemos para ser.
Precisamos estar dispostos a nos livrar da vida que planejamos, para podermos viver a vida que nos espera. A pele velha tem que cair para que uma nova possa nascer.
Quando nos deixamos guiar pela felicidade, nos posicionamos num tipo de caminho que sempre esteve ali, à nossa espera, e vivemos exatamente a vida que deveríamos estar vivendo.
E qual é a natureza do deserto? É uma terra onde todos vivem uma vida falsa, fazem as mesmas coisas que os outros fazem, do modo como lhes foi ensinado, sem que ninguém tenha coragem de viver sua própria vida.
O objetivo dos artistas é quebrar janelas nos muros da cultura local para a eternidade.
As oportunidades para procurar forças mais profundas em nós mesmos vêm quando a vida parece mais desafiadora.
Siga a sua bem-aventurança, lá onde há um profundo sentido do seu ser, lá onde seu corpo e sua alma querem ir.
Encontre a paixão da sua vida e siga-a, siga o caminho que não é caminho.
Quando tiver essa sensação, fique aí e não deixe ninguém arrancá-lo desse lugar. E portas se abrirão onde antes não havia portas e você sequer imaginava que pudesse haver.

Joseph Campell

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

"Entre os Mundos...Real e Virtual"!!!

Nosso mundo pós-moderno é fragmentado. Uma de suas expressões mais evidentes é o videoclipe. Enxurrada de flashes, vibrações acústicas, sons distorcidos.
Rompe-se a linearidade, enquanto a simultaneidade embaralha passado, presente e futuro. Tudo é simuladamente aqui e agora.
O Iluminismo, ancorado na literatura, cede lugar à digitalização frenética.
Mundo que carece de sentido. Forma que dispensa conteúdo. A performance do artista ultrapassa a arte que ele produz. Seu nome vale mais que seu desempenho. A valoração dá lugar à exaltação.
Einstein, que desnudou o mistério do Universo com suas equações, foi sucedido por Steve Jobs, que nos ofereceu maravilhas tecnológicas embaladas de refinamento estético, movidas à velocidade que desafia o cérebro humano.
Agora a alienação já não resulta de ideologias que distorcem a realidade para nos incutir a mentira como verdade. Basta que sejamos deslocados do real para o virtual. Somos seres que trafegam simultaneamente em dois mundos: o da realidade de nossas necessidades e o da virtualidade de nossos sonhos e desejos.
Trancados em nossos egos, avessos à sociabilidade, navegamos nas redes sociais que dispensam texto e contexto. Bastam vocábulos desconexos, abreviações, o balbuciar de sinais gráficos que nos conectam com a plateia global que, acomodada no teatro do mundo, desconectada do real, mantém os olhos fixos no palco vazio.
As grandes narrativas são deletadas por esse tempo desprovido de memória e utopia. O passado passou, o futuro é uma quimera... Só resta o presente que se sucede prisioneiro da circularidade infinita.
Ninguém ingressa em uma casa sem antes avisar ou ser convidado, marcar hora, identificar-se com o porteiro e justificar a espera e atenção.
No entanto, centenas de pessoas invadem, pelas redes sociais, o nosso espaço privado, ferem a nossa sensibilidade com ofensas e desaforos, desafiam os nossos valores, jogam-nos na vala comum das emoções cifradas. Tudo se assemelha a um jogo de pingue-pongue com rede, porém sem mesa.
Viciados em digitalização, aprisionados pela tecnologia que assegura retorno imediato ao capital, perdemos horas e horas da vida atirados ao ringue onomatopaico. Não navegamos, naufragamos. Deixamo-nos aprisionar pelas redes que nos favorecem a evasão de privacidade.
Ora, ninguém precisa mais se preocupar em invadir a nossa privacidade...
Nós mesmos nos expomos em rede global, arrancamos máscaras e roupas, escancaramos nossa indigência cultural e nossa miséria espiritual.
Como artefato tecnológico, somos também apenas uma forma. Um objeto jogado aleatoriamente no turbulento mar da dessignificação.
Escravos da virtualidade, acorrentados nas redes, não somos mais capazes de desligar o celular e de nos desligar dele. É ele que nos permite olhar o mundo pela janelinha eletrônica dessa prisão em que nos trancamos, cuja chave jogamos nas águas que cercam a ilha na qual nos isolamos, desprovidos de alteridade e sentido.

Frei Betto

terça-feira, 8 de setembro de 2015

"Alma Erótica"!!!

Querendo ou não, iremos todos envelhecer.
As pernas irão pesar, a coluna doer, o colesterol aumentar.
A imagem no espelho irá se alterar gradativamente e perderemos estatura, lábios e cabelos.
A boa notícia é que a alma pode permanecer com o humor dos dez, o viço dos vinte e o erotismo dos trinta anos.
Erótica é a alma que se diverte, que se perdoa, que ri de si mesma e faz as pazes com sua história...
Que usa a espontaneidade pra ser sensual, que se despe de preconceitos, intolerâncias, desafetos.
Erótica é a alma que aceita a passagem do tempo com leveza e conserva o bom humor apesar dos vincos em torno dos olhos e o código de barras acima dos lábios...
Erótica é a alma que não esconde seus defeitos, que não se culpa pela passagem do tempo...
Erótica é a alma que aceita suas dores, atravessa seu deserto e ama sem pudores...

Autor Desconhecido

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

"Lugar De Muitos Saberes"!!!

O que dá vida às escolas é o trabalho que nelas se desenvolve e as relações que ali acontecem em decorrência disso. Nesse sentido, as salas de aula são lugares privilegiados, mas é preciso pensar na vida que transcorre fora delas e que está estreitamente relacionada ao que ocorre no seu interior.
O papel de secretários, porteiros, jardineiros, serventes, faxineiros, merendeiras e da equipe de manutenção articula-se ao dos gestores, professores e alunos, constituindo parte indispensável e insubstituível do organismo escolar e conferindo àqueles que o executam características de educadores.
A especificidade da instituição revela-se nas atividades de todos os que nela trabalham e se relacionam.
Pode-se dizer, de certo modo, que o ambiente escolar é constituído de múltiplas educações. Na comunidade que se forma no interior da instituição e nas relações entre os sujeitos que dela participam, se entrecruzam e se influenciam diferentes saberes e vivências. Por isso, é preciso observar se a ética está presente nessa complexa rede de relacionamentos.
Muitas vezes, princípios considerados no vínculo entre "iguais" - aluno-aluno, professor-professor, gestor-gestor - são deixados de lado no contato com os outros membros da comunidade.
Do ponto de vista da ética, a relação é sempre entre iguais: são todos seres humanos, pessoas. Diferentes em seu jeito de ser, na forma como veem o mundo, nas funções que desempenham. Iguais em seus direitos, na sua dignidade...
Iguais na diferença - é isso que reclama o princípio ético da justiça.
Gosto de recorrer ao belo poema do dramaturgo alemão Bertolt Brecht Perguntas de um Trabalhador que Lê, que denuncia de forma contundente como tantas vezes não se consegue perceber a função dos diversos sujeitos na construção da história das sociedades.
No primeiro verso, Brecht questiona: "Quem construiu a Tebas das sete portas?"
E, a seguir, diz: "Nos livros está o nome dos reis". Então volta a indagar: "Terão os reis carregado as pedras?" Provocação importante para pensarmos na construção da vida escolar. Ao perguntarmos: "Quem concebe a Educação escolar?", deveríamos responder, criticamente: "Todos os que nesse ambiente desenvolvem parte de sua vida e ali se relacionam, ensinando, aprendendo, criando, partilhando conhecimentos, fazeres, valores e crenças. Todas as pessoas - únicas na sua identidade, iguais na sua humanidade".
O contrário da igualdade não é a diferença. É a desigualdade, algo que se cria no momento em que se rompe com os princípios éticos.
Há um grande desafio para os gestores na concretização da igualdade nas relações, no respeito à diversidade. Só assim se pode falar na criação de um espaço democrático. É uma provocação conviver com pessoas diferentes, de outro partido, de outra igreja, que gostam de um estilo de música diferente do nosso ou torcem para outro time. A democracia não exclui o conflito - ele faz parte dela -, mas busca criar condições para uma convivência em que exista o bem comum.
A Educação acontece em cada canto da escola, em cada momento, cada tarefa cumprida, cada descoberta, cada partilha, cada gesto de construção da vida que todos nós - diferentes e iguais - devemos buscar juntos.

Terezinha Azerêdo Rios


terça-feira, 1 de setembro de 2015

"Sartre E O Existencialismo"!!!


O que significa Existencialismo? O que Sartre, filósofo francês, quis dizer sobre a frase: “O homem está condenado à liberdade”? Muitas pessoas têm problemas ao interpretar essa frase e se perguntam: “Como pode estar condenado à liberdade quando ela própria nos põe em uma condição de liberdade?”. Contraditório, não?
Primeiramente, é bom salientar que Sartre além de ser escritor era um sujeito engajado nos movimentos sociais de sua época. Qualquer coisa de anormal que acontecia na França, as pessoas perguntavam a Sartre: “O que você pensa disso? Será que existe uma solução para tal problema?”.
Quando Sartre escreve: “O homem é um ser pelo qual o nada vem ao mundo”, o que quer dizer? Ele traz a seguinte interpretação: quando o ser humano nasce, nasce como um “nada” e aquilo que passa a ser é desenvolvido a partir de sua existência; a consciência de si mesma é produzida ao longo da existência.
Sobre: “Como pode estar condenado à liberdade quando ela própria nos põe em uma condição de liberdade?”. Qual é o significado? Simples! Sartre vai falar que o sujeito só tem essa condenação: a de existir. O resto é fictício.
Quando alguém diz: “Ah, não posso fazer tal coisa que eu gostaria de ter feito”. Você não pode ou você não quer? Na verdade, foi você quem procurou seu caminho!
Nietzsche escreve uma frase que tem tudo a ver com o Existencialismo:
"O andarilho e a sua sombra". Por que "a sua sombra"? Porque se você é existente, o que acontece? Vai junto a sua sombra. Projetando a sua posição em um dado referencial em que se encontra.
As decisões que tomamos são inseparáveis de nós mesmos por uma razão simples: quando alguém age de má fé diante das decisões, passa a ser um covarde.
Porque diz respeito àquela pessoa que sabe que escolheu o errado, mas não quer se responsabilizar pelas as suas decisões. Estará condenado, dentro da liberdade, pelas más escolhas que fez. Isso para o Sartre.
Então é bom ter cuidado quando vamos deliberar as nossas decisões.
Temos de ter a deliberação certa, mas aceitar as que falhamos.
Não existe uma Essência como uma forma de liberdade, uma vez que a própria liberdade está dentro do existir limitado.

Archidy de Noronha