Somos Anjos e Mestres!
Todos nós sabemos alguma coisa que alguém, em algum lugar, precisa aprender e, por vezes, nós mesmos recordarmos.

domingo, 17 de março de 2013

"Crianças e Escolas...Futuro ou Passado"?


Quero falar sobre as crianças... As pequenas e as eternas crianças internas que todos nós temos.
Não quero defender a anarquia, pois sei que para um bom desenvolvimento do grupo precisamos de alguns limites. Mas quero, sim, desafiar nossos pensamentos e crenças a respeito de como permitimos que as crianças expressem sua criatividade e talentos naturais no ambiente onde elas passam metade do dia, 5 dias por semana, no mínimo.
Fico chocada com as escolas atuais que se dizem muito antenadas com o que existe de mais moderno na educação, mas ainda limitam o uso de canetas coloridas durante a aula ou pequenos desenhos nos cadernos de "lição".
"Liberdade" de expressão e criatividade, só na hora e lugar certo e do jeito que for permitido!
Ou nos convencendo de quão importante é o uniforme que "uniformiza" os gostos, estilos e cores, obrigando as crianças a seguirem um padrão de vestimenta que depois é revivida nas empresas e grupos, forçando a adaptação para a busca de aceitação. "Adapte-se e seja igual ou dê o fora!"
Que ao invés de feira de ciências, poderíamos ter uma feira de trocas, onde cada um traria o que não quer mais para trocar com um amigo e assim diminuiríamos muito o consumo desenfreado de brinquedos descartáveis que despertam o interesse das crianças apenas por poucos meses (quando tanto).
As notas e avaliações que ensinam e doutrinam a comparação com o outro (aluno) através de um julgamento de um terceiro (professor). Não seria mais lógico ensinarmos às crianças que o seu valor está dentro, e que comparações com o que está fora só nos leva à frustração? Que nada muda sua importância se uma é melhor que matemática do que a outra? E que se uma matéria é um desafio complexo, não muda quem você realmente é. Que o que realmente importa é aprender a gostar de estudar um assunto que realmente instigue e interesse você.
Que gramática não é mais importante que poesia.
Que química não é mais importante que música.
Que historia não é mais importante que desenho.
Onde a sabedoria do corpo (somática) fosse tão valorizada como a sabedoria da mente (cognitiva) e que se trabalhadas em conjunto seriam a melhor referência de sucesso possível.
E que a melhor coisa antes de iniciar uma aula é uma boa ginástica para integração dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro através de movimentos corporais e músicas! E que tão importante quanto ficar quietos para assistir uma aula é dar uma boa gargalhada para estimular sinapses cerebrais importantes para o aprendizado.
E que se elas não se comportarem adequadamente, iremos medicá-las com as drogas certas para que se enquadrem no que as escolas consideram correto.
Depois de todo esse esforço para padronizarmos e sufocarmos as nossas crianças queremos que se tornem adultos criativos, multi-tarefas, seguros e com boa autoestima, levem uma vida equilibrada com foco na saúde do corpo e tenham interesse em novos aprendizados para seu autoaperfeiçoamento.
Não posso mudar as escolas. Não é essa minha missão. Mas talvez seja a sua.
O que posso sugerir é que ao encontrarmos crenças como essas por aí, possamos ter a ousadia de questioná-las.
E que também possamos nos permitir um pouco mais de alegria e liberdade no cotidiano. Para as crianças pequenas e as internas.
Que você possa se lembrar do que gostava de fazer quando mais novo (a). Um talento, uma brincadeira, uma comida ou doce favorito, uma música que faz você viajar no tempo, um lugar, um amigo.
E que essas lembranças também possam ocupar um bom lugar na sua vida.


Nathalie Favaron