Somos Anjos e Mestres!
Todos nós sabemos alguma coisa que alguém, em algum lugar, precisa aprender e, por vezes, nós mesmos recordarmos.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O Filho do Homem...

Apareceu um homem, entre milhões de habitantes terrestres...
E esse homem veio tornar-se o centro da história da humanidade.
Não fez descobertas nem invenções, não derrotou exércitos nem escreveu livros, esse homem singular.
Não fez nada daquilo que a outros homens garante imortalidade entre os mortais, o que havia de maior era ele mesmo...
Pelo ano do seu nascimento datam todos os povos cultos a sua cronologia.
Possuia esse homem exímios dotes de inteligência, e infinita delicadeza de coração.
A sua vida se resume numa epopéia de divino poder e num poema de humano amor.
Havia na vida desse homem uma pátria e uma família, mas também exílio e uma solidão.
Havia inocentes com o sorriso nos lábios, e doentes com as lágrimas nos olhos.
Havia apóstolos e apóstatas...
Brincava nos caminhos desse homem a mais bela das primaveras, e espreitava-lhe os passos a mais negra das mortes.
Esse homem vivia no mundo, mas não era do mundo...
Quando chegou, "não havia lugar para ele na estalagem", e quando partiu, só havia lugar numa cruz, entre o céu e a terra.
Esse homem não mendingava amor, mas todas as almas boas o amavam...
Era amigo do silêncio e da solidão, mas não conseguia fugir do tumulto da sociedade, porque "todos o procuravam"...
Irresistível era o fascínio da sua personalidade, inaudita a potência das suas palavras...
Todos sentiam o envolvente mistério da sua presença, mas ninguém sabia definir  esse estranho magnetismo...
Era uma luminosa escuridão, esse homem...
Não bajulava a nenhum poderoso, e não espezinhava nenhum miserável...
Diáfano como um cristal era o  seu caráter, e, no entanto, é ele o maior mistério de todos os séculos...
Poeta algum conseguiu atingir-lhe as excelsitudes, filósofo algum valeu exaurir-lhe as profundezas...
Esse homem não repudiava Madalenas nem apedrejava adúlteras, mas lançava às penitentes palavras de perdão e de vida...
Não abandonava ovelhas desgarradas nem filhos pródigos, mas cingia nos braços a estes, e levava aos ombros aquelas...
Esse homem não discutia, falava simplemente...
Não esmiuçava palavras nem contava sílabas e letras, como os rabis do seu tempo, mas rasgava imensas perspectivas de verdade e beatitude...
Por isso diziam os homens, felizes e estupefatos: "Nunca ninguém falou como esse homem fala!"...
Para ele, não era o esquife o ponto final da existência, mas o berço para a vida verdadeira...
Por isto, vivem por ele e para ele os melhores dentre os filhos dos homens, porque adoram nesse homem o homem ideal, o homem-Deus...



Huberto Rohden