Somos Anjos e Mestres!
Todos nós sabemos alguma coisa que alguém, em algum lugar, precisa aprender e, por vezes, nós mesmos recordarmos.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

" A Inteligência E O Sentido Moral"!!!

A inteligência é quase inútil para aqueles que só a possuem a ela.
O intelectual puro é um ser incompleto, infeliz, pois é incapaz de atingir aquilo que compreende. A capacidade de apreender as relações das coisas só é fecunda quando associada a outras atividades, como o sentido moral, o sentido afetivo, a vontade, o raciocínio, a imaginação e uma certa força orgânica. Só é utilizável à custa de esforço.
Os detentores da ciência preparam-se longamente realizando um duro trabalho. Submetem-se a uma espécie de ascetismo. Sem o exercício da vontade, a inteligência mantém-se dispersa e estéril. Uma vez disciplinada, torna-se capaz de perseguir a verdade. Mas só a atinge plenamente se for ajudada pelo sentido moral.
Os grandes cientistas têm sempre uma profunda honestidade intelectual.
Seguem a realidade para onde quer que ela os conduza. Nunca procuram substituí-la pelos seus próprios desejos, nem ocultá-la quando se torna opressiva.
O homem que quiser contemplar a verdade deve manter a calma dentro de si mesmo.
O seu espírito deve ser como a água serena de um lago. As atividades afetivas, contudo, são indispensáveis ao progresso da inteligência. Mas devem reduzir-se a essa paixão que Pasteur chamava deus interior, o entusiasmo. O pensamento só cresce naqueles que são capazes de amor e de ódio. Exige, portanto, para além da ajuda das outras atividades da consciência, a do corpo.
Mesmo quando escala os degraus mais elevados e se ilumina de intuição e de imaginação criativa, precisa de uma armadura tanto moral como orgânica.
O desenvolvimento exclusivo das atividades afetivas, estéticas ou místicas produz homens inferiores, espíritos mesquinhos, estreitos, visionários.
Observamos muitas vezes exemplos destes, embora hoje todos disponham de educação intelectual. Não é necessária uma grande cultura da inteligência para fecundar o sentido estético e o sentido místico e produzir artistas, poetas, religiosos, todos aqueles que contemplam desinteressadamente os diversos aspectos da beleza.
Acontece o mesmo com o sentido moral e o raciocínio. Mas estas atividades quase se bastam a si mesmas. Conferem àquele que as possui aptidão para a felicidade. Parecem fortalecer todas as outras atividades, mesmo as atividades orgânicas.
Na educação, devemos ter essencialmente em conta o seu desenvolvimento, pois asseguram o equilíbrio do indivíduo. Constituem um elemento sólido do edifício social. Para os membros anônimos das grandes nações, o sentido moral é muito mais importante do que a inteligência.

Alexis Carrel