Somos Anjos e Mestres!
Todos nós sabemos alguma coisa que alguém, em algum lugar, precisa aprender e, por vezes, nós mesmos recordarmos.

sábado, 25 de janeiro de 2014

"Todo Adolescente... Tem Que Ser Um Aborrescente"???

De longe, todo jovem nessa fase parece um estressado...
Eles não estão satisfeitos com nada, reclamam de tudo e de todos, sentem-se incompreendidos e desconfortáveis com o corpo em transformação. Dessa forma, a grande maioria acha que a adolescência é na realidade, uma ‘aborrescência’, entretanto generalizar essa fase e ignorar a subjetividade de cada um, denota uma completa desvalorização de um dos mais sérios e difíceis períodos de desenvolvimento do ser humano.
A adolescência é uma fase única no desenvolvimento do sujeito e pode não ser tão facilmente vivenciada. Há uma óbvia necessidade em entender esse processo onde o indivíduo não é mais criança, mas também não é, ainda, um adulto.
Afinal, quem é o adolescente ?
Em primeiro lugar, vamos tentar definir adolescência, embora este conceito seja cultural, ou seja, nem todas as sociedades o possuem. No Brasil, por exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente define esta etapa como compreendida entre os 13 aos 18 anos de idade. Para todos os efeitos, vamos entendê-la como a fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a infância e a idade adulta. Caracterizando-se por alterações em diversos níveis - físico, mental e social - representando para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e papéis sociais do adulto.
Durante a adolescência, o jovem começa a rejeitar alguns valores de seus pais, suas ideias e seus controles e passa a estabelecer seus próprios limites.
Em certo sentido, esse é um processo positivo, é o estabelecimento de sua própria individualidade, seus princípios éticos, seus valores, suas ideias e suas crenças. O processo de estabelecer a própria identidade é um passo necessário para todo adolescente.
Em sua ansiedade de encontrar a resposta para essas inquietações, talvez reaja agressivamente contra a autoridade dos pais, como nunca havia feito antes.
As alterações hormonais que orquestram as mudanças corporais são responsáveis também por algumas mudanças comportamentais como agressividade, agitação, depressão, preguiça, oscilação de humor. Vale ressaltar que tais alterações sofrem influência direta do ambiente em que vive. É por isso que você, como pai ou mãe, deve ter a sabedoria necessária nesse momento para reconhecer que a reação de seu filho não é uma atitude pessoal contra você, mas parte de um processo normal que está se desenvolvendo no interior dele.
O psiquiatra Laurence Steinberg, pesquisador da Temple University, nos Estados Unidos (uma das maiores autoridades mundiais quando o assunto é comportamento juvenil) ressalta:  “Durante anos, limitamos nosso entendimento dessa etapa ao que ouvíamos de psicólogos que tratavam jovens e famílias que buscavam ajuda profissional em momentos de crise”. Agora, revendo dados sem nos limitarmos às famílias e aos jovens com problemas, percebemos que essa faixa etária é bem mais tranquila e produtiva do que os estereótipos nos faziam imaginar.”
Em outras palavras, a adolescência não precisa ser necessariamente marcada apenas por dificuldades, crises, mal-estares, angústias, pois ao se abandonar a atitude infantil e ingressar no mundo adulto, há uma série de acréscimos no rendimento psíquico. Nessa etapa ocupar o cérebro com atividades produtivas é fundamental até para que desenvolvam todo o seu potencial. É necessário enxergar e reconhecer os pontos positivos desta, afinal existem jovens que fazem coisas “maneiras” (leia-se : não apenas tirarem notas boas nas escola), como os que estão envolvidos em grêmios estudantis, projetos sociais, entre outras atividades...
Ou seja, é preciso compreender que essa pode ser uma fase tranquila e produtiva.
Um aliado nesse processo é a escola. As mais modernas já entenderam que dar autonomia ao adolescente em vez de cortar suas asas pode ser mais proveitoso. Além disso, especialistas destacam que nesta fase é importante que o adolescente se sinta protagonista do seu processo de autonomia, dono de suas atitudes e saber que existem as consequências. O adolescente não é tão avesso a autoridade como se propaga. A maior dificuldade do adolescente, entretanto, está em aceitar uma autoridade imposta. E quanto mais a faixa etária aumenta, as proibições e imposições devem dar lugar às conversas e negociações...
Ou seja, no cerne desse novo entendimento da adolescência está o convívio e o diálogo franco entre pais e filhos.
Cabe à sociedade compreender o mundo adolescente, para que possa servir de anteparo ao sujeito na travessia da infância para a vida adulta. Essa travessia guiada não deve ser pensada no sentido de conduzir o adolescente aos caminhos desejados pelos adultos, sejam eles pais, avós, tios, professores; a intenção é de estar ao lado, observar de longe e propiciar as melhores condições possíveis para o fortalecimento da subjetividade e construção da identidade desse ser em desenvolvimento físico, psíquico e social.
Deixar de lado o termo aborrescente pode ser o primeiro passo. Se você tiver paciência, enquanto seu filho busca se achar, seu relacionamento com ele se manterá dentro dos limites saudáveis e construtivos
Enfim, pai e mãe, ao olhar para o seu adolescente, lembre-se de que você também já foi um e que queria ser respeitado por seus erros e valorizado por seus acertos.

“... Sou uma gota d'água.. .Sou um grão de areia.
 Você me diz que seus pais não te entendem...
 Mas você não entende seus pais.”
“... É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã
 Porque se você parar pra pensar... Na verdade não há...”
(Legião Urbana)
Christiane Lima