Do meu barro primeiro veio o homem... De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte... Vem o fruto e vem a flor.
Eu sou a fonte original de toda vida...
Sou o chão que se prende à tua casa... Sou a telha da coberta de teu lar...
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado e certeza tranqüila ao teu esforço...
Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador, e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.
Eu sou a grande Mãe Universal...
Tua filha, tua noiva e desposada.. A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.
A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu... Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho...
O algodão de tua veste e o pão de tua casa.
E um dia bem distante a mim tu voltarás...
E no canteiro materno de meu seio tranqüilo dormirás.
Plantemos a roça... Lavremos a gleba... Cuidemos do ninho, do gado e da tulha.
Fartura teremos e donos de sítios felizes seremos.
Cora Coralina