Somos Anjos e Mestres!
Todos nós sabemos alguma coisa que alguém, em algum lugar, precisa aprender e, por vezes, nós mesmos recordarmos.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

"Lição De Moral... Carta De Natal À Presidente Do Brasil"

Meu nome é Ary Fontoura, sou brasileiro, tenho 81 anos, e exerço o ofício de ator. Acredito que, por também ser uma figura pública, Vossa Excelência tenha assistido algum dos meus trabalhos, seja no teatro, no cinema, ou na televisão. Visto que vivemos num país onde a liberdade de expressão é primazia, venho solicitar, através desta carta, me utilizando desta rede social, em nome de mais de duzentos milhões de brasileiros, a sua renúncia. Esforço-me, contudo, em explicar o meu pedido e, antes, permita-me algumas considerações.
Já vivi o bastante e ao longo de todos esses anos pude ver um grande número de presidenciáveis que, desde a Proclamação da República, seja por indicação direta das Forças Armadas, por movimentos revolucionários, por Golpe Militar, ou por voto direto, governaram este país. Assim como a Senhora, sobrevivi aos duros Anos de Chumbo e, confesso, fui um admirador dos companheiros, cujos ideais socialistas lutaram contra o Regime Militar. Mas, depois de todo esse tempo, ainda aguardo um grande Presidente para o nosso país. E acrescento que continuaremos sem tê-lo, enquanto houver um “telefone vermelho” entre Brasília e o Guarujá ou São Bernardo do Campo.
Em 24 de agosto de 1954, o Presidente Getúlio Vargas se matou em seu quarto com um tiro no peito. Na carta-testamento ele registrou: “Eu vos dei a minha vida. Agora ofereço a minha morte. Nada temo. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”, preferindo o suicídio a se submeter à humilhação que os adversários queriam com a sua renúncia.
Em 1961, o então Presidente Jânio Quadros, alegando “forças ocultas”, renunciou e disse: “Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior.
Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração”.
No próximo dia 1º, Vossa Excelência subirá a Rampa do Planalto em direção à governança. No entanto, a subida será solitária, ainda que partidária e com bases aliadas. Mas saiba que duzentos milhões de brasileiros, mais uma vez, subirão com a Senhora, na esperança de se desenvolverem como cidadãos, e de ascenderem coletivamente num país melhor. Por isso, reforço o meu pedido inicial de “renúncia”.
Como chefe maior dessa Nação, como Presidente ou Presidenta, renuncie à corrupção, aos corruptores, aos corrompíveis, aos corrompidos; renuncie à roubalheira política, aos escândalos na Petrobras; renuncie à falta de vergonha e aos salários elevados de muitos parlamentares; renuncie aos altos cargos tomados por ladrões; renuncie ao silêncio e ao “eu não sabia”; renuncie aos Mensaleiros; renuncie ao apadrinhamento político, aos parasitas, ao nepotismo; renuncie aos juros altos, aos impostos elevados, à volta da CPMF; renuncie à falta de planejamento, à economia estagnada; renuncie ao assistencialismo social eleitoreiro; renuncie à falta de saúde pública, de educação, de segurança (Unidade de Polícia Pacificadora não é orgulho para ninguém); renuncie ao desemprego; renuncie à miséria, à pobreza e à fome; renuncie aos companheiros políticos do passado, a velha forma de governar e, se necessário, renuncie ao PT.
Dizem que o Natal é uma época de trégua e que em Brasília a guerra só recomeça depois do Ano Novo. Para entrar na história, porém, não será necessário ser extremista como Getúlio e Jânio e renunciar a Presidência da República, mas será necessário não renunciar ao seu país, ao seu povo. Governe com os opositores, governe com autonomia. Faça o seu Natal ser particularmente inspirador e se permita que a sua história futura seja coerente com o seu passado, porque o brasileiro tem o coração cheio de sonhos e alma tomada de esperanças.

Ary Fontoura


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

" Materialismo Do Papai Noel E Espiritualidade do Menino Jesus"!!!!

Um dia, o Filho de Deus quis saber como andavam as crianças que outrora, quando andou entre nós,“as tocaca e as abençoava” e que dissera:”deixai vir a mim as criancinhas porque delas é o Reino de Deus”(Lucas 18, 15-16). 
À semelhança dos mitos antigos, montou num raio celeste e chegou à Terra, umas semanas antes do Natal. Assumiu a forma de um gari que limpava as ruas. 
Assim podia ver melhor os passantes, as lojas todas iluminadas e cheias de objetos embrulhados para presentes e principalmente seus irmãos e irmãs menores que perambulavam por aí, mal vestidos e muitos com forme, pedindo esmolas.
Entristeceu-se sobremaneira, porque verificou que quase ninguém seguira as palavras que deixou ditas:”quem receber qualquer uma destas crianças em meu nome é a mim que recebe”(Marcos 9,37). E viu também que já ninguém falava do Menino Jesus que vinha, escondido, trazer na noite de Natal, presentes para todas as crianças. O seu lugar foi ocupado por um velhinho bonachão, vestido de vermelho com um saco às costas e com longas barbas que toda hora grita bobamente:”Oh, Oh, Oh…olhem o Papai Noel aqui”. 
Sim, pelas ruas e dentro das grandes lojas lá estava ele, abraçando crianças e tirando do saco presentes que os pais os haviam comprado e colocado lá dentro. Diz-se que veio de longe, da Finlândia, montado num trenó puxado por renas. 
As pessoas haviam esquecido de outro velhinho, este verdadeiramente bom: São Nicolau. De família rica, dava pelo Natal presentes às crianças pobres dizendo que era o Menino Jesus que lhes estava enviando. Disso tudo ninguem falava. 
Só se falava do Papai Noel, inventado há mais de cem anos. Tão triste como ver crianças abandonadas nas ruas, foi perceber como elas eram enganadas, seduzidas pelas luzes e pelo brilho dos presentes, dos brinquedos e de mil outros objetos que os pais e as mães costumam comprar como presentes para serem distribuídos por ocasião da ceia do Natal. 
Propagandas se gritam em voz alta, muitas enganosas, suscitando o desejo nas crianças que depois correm para os pais, suplicando-lhes para que comprem o que viram. O Menino Jesus travestido de gari, deu-se conta de que aquilo que os anjos cantaram de noite pelos campos de Belém”eis que vos anuncio uma alegria para todo o povo porque nasceu-vos hoje um Salvador…glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa-vontade”(Lucas 2, 10-14) não significava mais nada.
O amor tinham sido substituído pelos objetos e a jovialidade de Deus que se fez criança, tinha desaparecido em nome do prazer de consumir. Triste, tomou outro raio celeste e antes de voltar ao céu deixou escrita uma cartinha para as crianças. Foi encontrada debaixo da porta das casas e especialmente dos casebres dos morros da cidade, chamadas de favelas. 
Ai o Menino Jesus escreveu:
- Meus queridos irmãozinhos e irmãzinhas, Se vocês olhando o presépio e virem lá o Menino Jesus e se encherem de fé de que ele é o Filho de Deus Pai que se fez um menino, menino qual um de nós e que Ele é o Deus-irmão que está sempre conosco.
Se vocês conseguirem ver nos outros meninos e meninas, especialmente nos pobrezinhos, a presença escondida do Menino Jesus nascendo dentro deles. 
Se vocês fizerem renascer a criança escondida no seus pais e nas pessoas adultas para que surja nelas o amor, a ternura, o carinho, o cuidado e a amizade no lugar de muitos presentes. Se vocês ao olharem para o presépio descobrirem Jesus pobremente vestido, quase nuzinho e lembrarem de tantas crianças igualmente pobres e mal vestidas e sofrerem no fundo do coração por esta situação desumana e se decidirem já agora, quando grandes, mudar estas coisas para que nunca mais haja crianças chorando de fome e de frio.
Se vocês repararem nos três reis magos com os presentes para o Menino Jesus e pensarem que até os reis, os grandes deste mundo e os sábios reconheceram a grandeza escondida desse pequeno Menino que choraminga em cima das palhinhas.
Se vocês, ao verem no presépio todos aqueles animais, como as ovelhas, o boi e a vaquinha pensarem que o universo inteiro é também iluminado pela Menino Jesus e que todos, galáxias, estrelas, sois, a Terra e outros seres da natureza e nós mesmos formamos a grande Casa de Deus, Se vocês olharem para o alto e virem a estrela com sua cauda e recordarem que sempre há uma Estrela como a de Belém sobre vocês, iluminando-os e mostrando-lhes os melhores caminhos.
Se vocês aguçarem bem os ouvidos e escutarem a partir dos sentidos interiores, uma música celestial como aquela dos anjos nos campos de Belém que anunciavam paz na terra...
Então saibam que sou eu, o Menino Jesus, que está chegando de novo e renovando o Natal. Estarei sempre perto de vocês, caminhando com vocês, chorando com vocês e brincando com vocês até aquele dia em que chegaremos todos, humanidade e universo, à Casa do Pai e Mãe de infinita bondade para sermos juntos eternamente felizes como uma grande família reunida. 
Belém, 25 de dezembro do ano 1. 
Assinado: Menino Jesus

Leonardo Boff

sábado, 20 de dezembro de 2014

"Não Procure... Ache"!!!

Mais uma vez, os planos!
O relógio da esperança, rodados mais 365 dias, pede que lhe seja dado nova corda. E aí recomeçam as tabelas dos desejos politicamente corretos, todos girando em torno às necessidades ditas básicas: trabalho, saúde, educação, família e entretenimento, palavra horrível para dizer diversão.
Temos o Natal, para corrigir o ano que passou, e ganharmos o que não realizamos, e logo em seguida o Ano Novo, para prometer o ano que virá.
É uma semana dedicada ao reequilíbrio total, tempo de férias coletivas das ansiedades, pois tudo fica certo, embora um tanto quanto chato, quando corrigimos o passado e comprometemos o futuro. Duro, com essa estratégia, é aguentar as outras 51 semanas. Vai ver que por isso 51 virou nome de cachaça.
Ao contrário dessa perspectiva de limpar o passado, se Papai Noel te trouxe bons presentes é porque você foi bonzinho,  e de arrolhar o amanhã em promessas desconfiadas, temos a possibilidade de melhor suportar as surpresas, os encontros do dia a dia. Surpresa não se planifica, é óbvio, mas da atitude frente a ela que possibilita ou impede que algo novo se dê, dessa podemos falar.
O psicanalista Jacques Lacan dizia para você mais olhar os pés de suas pessoas queridas, que aquilo que lhe é dito por elas. Os pés são mais efetivos que os ditos. E por que é assim é que tal qual os GPS vivemos corrigindo nossas rotas. Saio para o trabalho, encontro um amigo, corrigindo rota. Vou tomar um cafezinho com ele, corrigindo rota.   Chego atrasado, mudo a reunião, corrigindo rota. Fiquei livre para fazer o que não tinha tempo, corrigindo rota. E assim por diante, já deu para entender.
Estar aberto ao inesperado não significa de jeito nenhum se transformar em pau de enxurrada, aquele que vai se enganchando em cada acidente da correnteza, igual a quem não consegue se despedir e quando já está vindo para pouso arremete seu aviãozinho em nova conversa, não. Estar aberto ao inesperado diz de uma posição subjetiva de poder reconhecer, no sentido de legitimar, que coisas muito importantes na vida acontecem apesar de nós e dos nossos planos, e nos interpretam... Interpretam, pois quando topamos com elas e a elas dizemos sim, aí, ao achar é que se revela o que estávamos procurando.
Duas posturas, portanto, frente ao novo ano: servir-se dele para realizar suas decisões de hoje, ou se valer dele para se achar em seus desejos, mesmo que só de vez em quando.
A escolha é sua, os votos são meus: Feliz Ano Novo!

Jorge Forbes

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

"Entre Amigos"!!!

Para que serve um amigo?
Para rachar a gasolina, emprestar a prancha, recomendar um disco, dar carona pra festa, passar cola, caminhar no shopping, segurar a barra.
Todas as alternativas estão corretas, porém isso não basta para guardar um amigo do lado esquerdo do peito.
Milan Kundera, escritor tcheco, escreveu em seu último livro, "A Identidade", que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. Vai além: diz que toda amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos.
Verdade verdadeira. Amigos recentes custam a perceber essa aliança, não valorizam ainda o que está sendo construído. São amizades não testadas pelo tempo, não se sabe se enfrentarão com solidez as tempestades ou se serão varridos numa chuva de verão. Veremos.
Um amigo não racha apenas a gasolina... Racha lembranças, crises de choro, experiências... Racha a culpa, racha segredos.
Um amigo não empresta apenas a prancha... Empresta o verbo, empresta o ombro, empresta o tempo, empresta o calor e a jaqueta.
Um amigo não recomenda apenas um disco... Recomenda cautela, recomenda um emprego, recomenda um país.
Um amigo não dá carona apenas pra festa... Te leva pro mundo dele, e topa conhecer o teu.
Um amigo não passa apenas cola... Passa contigo um aperto, passa junto o reveillon.
Um amigo não caminha apenas no shopping... Anda em silêncio na dor, entra contigo em campo, sai do fracasso ao teu lado.
Um amigo não segura a barra, apenas... Segura a mão, a ausência, segura uma confissão, segura o tranco, o palavrão, segura o elevador.
Duas dúzias de amigos assim ninguém tem. Se tiver um... Amém.

Martha Medeiros

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

"Persiga Um Sonho"!!!


Persiga um sonho, mas não deixe ele viver sozinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!

Silvana Duboc


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

"Reencontros"!!!

Existem duas maneiras básicas de reencontros: o reencontro do mesmo e o do diferente. Reencontro do mesmo é querer sempre encontrar as mesmas coisas, no mesmo lugar, no mesmo jeito. É querer que o tempo não passe, que as ideias não mudem, que os desejos se apaguem. É querer ter um mundo de garantia no qual a aspiração do futuro é ser o passado, é ver o mundo pelo espelho retrovisor.
Reencontro do diferente é buscar na repetição o novo, o não visto, o não vivido. É o impacto que vem das situações não necessariamente novas, posto que reencontro, mas que não se esgotam em sua capacidade de surpreender.
São assim, por exemplo, as obras clássicas. Vemos muitas vezes um quadro de Van Gogh e sempre nos surpreendemos. Ouvimos várias vezes uma sinfonia de Beethoven e nos transcendemos. E também pode ser quando encontramos sempre aquela pessoa amada, que nos é sempre enigma, para quem buscamos palavras para expressar nosso amor e nos falta.
O reencontro do mesmo é triste, pouco criativo; é o reencontro do inseguro, da covardia. Ele gerou frases conhecidas, até simpáticas, tais como: “Em time que está ganhando não se mexe”. O reencontro do diferente, ou da diferença, é ousado, inventivo. É o reencontro com algo que sempre escapa, é um reencontro que pede novas descrições, onde tudo parecia evidente.
A canção composta por Isolda, eternizada por Roberto Carlos - “Outra Vez” - soube tocar no fundo da sensibilidade brasileira. É um dos bons exemplos, no nosso cancioneiro, de um reencontro do novo. Nela, “Você é a saudade que eu gosto de ter” é o verso que ninguém esquece. Nota-se o jogo do presente com o passado. “Você é” está no presente, enquanto “saudade” remete ao passado.
Por que emociona? Porque o desejo é nostálgico, costumeiramente temos a impressão de que “éramos felizes e não sabíamos”, daí valorizarmos o que nos provoca saudade.
Encontrar alguém que nos acalente com saudade parece paradoxal, mas não é não. Agradecemos quem possa nos fazer isso. Melhor, amamos quem nos permite esse tipo de reencontro. Reencontro que alude ao passado, mas inventa o futuro. Exatamente porque a nostalgia é vazia, é uma paixão triste, vem a resposta: “Resolvi te querer por querer”. O que está em jogo é um dizer “sim, eu quero” intransitivo, sem passado e sem futuro. Mesmo que um seja fonte e o outro seja alvo. É uma confiança na flexibilidade inventiva do presente, o que transforma “O mais complicado, no mais simples para mim”.
“Você foi o melhor dos meus erros” é uma declaração de que o que queremos reencontrar não é a verdade lúcida, mas a “mentira sincera” – Lacan concordaria dizendo que no final da análise se alcança a “verdade mentirosa”, vejam só.
“E é por essas e outras que minha saudade faz lembrar de tudo outra vez”. Precisa ainda explicar, ou já está sensivelmente claro? Se precisar, a compositora conclui em receita: “Só assim sinto você bem perto de mim outra vez”. Outra vez e outra vez e mais ainda outra vez, em reencontros que são as brincadeiras mais sérias que a alguém possa ocorrer.

Jorge Forbes